Fernando Rodrigues
Governador em exercício Carlos Fávaro: missão de amenizar a crise da saúde
O governador em exercício Carlos Fávaro deve se reunir na tarde desta quarta-feira (08) com a equipe econômica do governo para tratar da destinação dos recursos para os hospitais filantrópicos.
Fávaro passou a manhã em Brasília e retorna para a Capital no início da tarde com a missão de amenizar a crise da saúde. Há cerca de 40 dias, alguns hospitais filantrópicos pararam os atendimentos de forma parcial.
As direções das unidades de saúde cobravam o repasse de R$ 2,5 milhões. “Esse pagamento era esperado em agosto, a secretaria [de Estado de Saúde] jogou para setembro, mas nós já estamos em outubro e ainda não recebemos”, reclamou à época o diretor da Santa Casa de Misericórdia, Antonio Preza.
Após o impasse, o governo estadual assumiu o compromisso de repassar o valor. Entretanto, as entidades alegaram que o valor não cobriria o prejuízo e os atendimentos permaneceram comprometidos.
“Esse dinheiro não dá para fazer quase nada. O Santa Helena, por exemplo, vai receber R$ 460 mil desses R$ 2,5 milhões. Isso não cobre nem a inadimplência que estamos com os fornecedores de comida. Como vamos comprar remédio e pagar os profissionais?”, questionou o direito do Hospital
“Isso não cobre nem a inadimplência que estamos com os fornecedores de comida. Como vamos comprar remédio e pagar os profissionais?”
Santa Helena, Marcelo Sandrin.
Nada feito
Mesmo após reuniões entre o Governo, diretores dos hospitais e Federação dos Hospitais Filantrópicos do Estado de Mato Grosso (Fehosmt), não houve entendimento entre as partes.
Na última semana, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) emitiu uma nota afirmando que o único compromisso do governo com os hospitais filantrópicos é um repasse de R$ 22,5 milhões, “de forma emergencial e voluntária”.
A Federação questionou o posicionamento do governo e afirmou que os repasses são obrigações do governo, por lei.
Dos valores citados pela SES, R$ 15 milhões já foram repassados desde 2015 e outros R$ 7,5 milhões, divididos em três parcelas, foram acordados em agosto. De acordo com o governo, a parcela de setembro já foi paga.
Os hospitais afirmam que alguns dos repasses estão atrasados desde julho deste ano e que as unidades têm dificuldade de manter o atendimento à população. O repasse para a manutenção das Unidades Intensivas de Tratamento (UTI), que deveria ser feito pelo Estado ao Fundo Municipal de Saúde, não teria sido realizado.
Ednilson Aguiar/O Livre
Santa Casa de Cuiabá: 95 vagas podem ser fechadas, sendo 30 de UTI e 65 de retaguarda
Repercussão
Nesta quarta-feira (08), a deputada Janaina Riva (PMDB) utilizou a tributa para falar sobre o caos da saúde em Rondonópolis com o fechamento da UTI pediátrica nesta semana. “Como que trabalha quatro meses sem receber?”, questionou, se referindo aos salários dos médicos que também estão atrasados. A parlamentar cobrou ainda uma satisfação do secretário estadual de saúde, Luis Soares.
De acordo com a Fehosmt, os filantrópicos são responsáveis por 70% dos procedimentos de média e alta complexidade em Mato Grosso. Os atrasos atingem unidades como o Hospital Santa Helena, o Hospital geral, a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá e a Santa Casa de Misericórdia de Rondonópolis.
Ao todo, 95 vagas podem ser fechadas na Santa Casa de Cuiabá, sendo 30 de UTI e 65 de retaguarda. No Hospital Geral, além da UTI e da maternidade, as cirurgias cardíacas deixarão de ser realizadas.