Por mais que a decisão de um líder político seja de interesse público, principalmente quando se tem mandato – que não é o caso de Gisela Simona – e por isso, está sujeita a opiniões aleatórias e variadas, ao final prevalece o instinto de sobrevivência política, o que é natural.

Digo isso para arrefecer os debates acalorados travados no entorno da decisão que Gisela poderá tomar nos próximos dias, após o anúncio do resultado do 1º turno das eleições de Cuiabá e o início do 2º turno.

Compete exclusivamente a Gisela verificar se algumas das duas candidaturas têm pontos em comum com seus princípios e valores, assim como se o seu apoio pode contribuir para um futuro melhor para Cuiabá – apoiar simplesmente por apoiar não é uma opção, precisa ter convicção de que tal apoio é bom para a política e para a sociedade, porque creio que ela não faz política por vaidade, vingança ou pra ficar rica, como afirmou na própria campanha.

Ademais, o debate de opiniões sobre quem a Gisela apoiará (ônus -bônus) em geral faz parte de outras estratégias e interesses evidentes das duas torcidas organizadas que venceram o primeiro turno, no afã de influenciar o jogo político. São interesses legítimos, inclusive.

Costumo dizer que se metade dos cientistas políticos e analistas de grupo de WhatsApp que dizem estar extremamente preocupados com os danos em sua imagem e carreira, tivessem votado nela, teria, pois, vencido no primeiro turno a eleição.

Enfim, devagar com o andor que o santo é de barro.

Retirada essa fumaça tóxica que contamina o debate sobre o tema, não creio em absoluto que essa decisão vá acabar com a carreira da Gisela (que está ainda começando), pois a mesma saiu gigante do processo eleitoral, e, de acordo com a performance -negativa ou positiva- de quem ganhar pode ficar até maior politicamente nos próximos quatro anos.

A decisão de quem apoiar no segundo turno precisa ser dimensionada no tamanho de sua importância. Não se trata de um acordão de fechamento político entre velhos coronéis inimigos da política mato-grossense, como alguns queiram parecer. Muito longe disso.

A meu ver, as farpas entre ela e ambos os candidatos vitoriosos no primeiro turno de Cuiabá podem ser tranquilamente contornadas sem maiores danos ou carmas na sua evolução política numa agenda por Cuiabá, que é maior que isso tudo.

Aparadas as arestas entre ela e seu escolhido, em não havendo agendas espúrias e negociatas de cargos, loteamentos, reputo uma decisão muito tranquila, sem grandes impactos sobre sua imagem e carreira política, até porque Gisela não está na disputa eleitoral.

Uma coisa é fato: apesar de ter saído derrotada das urnas, a decisão de Cuiabá está parada à espera de sua escolha política, pois pode, desde que bem calibrada e direcionada, decidir em definitivo o jogo decisório da prefeitura.

Gisela virou o pêndulo, o fogo do juízo final e o fiel da balança dessa disputa, pois com um pouco de empenho pessoal pode transferir até 50% do seu capital político para onde seu cajado apontar.

Os 20% que votaram em Gisela e que não trilharam nenhum dos dois projetos que estão nessa disputa estão à sua espera ansiosos, com o remorso e o carinho de quem quer que ela seja preservada e siga adiante de cabeça erguida.

Gisela não perdeu as eleições, quem perdeu fomos nós por não tê-la na disputa do segundo turno.

Dito isso, por favor palpiteiros de plantão deixem a Gisela em paz e à vontade para tomar suas decisões livremente sobre qual melhor projeto para Cuiabá. Vamos preservá-la dos julgamentos nefastos e armadilhas políticas para que se decida livremente que rumo seus eleitores devem tomar. Um pastor não deve e não pode abandonar jamais o seu rebanho.

Ao menos isso devemos a Gisela depois dela ter lutado e perdido duas eleições seguidas, para que a frustração do jogo injusto e sujo da política não faça de uma vez por todas ela desistir de Cuiabá e dos processos políticos eleitorais, ou decida simplesmente “lavar as mãos” como fez Pilatos e voltar pra casa decepcionada para cuidar de sua família e seus três gatos de estimação.

Na campanha em que ambos os concorrentes à prefeitura, Emanuel e Abílio, disseram que é a batalha do “bem contra o mal”, a decisão de Gisela pode ser a água benta que batizará um dos vitoriosos. Esperemos então o “habemus papam” com parcimônia.

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Suelme Fernandes é professor de História. Siga no Instagram @suelmefernandes

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