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Polícia prende dono de fazenda onde funcionário dormia com ratos

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Polícia prende dono de fazenda onde funcionário dormia com ratos

Polícia Civil

Fazenda

 Polícia realizou operação na Fazenda São Lucas

A Polícia Civil prendeu, nesta quinta-feira (20), o advogado Robson Medeiros e o ex-sogro dele, Lelui Antonio Pertile Bombarda. 

No início do mês, uma operação policial encontrou pessoas em situações análogas à escravidão na fazenda São Lucas, pertencente ao advogado, em Colniza (a 1044 km de Cuiabá). Entre as vítimas, estava um homem com deficiência física e visual que vivia condições desumanas, segundo a polícia.

Os mandados de prisão foram expedidos pela Justiça Federal. O LIVRE enviou uma mensagem à mulher do advogado e aguarda contato.

Buscas e prisões

O advogado foi preso ao comparecer na delegacia. Sem saber da ordem judicial, ele foi até à unidade questionar ao delegado Edison Ricardo Pick quando seria ouvido na investigação. 

A Justiça Federal também expediu a prisão temporária, de cinco dias, contra o ex-sogro do advogado e condução coercitiva para a atual mulher do advogado.

Segundo a polícia, o advogado e o sogro são investigados por “indícios de crimes de sequestro e cárcere privado, redução a condição análoga de escravo, maus tratos e constranger alguém com intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se da condição de superior hierárquico”.

Foram realizadas buscas na casa e no escritório do advogado e na casa do ex-sogro. Também serão feitas buscas em outras duas fazendas: Fazenda Santo Anjo e Fazenda São Lucas, distantes mais de 100 km da sede do município.

Quarto com ratos

No início do mês, policiais da Delegacia de Colniza foram até a fazenda localizada no KM 09, sentido Guariba, onde encontraram o senhor J.P.R., vivendo em um quarto com ratos, próximo ao chiqueiro. O quarto ainda funcionava como um depósito para armazenamento de produtos agropecuários, rações e ferramentas.

Trabalhador encontrado na Fazenda São Lucas

 Trabalhador encontrado em fazenda (Imagens: Polícia Civil)

Segundo informou a polícia, a vítima ficou cega do olho esquerdo num acidente de trânsito em 2015 e teve que amputar uma perna devido a um grave ferimento causado enquanto tentava apagar um incêndio na propriedade.

O funcionário nunca teria tido a carteira assinada e receberia apenas moradia e comida pelos trabalhos prestados.

Ao LIVRE, o delegado Edson Ricardo Pick relatou o cenário. “Ele é portador de Hanseníase, não sente dores no corpo. Quatro meses atrás ratos roeram sua perna enquanto dormia. Ele só foi perceber ao levantar quando viu as poças de sangue no colchão”, revelou.

O delegado ressaltou ainda, que a vítima não tinha forças pra fazer a própria comida e esperava a ajuda dos demais funcionários para que pudesse comer. Na fazenda, segundo ele, há um banheiro adequado, mas que não podia ser usado, pois, os donos da propriedade deixavam trancado. “Ele era obrigado a tomar banho de mangueira atrás da casa ou na lagoa em meio aos animais”. 

Ao delegado, a vítima relatou que seus documentos pessoais estão há um ano com o ex-sogro do advogado para que pudesse dar entrada em sua aposentadoria. “Ao que tudo indica, isso não ocorreu. A situação é muito triste”, lamentou o delegado. Ainda segundo Pick, a vítima se encontrava neste sábado internada em observação no Hospital Municipal de Colniza. 

Polícia Civil

Fazenda São Lucas

 Imagens da operação da Polícia Civil

Outros trabalhadores 

No local, os policiais encontraram ainda outra família que trabalhava sem carteira assinada. De acordo com a PJC, a filha do casal, de 13 anos, contou que por várias vezes já foi convidada pelo patrão para ter relação sexual com ele e a sua esposa.

À polícia, a adolescente afirmou que o advogado chegou a dizer “que por enquanto não vai forçá-la por ser menor [de idade], mas depois que ela completar 14 anos não passa”.

“Os trabalhadores que quiseram sair, como é o caso dessa família, nós retiramos da propriedade, mas ainda ficaram funcionários lá”, explicou.

As testemunhas ouvidas pelos investigadores afirmaram que em outras fazendas do advogado, existem pessoas vivendo nas mesmas condições.

(Com informações de assessoria)

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