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Obra de R$ 7 milhões continua abandonada em VG

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Obra de R$ 7 milhões continua abandonada em VG

Ednilson Aguiar/O Livre

Complexo Centro socioeducativo Várzea Grande

Gado ocupa a área como pasto

 

Uma obra abandonada, iniciada durante a gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que está travada e a cada dia se deteriora mais. Não estamos falando do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). A construção em questão é a do Complexo Socioeducativo de Várzea Grande, localizada no bairro Jardim Glória II, feita com R$ 7 milhões de recursos do governo federal e do governo do Estado. O local abrigaria um posto de saúde, dormitórios e refeitórios com capacidade para abrigar 50 adolescentes em conflito com a lei e com a família.

Lançada em 2010, a obra chegou a estar muito próxima de ser concluída, mas problemas com a empresa responsável, a Briaze Construtora, travaram os trabalhos. A empresa faliu, e a obra ficou. A última publicação do governo é uma portaria da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) de outubro de 2015 que prorrogava o prazo de uma Comissão Especial de Processo Administrativo instaurada para apurar a responsabilidade da empresa. Procurada, a Sejudh confirmou a existência do processo administrativo, mas não soube informar o resultado da apuração feita.

Ednilson Aguiar/O Livre

Complexo Centro socioeducativo Várzea Grande

Restos deixados por usuários de drogas podem ser vistos no local

Hoje, a situação é caótica. O mato tomou conta de toda a área e serve de pasto para bois e vacas. Para se locomover pelos três hectares do complexo, é preciso enfrentar uma pequena trilha aberta por moradores que dá acesso às casas que ficam no fundo da obra.

Oito prédios foram erguidos ali, dos quais quatro possuem cobertura. No interior de todos eles, existe água empoçada e infiltrada no chão, nas paredes e no teto. Não restou nenhum material de acabamento, das esquadrias das janelas às telas que cercavam o lugar. Há sinais de vandalismo por todo o lado. Os metais das travas das portas dos alojamentos, que só não foram levados porque ficam dentro da parede, por exemplo, estão todos enferrujados.

Ao entrar no que provavelmente seria a recepção dos dormitórios logo nota-se a presença de latas cortadas, restos de cigarros e a ossada de um animal que parece ser um cachorro. Um morador da região que se identifica como Robson Pescador conta que, de fato, o lugar tem sido ocupado por usuários de droga. Segundo ele, assaltantes se escondem no mato alto e nas ruínas do lugar para surpreender vítimas que passam pela rua.

“Hoje mais cedo vi um motoqueiro sendo assaltado. Ele vinha tranquilo aqui na rua, quando veio o outro rapaz, botou a arma, parou ele e levou a moto”, conta. Robson Pescador tem esperança de que a estrutura ainda possa ser utilizada para trazer algum benefício ao bairro. “A alvenaria está toda aí, está boa. Era só tampar e fazer alguma coisa para lazer”, sugere.

População levou o que dava
O vidraceiro Carlos da Costa Mota é vizinho do Complexo Socioeducativo e conta que viu o espaço chegar perto da conclusão, antes de ser paralisado e ter todo o material de acabamento levado.

“Faltava só colocar os vidros. E eu ia achar bom ter a obra aqui porque polícia ia ter toda hora, né? Você já viu passar o Pascoal Ramos no Cadeia Neles por causa de assalto?”, questiona o vidraceiro, referindo-se ao programa policial da televisão. Nos buracos das janelas, é possível ver as marcas da depredação. “Vinha nego e metia pau nas janelas aí”, conta.

Ednilson Aguiar/O Livre

Complexo Centro socioeducativo Várzea Grande

O vidraceiro Carlos da Costa Mota é vizinho da obra e viu caminhões levarem as telas que cercavam a área

Ele lembra ter visto caminhões estacionando no local e saindo carregados de materiais de construção arrancados do complexo. “Tem um primo meu que, na chácara dele, está cheio de tela que arrancaram daqui”, diz. “Normalmente você encontra por R$ 50 o metro quadrado da tela, aí o pessoal arrancava e chegava vendendo por R$ 20, R$ 25. Aí as pessoas compravam, né?”, lembra.

Atualmente, Mato Grosso conta com oito unidades socioeducativas para acolhimento de adolescentes infratores, com capacidade total para 175 internos. O maior deles, o Complexo Pomeri em Cuiabá, possui capacidade para 80 adolescentes em três centros, dois masculinos e um feminino, e tem 39 internos. As demais vagas estão distribuídas entre unidades presentes em Rondópolis (23), Cáceres (12), Barra do Garças (16), Sinop (12) e Lucas do Rio Verde (32).

 

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