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Onça mata animais e causa temor em Leverger

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Onça mata animais e causa temor em Leverger

Ednilson Aguiar/O Livre

Polícia Ambiental

Polícia Ambiental tenta capturar onça no município de Santo Antônio de Leverger

Ele estava prestes a completar três anos de bons serviços prestados. Mesmo pequenino e atarracado, encarava qualquer invasor com destemor, fúria e disposição.

Naquela noite de domingo, porém, o destino pregaria uma peça no valente vira lata. Em vez dos cachorros franzinos da vizinhança, ele se viu diante de uma onça.

“Meu cachorro avançava em qualquer animal, mesmo que fosse maior que ele. Nunca deixava de cuidar do nosso quintal. Naquela noite, porém, eu abri a porta e ele entrou tremendo”, lembra o seu dono, o mestre de obras e comerciante Antônio Carlos Quadros.

Morador da zona urbana de Santo Antônio de Leverger (30 km de Cuiabá) há 30 anos, ele conta que jamais passou por sua cabeça a possibilidade de que a tremedeira fosse causada por algo além de outro cão.

“Depois de um tempo, eu o tirei para fora. E fui deitar. Pouco tempo depois escutei um grito de cachorro. Foi bem rápido e silenciou tudo”, conta.

Pela manhã, nem sinal do seu cão de guarda. Havia, isso sim, rastros estranhos por todo o quintal. Três dias depois, Antônio encontrou os restos dilacerados de seu animal.

Ao contar aos vizinhos a tese de um ataque de onça, Quadros foi alvo de desconfiança. “Até então, só eu e minha esposa estávamos acreditando, porque havia pegadas aqui. Mas aí um vizinho viu uma onça parda com o filhote”, relata.

Chamado a investigar a situação, o Batalhão Militar de Polícia Ambiental constatou que os indícios eram compatíveis com a presença do animal e organizou uma operação que há 15 dias tenta localizá-lo, capturá-lo e realocá-lo junto com o filhote.

“Nós conseguimos delimitar a área que ela vem atuando e, com essas informações bem definidas, traçamos uma meta para o uso de armadilhas”, explica o capitão Jean Carlo Holz, da Polícia Militar.

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A primeira armadilha foi instalada nesta semana, a cerca de 50 metros do local do possível ataque ao cão. O trabalho conta com a consultoria do biólogo e médico veterinário John Beaumont, um inglês radicado há dez anos em Mato Grosso.

“Essa é uma oportunidade raríssima para estudar o animal e descobrir o que está acontecendo”, avalia o especialista.

A armadilha é uma jaula de metal com uma porta que desaba ao primeiro toque em um forro falso na parte posterior.  Se necessário, a equipe conta com equipamento para sedação.

Ednilson Aguiar/O Livre

Polícia Ambiental

Armadilha para capturar a onça: objetivo é realocar o animal para habitat distante da zona urbana

“Existe a possibilidade de ataque ao ser humano, assim como as pessoas podem tentar caçar e matar o animal. Nossa atuação é fazer o manejo destes animais, levando-os para locais que também sejam do habitat natural, porém afastados da zona urbana”, relata.

Na região, não há apenas relatos de ataques a cães. Na propriedade do pecuarista Antenor Alves, mais de 100 animais foram mortos em ataques atribuídos a onças nos últimos três anos. “O prejuízo é muito grande”, lamenta.

Para o biólogo Beaumont, a presença de grandes felinos em áreas urbanas é uma consequência da destruição ou fragmentação de áreas onde havia oferta de caça. 

“Eles vêm para a cidade em busca de comida. O que os move é a necessidade de comer. Na periferia da zona urbana, muitas vezes podem achar criações de gado, cachorros e de galinhas”, diz.

Ednilson Aguiar/O Livre

Moradores do município de Santo Antônio de Leverger

Antônio Quadros com o cachorro que sobreviveu ao ataque

Até a conclusão desta reportagem, o trabalho não havia dado resultado. Na casa onde morreu o vira lata, ficou o medo de novos ataques e a saudade do animal de estimação, cujo nome seu dono garante que não era uma descrição literal: Pulguento.

“Perdemos um cachorro bom, e por descuido meu mesmo”, lamenta Antônio Quadros. “Se soubesse que havia um animal como esse por aqui, jamais teria deixado meu cachorro para fora de casa.”

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