Lucia Politi, psicóloga clínica que atua na modalidade online, destaca que atualmente enfrentamos uma distorção de gêneros em nossa rotina.
Uma das principais questões, conforme aponta a psicóloga, é a persistência da ideologia da masculinidade tóxica, que perpetua a crença de que homens são naturalmente dominantes e as mulheres, submissas.
Segundo Lucia, essa é uma perspectiva preconceituosa que afeta a ambos os gêneros, gerando debates intensos sobre seu impacto particularmente nas mulheres.
“A masculinidade tóxica não apenas traz consequências graves para as mulheres, mas também afeta seriamente os homens. Ele constrói uma expectativa irreal e prejudicial de que estes devem se adequar a um modelo estereotipado de masculinidade: serem fortes, dominantes, reservados e emocionalmente distantes”, ela explica.
“Desde a infância, os homens são condicionados a seguir esses ideais de superioridade”, destaca Lucia Politi. “Entretanto, se o objetivo é formar uma sociedade justa e equilibrada, é essencial encorajar os homens a questionar essas normas de gênero ultrapassadas e nocivas.”
A Ascensão do Pensamento “Redpill”
No ambiente digital, essa ideologia tóxica encontrou um campo propício numa corrente de pensamento conhecida como “Redpill”. Seus adeptos acreditam em uma suposta hierarquia masculina, na qual os homens são classificados como “alfa”, “beta” ou “ômega”, dependendo de sua personalidade e comportamento perante as mulheres.
Na visão “Redpill”, os homens “alfa” são líderes, dominantes e atraentes, enquanto os “beta” são considerados submissos e os “ômega” são vistos como os mais fracos e inseguros. Essas categorizações perpetuam estereótipos de gênero nocivos e reforçam a ideia de uma hierarquia entre homens e mulheres.
“No entanto, é importante salientar que a ideologia ‘Redpill’ é profundamente equivocada, pois se baseia em uma interpretação distorcida da masculinidade e não possui fundamento científico. Além de prejudicar o desenvolvimento de relacionamentos interpessoais saudáveis, ela também pode incitar e justificar a violência contra as mulheres”, esclarece a psicóloga.
Lucia Politi reforça a necessidade de desconstruir essas ideologias para que possamos edificar uma sociedade mais justa e igualitária. “Precisamos dar ouvidos aos especialistas e todos nós devemos tomar uma posição firme contra esses pensamentos e comportamentos danosos. Afinal, só rejeitando esses conceitos deturpados conseguiremos avançar para uma sociedade onde todos sejam tratados com dignidade e respeito”, concluiu.
Lucia Politi é psicóloga clínica, mestre em Análise do Comportamento, pós-graduada em Psicologia Forense e Jurídica e atualmente cursa pós-graduação em Sexologia.
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