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O Brasil que acabou na República

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O Brasil que acabou na República
Getúlio Vargas: um ministro da Fazenda que nada entendia de economia

A República e o Federalismo se uniram para derrubar a Monarquia, após o êxito da silenciosa e imposta “proclamação” da República, inaugurando tal Poder no Brasil. O primeiro presidente da República Velha foi um déspota militar, Deodoro da Fonseca, que aplicou o maior golpe político já visto: o Brasil, que dormia Monarquia, acordaria República.

De antemão, o governo de Deodoro propiciou choques de interesses políticos e exacerbou a crise econômica e política nacional, como por exemplo, a proposta empreendida pelo ministro da Fazenda do Governo Provisório, Rui Barbosa, que nada entendia de economia e permitiu o aumento da emissão de papel moeda, originando uma grave crise econômica. Com o fracasso da política econômica de encilhamento, o marechal acabaria renunciando ao seu mandado; tal ato fora exigido pelo almirante Custódio de Melo.

Recém proclamada a República, de imediato pôde-se notar que tal forma de governo poderia ter qualquer definição, exceto “coisa pública”. Enquanto no Império o princípio era amparar a nação, na República o princípio era amparar-se do povo. Durante os 67 anos de Império, a inflação foi de meros 1,58% ao ano; em contrapartida, na República, a inflação era de 20% ao ano, e emergiu como uma das mais nocivas catástrofes advindas da República, ocasionando sucessivas desvalorizações da moeda brasileira.

No entanto, grande parte dos apoiadores do golpe de 1889 inferiram ainda a tempo o demasiado imbróglio de que tinham feito parte. Não só a república, como também o presidencialismo seria um sistema de governo falho, posto que o mesmo só funcionou na terra de John Adams. Como manifestou Rui Barbosa, “o presidencialismo brasileiro não é senão a ditadura em estado crônico, a irresponsabilidade consolidada, a irresponsabilidade sistemática do Poder Executivo.”

Após o governo de outro déspota militar, Floriano Peixoto, autocrata que quis regular não somente todos os âmbitos da economia, como também da sociedade, seguiram-se desastrosos presidentes, especialmente o nono presidente da República Velha, Hermes da Fonseca, que entabulou o mais desastroso governo, sendo o primeiro chefe de Estado brasileiro que serviu como marionete de um político corrupto, o Pinheiro Machado.

Contanto, posteriormente ao fim do governo supracitado, foi restabelecida a política do Café com Leite, de tal modo que o Exército e os barões do café pactuaram em revezar o poder, tendo em vista o crescimento das regiões mais ricas do país (São Paulo e Minas Gerais). O sucessor da desdita de Peixoto foi Venceslau Brás, cuja política de intolerância e corte de gastos públicos balanceou a economia do país, auferindo aprovação da Casa Rothschild, credora do Brasil desde o Império.

Por fim, o último presidente da República Velha foi Washington Luís, que dentre as inúmeras façanhas cometidas em seu governo permitiu a criação do Partido Comunista Brasileiro, libertou os presos políticos, fechou presídios e ainda entregou a pasta da Fazenda a Getúlio Vargas, que admitia nada entender de economia.

Sua política econômica foi um fracasso, além de promover uma crise ao impor o paulista Júlio Prestes como seu sucessor, desrespeitando a alternância estabelecida na política do Café com Leite, que ora demandava um presidente mineiro. O último governo da República velha finalizou com um estado de sítio, o presidente fora deposto, e detido dois dias após deixar o Palácio da Guanabara.

Em resumo, a República destruiu o “plano de governo” que visava a estabilidade econômica e a consolidação das reformas necessárias que fora perpetuado na Monarquia, dando vez aos governos de quatro anos e à alternância periódica de partidos no poder, que seria tempo insuficiente para implementar qualquer reforma significativa que que visasse à prosperidade econômica.

Após uma Monarquia de glória, no Brasil fora perpetuada a República de ruína, como diria o 25º presidente da pátria do Tio Sam, Theodore Roosevelt. “Não entendo como se estabeleceu no Brasil uma República tendo os senhores um soberano tão filósofo, idealista e bondoso”.

De fato, desde o nascimento da República Brasileira, se desembaraçou uma série de golpes, marcados por políticas ríspidas, que acarretaram consequências políticas, sociais e econômicas até os dias de hoje, e o país ainda sofre com a instabilidade advinda da República Velha, além de problemas institucionais e legais.
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Rafaella Rabelo Canavarros Infantino é estudante de Direito, membro do Instituto Caminho da Liberdade – ICL/MT e aspirante à carreira diplomática.

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