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Mato Grosso é penalizado pela falta de investimentos, diz economista

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Mato Grosso é penalizado pela falta de investimentos, diz economista

Ednilson Aguiar/O Livre

Paulo Roberto de Almeida

 

Mato Grosso é reconhecido como celeiro mundial na produção de alimentos, só nesta safra 2016/17 produzirá 25% da produção de grãos brasileira e está consolidado com um dos maiores fornecedores de soja para os mercados Asiáticos. Entretanto, segundo o mestre em planejamento econômico Paulo Roberto de Almeida, mesmo sendo um “player” importante para a alimentação mundial Mato Grosso não é reconhecido como deveria pelo governo brasileiro. “Falta infraestrutura e uma série de medidas em favor dos grandes investimentos no agronegócio”, disse.

Em rápida passagem por Cuiabá, o economista que também é diplomata e doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas, avaliou a importância do agronegócio mato-grossense para a economia do país. “O estado tem o que a China precisa, o que mundo precisa. Mato Grosso tem alimentos”, afirma. E ressalta que as dotações na região são as mais favoráveis para agronegócio. “Eugênio Gudan, economista, já falava isso”. À época, década de 50, Gudan era Ministro da Fazenda e tratava do atraso vivido na agricultura que, segundo o professor, só passou a ter avanços representativos nos anos 70 com a criação da Embrapa e a desestatização de programas de controle.

“Mato Grosso se tornou o celeiro do mundo, mas foi e ainda é um processo muito difícil para manter essa posição”. O estudioso critica a dificuldade de acesso aos financiamentos de safra. Lembra que apenas uma ou duas instituições bancárias detém os valores e cobram juros altíssimos para financia-los. “O capital no Brasil é muito caro para quem produz”. Neste ciclo, o governo federal anunciou por meio do Ministério da Agricultura R$ 183,85 bilhões para custeio, comercialização e investimentos. Mas, segundo dados do próprio Mapa, faltando apenas dois meses para concluir o ano agrícola 2016/2017 pouco mais da metade dos recursos R$ R$ 104,5 bilhões (57%) foram adquiridos.

Concessões

A sugestão do estudioso para que a soja mato-grossenses assim como os demais itens produzidos aqui sejam competitivos é deixar grandes obras estruturantes nas mãos da iniciativa privada.  “A nossa soja da porteira para dentro é muito mais competitiva do que a soja americana, mas a soja de lá chega no porto de Luisiana com um preço melhor. A nossa vai por caminhão, transporte ineficiente, que onera a produção”, explica. E reforça a ideia de ferrovias e hidrovias no estado serem concedidas a tradings ou grupos estrangeiros como é o caso da chamada Ferrogrão em que um grupo de empresas tem interesse na execução da obra. “O Brasil e Mato Grosso sem dúvida são penalizados pela falta de investimento”.

Para ele o caminho para a retomada da economia e incentivar a pujança do agronegócio é o liberalismo. “Não entendo esse protecionismo todo. A China é uma país muito mais livre que o Brasil”.

Mão-de-obra

Arquivo pessoal

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Cheime Santos está no grupo dos trabalhadores informais no campo em Mato Grosso

Entre as ações do governo federal que o economista repudia está a criação do Bolsa Família. Segundo ele, o benefício não representa tanto no orçamento, mas, causa danos psicológicos em meio a trabalhados que antes estavam na agricultura de subsistência ou na agricultura volante. “Esse trabalhador não vai querer ser regularizado, pois, perderia benefício. Isso quer dizer que o produtor rural pagará muito mais caro para que tenha essa mão-de-obra. É mais um investimento alto que acaba inviabilizando a produção em termos de preço no mercado internacional”.

O efeito disso, segundo Paulo Roberto, é que o agricultor se vê obrigado a capitalizar e investem em máquinas mais modernas para que este tipo de mão-de-obra seja substituída. “Nós criamos uma Argentina inteira no cartão magnético e isso é um efeito muito danoso tanto no campo do mercado de trabalho quanto no plano da psicologia, fomentando a mentalidade assistencialista e reivindicativa”, declara.

Ao ser questionado pela reportagem se o país “teria jeito” o doutor disse que sim, mas que talvez precisasse de uma crise muito maior para que verdadeiras reformas fossem concretizadas, assim como a reforma política e a trabalhista rural. “A sociedade brasileira enveredou por um caminho de diretos e poucas obrigações, que torna inviável a atividade produtiva”, disse.

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