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Gaeco diz que teve telefone grampeado ilegalmente

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Gaeco diz que teve telefone grampeado ilegalmente

Ednilson Aguiar/O Livre

Fachada do Ministério Público do Estado

 

O caso dos grampos ilegais ganhou mais um desdobramento nesta quarta-feira. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), um de seus telefones foi alvo do suposto esquema operado por policiais militares ligados à cúpula do governo de Mato Grosso. O número era utilizado por uma oficial da Polícia Militar que estava à disposição do Gaeco e foi incluído em uma decisão do juiz da 3ª Vara Criminal de Cáceres, Jorge Alexandre Martins Ferreira, em 1º de outubro de 2015.

Segundo o coordenador do Gaeco, o promotor de Justiça Marcos Bulhões, o telefone era utilizado em atividades de inteligência do órgão. O comunidado do Ministério Público lembra que, à época das interceptações, havia quatro grandes operações em andamento no Gaeco:

– Metástase, que investiga corrupção na Assembleia Legislativa ligada ao ex-deputado José Riva (sem partido)
– Chacal, que apura o roubo de uma aeronave, tráfico de drogas e outros crimes
– Seven, sobre possível lavagem de dinheiro em uma desapropriação feita na gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB)
– Rêmora, que trata de desvios de recursos públicos na Secretaria de Estado de Educação no início do governo de Pedro Taques (PSDB)

Bulhões enviou, nesta quarta-feira (24), um ofício ao procurador-geral de Justiça, Mauro Curvo, e ao corregedor-geral do Ministério Público, procurador Flávio Fachone, relatando os fatos.

“Solicitamos ao procurador-geral de Justiça que encaminhe as informações levantadas com urgência à Procuradoria-Geral da República, considerando que os fatos estão sendo investigados por lá. Também informamos ao corregedor-geral que está sendo finalizada uma auditoria interna dentro do Gaeco e que o resultado será apresentado em breve para apreciação e adoção das providências cabíveis”, afirmou Bulhões.

Barriga de aluguel
O esquema chamado de “barriga de aluguel” foi denunciado pelos procuradores Mauro Zaque e Fabio Galindo, que à época eram secretário e secretário-adjunto de Segurança Pública do Estado e veio à tona no último dia 11. Policiais militares investigavam crimes relacionados ao tráfico de drogas na região de Cáceres e incluíram números de pessoas que não tinham relação com os crimes em grampos.

O caso teve início no período eleitoral de 2014, quando o governador era Silval Barbosa (PMDB), e continuou em 2015, já na gestão de Pedro Taques (PSDB). Foram interceptados telefones da deputada estadual Janaína Riva (PMDB), do desembargador aposentado José Ferreira Leite, do advogado eleitoral ligado ao PMDB José do Patrocínio, do ex-vereador Clovito Hugueney (falecido), do jornalista José Marcondes “Muvuca”, e também de uma ex-amante do ex-secretário-chefe da Casa Civil Paulo Taques – ele saiu do cargo no dia em que o caso começou a ser divulgado. O procurador Mauro Zaque afirma que o governador Pedro Taques tinha conhecimento dos grampos, o que foi negado pelo chefe do Executivo.

O suposto esquema é alvo de inquéritos na Procuradoria Geral da República (PGR), em Brasília (por envolver nomes com foro privilegiado), e também na Polícia Militar, no Tribunal de Justiça e no próprio Gaeco. Na terça-feira, foram presos o coronel Zaqueu Barbosa, acusado de comandar os grampos, e o cabo Gérson Ferreira, integrante da inteligência da PM que assinou os pedidos e os relatórios dos grampos.

 

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