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Pecuaristas tiram dúvidas em relação ao mercado

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Pecuaristas tiram dúvidas em relação ao mercado

Gabriele Schimanoski/ O Livre

brasnorte

 

Do pequeno ao grande pecuarista de Mato Grosso, ação é palavra de ordem neste cenário de incertezas nunca visto antes no setor. Para entender o que ficou na cabeça do produtor e dos consumidores – depois da operação Carne Fraca -, a reportagem do LIVRE acompanhou, neste fim de semana, um dos trechos do Acrimat em Ação, que tem como objetivo levar conhecimento ao mesmo tempo em que faz um verdadeiro raio-x da atividade no Estado.

A rota escolhida contempla o Vale do Arinos e o Noroeste de Mato Grosso, juntas possuem 4,3 milhões de cabeças de gado, o que representa  14% do rebanho composto por 30,2 milhões de cabeças. A primeira parada foi Brasnorte (554 km de Cuiabá). Lá encontramos o pequeno pecuarista Salmon Godoy, que veio a convite do pai, Carmelito. “Meu pai participou da edição anterior e gostou muito”, contou.

Ambos chegaram no município em 1999, criam 230 cabeças e, até pouco tempo antes da palestra principal, disseram estar inseguros. “Estamos sem saber o que vai acontecer”, se referindo aos preços da arroba do boi.  A economista Mariane Crespolini, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA-Esalq/USP), explicou para pai e filho e outras 200 pessoas como transformar desafios em oportunidades. “O nosso pecuarista faz a lição de casa direitinho da porteira para dentro, mas precisa aprender a capitalizar melhor”.

Gabriele Schimanoski/ O Livre

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Ela utilizou um “case” atual: os preços praticados pelos frigoríficos na hora da compra depois da operação Carne Fraca. Com a queda drástica no número de abates, os poucos frigoríficos que mantiveram as operações dentro da normalidade passaram a praticar preços abusivos. Em Mato Grosso, por exemplo, em uma semana a arroba caiu cerca de 15%, passando de R$ 145 para R$ 125. Segundo ela, a orientação é ter calma. “Tem pasto? Ok, então espera uma semana ou duas”.

Para alívio de pai e filho, o pasto está bom e os animais podem permanecer por mais dias no propriedade. Até esta segunda-feira o frigorífico em operação mais perto dali era o de Diamantino, único que a JBS manteve em atividade no Estado. A unidade é uma das que reduziram em quase R$ 20 o preço da arroba. As demais unidades do grupo – que voltaram a operar hoje com capacidade ociosa de 70% – não estão comprando gado, por isso não foi divulgada a cotação atual. O Marfrig de Tangará da Serra, também havia baixado o preço em R$ 5 e empurrou o prazo de pagamento de 30 para 45 dias. Já o Frialto chegou a oferecer R$ 123 a arroba.

Para o diretor executivo da Acrimat, Luciano Vacari, o momento é de atenção. “Eu não posso pedir para vocês não venderem, mas vocês sabem quanto custa produzir”, alertou.

Gabriele Schimanoski/ O Livre

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Quem também compareceu ao Acrimat em Ação de Brasnorte foi um dos pioneiros do município, Antonio Papadiuk, que construiu o segundo barraco no município. Com 83 anos, ele segue na lida criando cerca de 400 animais. Ao lado esposa Lídia e da filha Márcia, veio conferir as novidades do setor que disse ter mudado muito nas últimas décadas. “Quando cheguei tínhamos apenas carne de caça, para fazer compra era preciso viajar durante três dias até Tangará da Serra”.

O pecuarista acompanhou o três ciclos do município, que começou com as madeireiras, depois pecuária e agora a chegada da agricultura, mas não larga da atividade. “Não tenho muitos animais mas é o que eu gosto”.

Dos quase 16 milhões de hectares, menos de 10% são utilizados pela pecuária, cujo rebanho chega a 400 mil cabeças, segundo o último senso agropecuário do IBGE. Para o prefeito Mauro Rui Heisler (PSD), o município com cerca de 18 mil habitantes é promessa no setor. “O maior gerador de renda é a pecuária e temos muito o que desenvolver e intensificar”.

Acrimat em Ação

Gabriele Schimanoski / O Livre

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A reportagem do LIVRE acompanhou os dois primeiros dias de evento da segunda rota, Brasnorte e Juara, em que 408 pecuaristas participaram. Nesta segunda, é a vez de Aripuanã (1050 km da capital) cujo rebanho chega a 500 mil cabeças. E no decorrer da semana será a vez de Colniza, Cotriguaçu, Castanheira e Juína.

O primeiro percusso contemplou a região do Pantanal e Oeste do Estado com a visita a seis municípios e 866 participantes. Ao todo, serão cinco rotas, passando por 31 municípios, os quais detêm 70% do rebanho bovino de Mato Grosso. Em sua sétima edição, o evento promove maior integraçao entre os produtores, conforme explicou o diretor técnico da Associação, Franscico Manzi. “Aqui captamos as necessidades de cada região e nos aproximamos da realidade no campo”, disse.

Para o produtor e presidente do Sindicato Rural de Brasnorte, Aldo Rezende Teles Júnior, o evento mantém o pecuarista atualizado e viabiliza o melhoramento da produção. “Sou a quarta geração de pecuarista e aprendemos que o certo é de um jeito e não mudamos isso, mas precisamos quebrar paradigmas”, disse. Segundo ele, que agora também trabalha com agricultura, é preciso calcular os custos e controlar oferta para manter a produção valorizada. “A palestra nos mostrou exatamente quanto custa, assim podemos melhor nossa produção”.

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