Ednilson Aguiar/O Livre
O deputado estadual Jajah Neves (PSDB) e o secretário de Estado de Cidades, Wilson Santos, já foram intimados pelo Ministério Público Estadual (MPE) a prestar esclarecimentos a respeito do áudio, gravado pelo jornalista Arthur Garcia, em que o deputado afirma devolver ao secretário sua VI (verba indenizatória). A audiência será realizada na próxima quarta-feira (31), divididas em depoimentos pela manhã de um deles e pela tarde, do outro.
O LIVRE teve acesso ao documento digital que foi enviado na manhã desta sexta-feira (26) aos políticos. Parte dos investigadores envolvidos no processo já começou a levantar dados a respeito do caso e, até o momento, encontraram transações suspeitas envolvendo o nome dos dois, que poderiam ser a devolução desses valores. Essas transferências, ao que tudo indica, seriam feitas via bancos, deixando rastros, e não por meio de dinheiro vivo.
No áudio, divulgado inicialmente no dia 11 de janeiro, Jajah Neves diz ao repórter que todo mês repassa as verbas para Wilson Santos – que é o titular da vaga assumida por ele como suplente. “Suplente, sem conseguir meter uma nomeação. Cai a VI [Verba Indenizatória] eu tenho que devolver para o Wilson se não ele começa a me ligar três dias antes de cair. Ele já me liga cobrando a VI mesmo”, disse o deputado na gravação.
Agora, ele terá de esclarecer aos investigadores como é esse processo. Caso seja confirmada a versão inicial, Wilson Santos terá que devolver o dinheiro e também poderá ser processado por improbidade administrativa.
Os R$ 65 mil pagos a cada um dos deputados estaduais serve para, em teoria, custear as atividades parlamentares. No caso de Jajah, que é suplente, a verba estaria sendo repassada a Wilson Santos – ele se licenciou da Casa para assumir a Secretaria de Estado das Cidades (Secid).
Histórico
A polêmica sobre a verba começou em maio do ano passado, quando a deputada Janaína Riva (PMDB) acusou Jajah de devolver a verba a Wilson. Na época, Jajah Neves prometeu levar o caso ao MPE, mas não o fez.
Em nota publicada na semana passada, logo que o primeiro áudio editado foi divulgado, o deputado classificou a peça como “pirata”, mas não negou que fosse ele a pessoa gravada. O parlamentar afirmou que nunca lhe foi solicitada a devolução da verba.
Jajah chegou a pedir ao professor da Unicamp Ricardo Molina, perito em fonética forense, para avaliar o material. Nesse pedido, como revelou o LIVRE, ele não solicitou uma perícia a respeito da autenticidade da voz.