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João Sebastião, Nilson Pimenta e Osvaldina Santos são homenageados em exposição

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João Sebastião, Nilson Pimenta e Osvaldina Santos são homenageados em exposição

Três artistas plásticos se entregaram e modificaram o cenário artístico de Mato Grosso. Um negro, uma negra e um homossexual ultrapassaram entraves financeiros, levantaram exposições em galerias nacionais e internacionais e a visibilidade na mídia, em livros e na crítica especializada.

Seus dias, empenhos e afetos foram práticas artísticas que carimbaram a cultura mato-grossense. Para render a devida homenagem aos três ícones das artes plásticas regional, uma série de admiradores, alunos e amigos se juntaram num tributo em forma de exposição.  “Na mão junto ao peito”, abriu ontem na Galeria da Casa do Parque e fica em cartaz até o dia 27 de julho, com visitações gratuitas, das 8h às 23h, horário de funcionamento do estabelecimento.

A exposição foi idealizada para se corrigir uma injustiça, apesar de hoje suas impressões, alusões, traços, cores e reivindicações decorarem as paredes dos mais altos pés-direitos de Cuiabá. Os três serviram a classe dominante, mas não conquistaram respeito estatal depois que faleceram, nem na comemoração de seus nomes na memória cultural, muito menos na manutenção de suas obras e ateliês, com a qualidade que merecem.

Os três também seguiram o caminho de arte-educadores. João, Nilson e Osvaldina forneciam cursos sobre as técnicas que conheciam e indicavam possibilidades de mercado para os aprendizes.

Resgatar a importância de suas obras para as artes visuais foi um dos principais motivadores da exposição. “Memória é, antes de tudo, produção de futuro. Não se vai ao passado. Inexiste o resgate do tempo que passou. Desse ponto de vista, nenhum tempo se perdeu. Nilson, Osvaldina e João. Não apenas intérpretes de um tempo, mas construtores deste. Observar e celebrar a obras desses artistas é perceber a atuação do movimento de artes plásticas que ganhou corpo no Museu de arte e Cultura Popular, como também visualizar como sujeitos que se encontravam às margens da cultura artística passaram a estabelecer um recorte temático. Colocaram cores, formas e um gestual político atualizado. Por isso serão sempre lembrados: são produtos do seu tempo, pois o viveram de maneira intensa. Talvez, mais do que ter vivido, eles fizeram/teceram o seu tempo, que é também o nosso”, afirmou Luiz Gustavo Lima, professor e pesquisador.

Osvaldina Santos (1931-2010)

A artista plástica morreu aos 79 em casa em 2010. Ela sofria de Mal de Alzheimer e dedicou 40 anos da sua vida à cultura, o restante foi destinado à educação. Nascida em 1931, Osvaldina exerceu o magistério dos 19 aos 46 anos. Quando pensava em se aposentar como professora primária descobriu as artes plásticas como nova atividade. Recebeu premiação no Salão Jovem Arte Mato-grossense, com a tela “São Benedito”. Em 1983 foi premiada no VI Salão Nacional de Artes Plásticas e diversos prêmios em salões no interior de São Paulo, além de vencer, em 1989, a Concorrência Fiat, com o conjunto de telas homenageando os casarios.

João Sebastião (1949 – 2016)

Nasceu em Cuiabá em 1949, foi pintor, desenhista, figurinista e professor. Iniciou os seus estudos de pintura com Bartira de Mendonça, em 1965, em Cuiabá. Em 1969, começou a frequentar o ateliê do artista Humberto Espíndola, em Campo Grande.  As obras de arte de João Sebastião trazem elementos e cores da cultura mato-grossense. O artista atuou no campo das artes plásticas por mais de 40 anos e expôs suas obras nos principais museus de arte do país e do mundo.

Nilson Pimenta (1957 – 2017)

Desde o início de sua carreira destaca-se como artista naïf, recebendo diversos prêmios em salões. Aprendeu desenho de forma autodidata. Após 1978 se estabeleceu em Cuiabá, aprimora o desenho e inicia-se na pintura, em ateliê sob orientação de Aline Figueiredo e Humberto Espíndola. Em 1981 torna-se orientador do Ateliê Livre do Museu de Arte e Cultura Popular da Universidade Federal de Mato Grosso. O artista plástico faleceu na tarde deste sábado, 23 de dezembro, depois de sofrer uma parada cardíaca, em Cuiabá.

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