Negócios

Monopólio de frigoríficos: ruim para o produtor, ruim para quem come carne

Três empresas tomam conta de 80% do mercado em Mato Grosso

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Monopólio de frigoríficos: ruim para o produtor, ruim para quem come carne
Imagem Ilustrativa (Foto: Sistema Famato)

Em Mato Grosso, existem pouco mais de 36 frigoríficos e 80% deles estão na mão de três grandes empresas, que foram aumentando sua atuação a partir de fusões e integrações. A redução do número de compradores, aliada à distribuição deficiente dessas plantas pelo estado, tornaram o produtor de gado “refém” do preço padrão, ditado pela maior compradora em quantidade.

O diretor-técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Francisco de Sales Manzi, explica que hoje o preço da arroba do boi gira em torno de R$ 250, sendo que só de custo de produção o pecuarista gasta mais de R$ 200 por arroba – o que deixa uma margem muito curta para sustentar o negócio.

Segundo Manzi, a situação pode ser ainda mais grave em algumas regiões em Mato Grosso, devido à distribuição deficiente dos empreendimentos pelo estado. Em Várzea Grande, por exemplo, existem cinco opções de frigoríficos; já no Vale do Araguaia inteiro, onde se concentra grande parte do rebanho bovino, existem apenas três frigoríficos – e todos da mesma empresa.

Isso impossibilita qualquer concorrência que possa favorecer o produtor – e sobretudo os pequenos e médios se vêem na obrigação de, muitas vezes, se desfazer do gado amargando prejuízos.

Monopólio também na produção

No campo de comercialização, entra no rol de itens considerados influenciadores do preço o fato de 78% da carne ser direcionada ao mercado nacional, a oferta de empresas frigoríficas e ainda a escala de abate em cada uma dessas empresas.

Cada planta tem um limite quantitativo de abate e, quando esta meta é alcançada, a remuneração ao produtor cai. E para piorar o cenário, explica Manzi, as empresas frigoríficas também estão entrando forte na área de produção de gado, tanto que, dos 10 maiores confinamentos do estado, sete são de grandes empresas.

Sendo assim, eles vão trabalhar primeiro como os animais deles e complementar com o que chega de outros produtores.

No médio prazo, quem vai pagar pela diminuição também na produção será o consumidor.

Mercado auto-regulador

Apesar da padronização de preços proposta pelos frigoríficos, os preços também são impactados pela demanda e, neste quesito, o diretor-técnico da Acrimat disse que o produtor tem boas notícias. Fatores externos à produção, como o aumento do emprego, a retomada da economia pós-pandemia e o 13º salário, apontam para um maior consumo interno nos próximos meses.

Outra questão que favorece o mercado é a retomada da compra de carne pela China. O país tem exigências específicas e se interessa por animais com 30 meses, tempo inferior ao tradicional e que exige investimento do produtor em tecnologia. Contudo, paga um percentual maior por arroba.

O diretor-técnico da Acrimat conta que, há algum tempo, a diferença era de quase R$ 50. Depois, caiu e se igualou ao patamar da venda interna. Agora, está voltando a subir gradativamente.

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