Se Deus quiser, perderemos! E com a derrota virá uma revolta, alimentada na chama da arrogância, que durará até que sobrem apenas as cinzas da resignação. Aí sim voltaremos à ação, pois na vitória apenas confiamos e esperamos, soberbos.
Melhor distinguiremos os bravos dos covardes. Com a derrota, os covardes se unirão aos inimigos, enquanto os bravos se tornarão humildes e vigilantes.
Perderemos as ilusões que nos cegavam e voltaremos a agir. Qualquer um de nós irá peitar 300 dos inimigos, enquanto hoje um rato nos amedronta.
Sorridentes, colocaremos a mão na boca dos cães raivosos e zombaremos da sua fraqueza. A derrota nos trará autoconhecimento. Saberemos quais são os nossos limites – e com isso nos tornaremos indiferentes e invencíveis.
Com os pés na lama, ergueremos nossos olhos para o céu, enquanto hoje só olhamos para o nosso próprio umbigo. Não cairemos mais na cilada dos elogios recíprocos e da glória infame. Não mais nos seduziremos por discursos vazios.
Que a derrota venha, acachapante. Sairemos do lago do narcisismo e nos recordaremos para onde estávamos caminhando, antes que a vitória nos cegasse. Quem sabe até admitamos alguns de nossos erros.
Voltaremos a caminhar depois da queda. Em menor número, mas infinitamente melhores. E o inimigo vai reinar com medo. Fechará as cortinas do palácio e reunirá às escondidas sua turba. Todos os seus atos refletirão o medo que sentem de nós.
Venceremos se formos derrotados, ao passo que os vencedores reinarão derrotados. Que Deus não permita de novo a nossa vitória, pois ela será a nossa ruína!
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