Educação

Pós-pandemia: o Everest que o ensino em Mato Grosso terá que escalar

Avaliação de 2022 da Seduc indica início de recuperação do retrocesso pandemia nas escolas, mas a escalada é longa

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Pós-pandemia: o Everest que o ensino em Mato Grosso terá que escalar
(Foto: Assessoria / Governo de MT)

Os alunos da rede estadual de ensino em Mato Grosso podem ter começado a recuperar o prejuízo causado pela paralisação das aulas durante os meses de pandemia mais grave. É o que apontam os números extraídos do ano passado. Conforme a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), o nível de aprendizagem subiu 18,9%.

Um recomeço depois de 2020, ano que ficou marcado pelo abandono escolar e pela piora na qualidade do  aprendizado. O reflexo da pandemia no ensino em Mato Grosso foi classificado pelo próprio secretário de Educação, Alan Porto, como “trágico”. 

A pesquisa divulgada hoje (19), realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), é comparada ao resultado de 2021 do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira). No Ideb, o ensino básico teve média de 5,8 e o ensino médio, de 3,7. 

A avaliação do Ideb 

A avaliação do Ideb é calculada a partir de provas realizadas nas escolas de ensino fundamental e médio a cada ano. A pesquisa atribui notas médias de 0 a 10 por escolas, cidades e Estados.  

As notas seguem dois critérios: competência e habilidade. O aluno deve mostrar que absorveu as matérias aplicadas em sala de aula e capacidade intelectual de explorar o conteúdo, ou seja, lidar com os assuntos fora das caixinhas por disciplina. Quanto mais alto é o nível por série, maior é a nota.  

A pesquisa da FGV encomendada pela Seduc atribuiu média de 5,10 para o ensino no ano passado. Conforme a Seduc, a avaliação foi semelhante à aplicada no Ided. Porém, a nota média de comparação de saída foi 4,29. 

“Eu acredito que nós já estamos em recuperação daquilo que ocorreu na pandemia. Existe muita coisa para melhorar, mas esses números mostram que estamos no caminho certo. E temos uma avaliação do ensino de 2022 já no início de 2023, o que nos dará tempo para sabermos o que precisa ser melhorado”, afirma Alan Porto. 

Retrocesso do ensino em Mato Grosso

A situação que os professores terão de enfrentar é grave. Os alunos que permaneceram na escola no pós-pandemia sofreram uma espécie de “atrofiamento”. A avaliação do secretário Alan Porto é que houve recuo de quatro séries, tanto no ensino básico quanto no médio. 

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“O aluno que está no 5º ano está com nível de aprendizagem do 1º ano; aqueles que estão no 9º ano estão com nível de quem está no 5º. Os motivos são variados. Vão da evasão escolar, problemas emocionais na pandemia e dificuldades materiais”, comenta. 

As dificuldades estão no nível mais básico da aprendizagem, com destaque de baixa eficiência em língua portuguesa e matemática. A gravidade aumenta conforme os alunos chegam à reta final do ensino fundamental (básico e médio). 

A maior média da primeira etapa do ensino pela pesquisa da Fundação Getúlio Vargas está com o 4º ano (6,13); o 2º ano ficou logo em seguida (6,02). Nenhuma série, do 2º ao 9º ano, teve média abaixo de 5. 

A avaliação, contudo, piora nos 3 anos do ensino médio. Nenhuma das séries alcançou média acima de 4. O 1º ano teve nota de 3,94, o 2º de 3,46 e o 3º de 3,41. 

Esses números são já os mais atualizados. O Ideb identificou, em 2021, uma situação ainda pior. As 10 melhores escolas no país na avaliação têm nota média de 9,9.

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