O baixo efetivo e a consequente necessidade de fechamento de unidades da Polícia Judiciária Civil (PJC) no interior de Mato Grosso é um dos assuntos que serão apresentados ao governador Mauro Mendes (DEM) nos próximos dias. Um estudo apontando a quantidade e locais dessas delegacias já foi elaborado e tem sido defendido pelo Sindicato dos Delegados de Polícia (Sindepo).
A afirmação é do delegado geral da PJC, Mário Dermeval Aravechia de Resende, que concedeu entrevista na manhã de sexta-feira (8) à TV Centro América. Segundo ele, algumas delegacias têm funcionado com efetivo menor que o mínimo necessário para a escala de plantão (quatro policiais).
A assessoria da PJC informou que a cidades que podem perder delegacias não serão divulgadas por enquanto. O estudo vem sendo tratado como um “raio x” da atual situação da polícia.
De acordo com o delegado geral, Mato Grosso conta atualmente com 3.023 policiais civis, o que é um efetivo é maior do que em 2013, quando tinha 2.215. Entretanto, a quantidade de policiais por habitante reduziu. Há seis anos, havia um policial para cada 14 mil mato-grossenses, hoje, cada policial precisa atender 15 mil pessoas.
“Vou citar um exemplo: Lucas do Rio Verde. É uma cidade pequena que foi crescendo e, em 10 anos, triplicou de tamanho. Ela sempre teve só um delegado e continua só com um delegado”, afirmou.
A polêmica sobre a reforma da Previdência também tem contribuído para uma redução do efetivo, segundo Resende. Ele diz que delegados que já têm tempo de serviço o suficiente para se aposentar, mas que continuavam trabalhando, agora estão acelerando o processo de aposentadoria.
Paralelo a isso, o decreto da calamidade financeira no governo impede a realização de concurso público. O documento foi assinado pelo governador Mauro Mendes (DEM) logo no início da gestão.
“Temos 15 delegados tomando posse agora, só que eles não serão suficientes. Nos próximos dois anos, temos a previsão de 200 aposentadorias na Polícia Civil. Com essa reforma da Previdência, a perspectiva é que 15 delegados se aposentem até o final do ano”, disse.
Infraestrutura
Atualmente, a Polícia Civil tem 162 unidades em funcionamento no Estado. Outras 25 já estão fechadas, segundo o delegado geral, por conta da falta de pessoal. “Fui delegado na fronteira e fechei uma unidade em Glória D’Oeste, porque tinha um baixo efetivo. Hoje, o efetivo está mais prejudicado ainda. Não tem como mantermos unidades sem gente”.
Também falta dinheiro para a manutenção dos prédios. Conforme Resende, as melhorias feitas em 40 unidades no ano passado foram graças a parcerias com os Poderes Legislativo e Judiciário, Ministério Público e prefeituras. Agora, a diretoria da PJC pensa em meios de buscar recursos federais.