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Moradores de bairro de Cuiabá esperam há 12 anos por internet fixa

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Moradores de bairro de Cuiabá esperam há 12 anos por internet fixa

Ednilson Aguiar/O Livre

 Residencial Sucuri

Residencial Sucuri, em Cuiabá: sem sinal de internet

Diferentemente da grande maioria dos bairros da zona urbana da capital, no Residencial Sucuri as crianças ainda brincam de pega-pega e usam os chinelos para simular o gol e jogar futebol na rua.

Os vizinhos colocam o papo em dia em frente às residências, sentados em cadeiras ou não. O vai e vem das bicicletas é constante. Às vezes, até dá para ver alguém mais velho ensinando alguém mais jovem a pedalar.

Talvez esse convívio nas ruas — que nos dias de hoje até parece coisa de um passado analógico — tenha relação com um mistério que ronda o bairro. No Residencial Sucuri, que fica a 10 minutos do centro da cidade, a internet fixa de alta velocidade não funciona. E ninguém sabe bem o porquê. 

“Já vieram pessoas nos vender serviço de telefonia com internet. Eu, inclusive, fui um dos que adquiriu. Veio o telefone, mas a internet, nada. Isso já faz cinco anos”, relatou o militar Eliseu Hurtado, presidente do bairro.

A dez minutos do Centro de Cuiabá, moradores do Sucuri têm que se virar com pacote
de dados de celular ou
com internet via rádio

Segundo ele, o argumento mais utilizado é de que “não há porta [ponto físico no qual podem ser feitas as conexões] disponível”, pois estariam ocupadas.

“O que é uma mentira, porque ninguém aqui tem internet. Falam isso para todos”, contou Eliseu.

Para tentar resolver o mistério, o militar acionou o Ministério Público Estadual (MPE), que, por iniciativa do promotor Ezequiel Borges de Campos, instaurou um inquérito para apurar a indisponibilidade do serviço de internet fixa no bairro. 

Ednilson Aguiar/O Livre

 Residencial Sucuri

Para não ficarem “ilhados”, moradores se viram com os dados móveis dos aparelhos de celular – afetados pelo sinal ruim da região – e, principalmente, com a internet via rádio


Enquanto o impasse não se resolve, os mil moradores (número estimado) do Residencial Sucuri se viram com os dados móveis dos aparelhos de celular – afetados pelo sinal ruim da região – e, principalmente, com a internet via rádio. Tudo para não ficarem “ilhados” na era digital.

Para converter o sinal de rádio em internet, uma antena é conectada a um modem. Este equipamento, por sua vez, transforma o sinal e o transmite para a placa de rede do computador. O grande problema, segundo os moradores, é a instabilidade e a lentidão.

“A gente vai ver um vídeo mais longo e tem que ficar parando. A cada dois minutos, trava. Aí temos que esperar carregar”, relata Eliseu.

E fica pior: “Quando chove, esquece, assim como quando acontece algum problema na torre. Aí a empresa que disponiliza o serviço não possui um 0800. Ligamos e ficamos sem crédito, é complicado”, reclama. 

“Eu gostaria de ver, por exemplo, como vai ficar essa matéria, mas não sei se conseguirei. Vai que no dia
não tem internet, né?”

O vendedor de peças Nildo Rodrigues da Silva, 35 anos, revelou que a Bi-Link, a responsável em viabilizar a internet via rádio, oferece pacotes de 2 megas e 5 megas, mas diz que a velocidade contratada nunca é atingida.

“Não foram poucas as vezes em que deixei de vender peças aos clientes porque não consegui fazer a pesquisa na internet”, afirmou. Procurada pela reportagem, a Bi-Link ressaltou que o serviço funciona normalmente e que eventuais problemas são exceção.

Sem notas fiscais

No mercado central, estabelecimento mais tradicional do bairro, Marilza de Oliveira, 55 anos, tem de lidar com as oscilações da internet via rádio todos os dias. “Nem sempre consigo enviar as notas fiscais para a Sefaz”, disse.

Apesar das limitações, a internet via rádio, frisa, “é bem menos pior do que os serviços da Brasil Telecom e da Vivo”.

“Até hoje, não sei porque não chega internet fixa aqui para o bairro. Estamos na área urbana e ao lado de um condomínio chique. Eu gostaria de ver, por exemplo, como vai ficar essa matéria que você vai publicar, mas não sei se conseguirei. Vai que no dia não tem internet, né?”. 

Ednilson Aguiar/O Livre

 Residencial Sucuri

Marilza: “Nem sempre consigo enviar as notas fiscais para a Sefaz”

 

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