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“Evitamos uma tragédia como a de Goiânia”, afirma diretor

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“Evitamos uma tragédia como a de Goiânia”, afirma diretor

Ednilson Aguiar/O Livre

Marcos Prado - Diretor Arena da Educação

Marcos Antonio do Prado – diretor da Escola Estadual Governador José Fragelli, conhecida como Arena da Educação

Nesta quinta-feira (26), a Arena da Educação, escola modelo em Mato Grosso, tornou-se alvo de críticas após um aluno levar uma arma para a aula. O LIVRE conversou com o diretor da escola, Marcos Antônio do Prado, que disse que, apesar do susto, o julgamento foi errado, visto que eles impediram um possível problema maior.

“Muita gente julgou a nossa escola por um fato ruim, mas eu acredito que, se formos comparar com o caso de Goiânia, há algumas semanas, nós podemos ter evitado coisas piores”, disse o diretor.

O aluno em questão tem 14 anos e estava em seu primeiro ano na instituição, cursando o 8º ano do ensino fundamental. Segundo o diretor, foram raras as vezes em que o aluno esteve em sua sala por algum tipo de problema.

“Nós estamos em uma escola de ensino integral, é muito complexo falar que uma criança que vai passar 10 horas em uma escola não vai dar um ou outro problema. Ele teve, mas nada que chegasse a desabonar até mesmo a conduta dele, a ponto de a gente falar que ele era um menino problemático”, afirmou Marcos do Prado.

Há duas semanas, por exemplo, o aluno discutiu com um colega. Os adolescentes se estranharam, mas não chegaram a brigar. Após chamar os pais e registrar o problema em ata, o diretor disse que tudo foi resolvido tranquilamente.

Ednilson Aguiar/O Livre

Arena da Educação

A Arena da Educação tem atualmente 298 alunos

“Nós temos crianças que deram e continuam dando muito mais trabalho que ele, mas não chegaram a esse nível”, disse o diretor.

A primeira denúncia sobre a arma chegou à direção cerca de cinco dias antes de os professores a encontrarem. Um aluno procurou a direção e disse que um menino havia trazido uma arma para a escola.

Os professores começaram a busca desde então, mas não conseguiram provas de que algo realmente tivesse acontecido. Porém, na quinta-feira (26) uma mãe procurou a escola afirmando que o filho tinha visto um aluno com a arma.

Mesmo ainda não sabendo quem era o adolescente, apenas com a suspeita por causa das duas denúncias, o diretor reuniu os professores e reiniciou a busca. A arma foi encontrada por professores de educação física na quadra da Arena da Educação – que não fica no mesmo prédio, embaixo de um banco.

“Ele trouxe, não mostrou para ninguém, mas alguém viu sem ele perceber. E quando fomos verificar, a arma já não estava na escola e nem ele estava na escola, porque a denúncia só saiu depois do horário final da aula”, disse o diretor.

Após comunicarem o aluno de que a arma tinha sido encontrada, ele ainda tentou negar que tivesse sido o responsável por levá-la, mas por fim acabou confessando que tinha entrado na casa do tio e pegado a arma escondido.

O motivo, segundo o diretor, foi quase uma aposta. O aluno falou para os amigos que tinha uma arma, eles duvidaram e ele levou a arma para provar sua afirmação.

Marcos do Prado disse ao LIVRE que nenhuma reclamação de ameaça referente ao aluno chegou à direção.

Mesmo com o recente caso do adolescente que atirou em vários colegas na escola em Goiânia (GO), o diretor afirmou que não temeu que acontecesse o mesmo na insituição, devido à preparação que a escola faz em relação à prevenção à violência.

Antes mesmo do ocorrido, eles já tinham marcado uma palestra com policiais sobre violência. Atitude que, segundo Marcos Paulo, é comum na Arena da Educação, devido ao tempo em que os alunos passam na instituição.

“Se nós prevenirmos a violência na forma verbal, conseguimos extinguir em pelo menos 90% a violência que acontece nas escolas”

“A violência precisa ser abolida das escolas, a começar pela violência verbal. Primeiro, a criança destrata um colega, usa um xingamento, ou um bulling, coisas que podem continuar crescendo e se tornar violência física. Então, se nós prevenirmos a violência na forma verbal, conseguimos extinguir em pelo menos 90% a violência que acontece nas escolas”, disse o diretor.

Apesar do transtorno, o destino do adolescente que levou a arma ainda não está definido. Primeiro, o conselho tutelar dará um parecer sobre o caso e posteriormente o episódio será levado ao conselho escolar, que é formado por alunos, pais, professores e funcionários, que juntos decidirão se o aluno sofrerá alguma penalidade.

Porém, o diretor fez questão de dizer que, de alguma forma, ele será castigado, para que não fique a sensação de impunidade dentro da escola e os pais ainda se sintam seguros em manter os filhos na Arena da Educação.

“Os pais acham que é um caso que deve ser tomado como exemplo e se sentiram bastante à vontade em nos dizer que a nossa equipe está de parabéns por ter feito todo processo de forma bem tranquila, porque não houve aqui caso de violência. A polícia tratou o menino, a mãe e todos os envolvidos com muita educação, a arma nós mesmos que entregamos à polícia”, disse o diretor.

A escola

A Escola Estadual Governador José Fragelli, conhecida como Arena da Educação, que fica dentro da Arena Pantanal, possui 298 alunos entre o 7º ano do ensino fundamental e o 1º ano do ensino médio.

Com um projeto voltado para o esporte, os alunos realizam um teste e são escolhidos para as diversas modalidades oferecidas diariamente.

A instituição trabalha somente com período integral. Os adolescentes ficam entre 10 horas e meia e 11 horas e meia na instituição.

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