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Empresário diz que militares ficaram devendo R$ 36 mil por sistema de grampos

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Empresário diz que militares ficaram devendo R$ 36 mil por sistema de grampos

Ednilson Aguiar/O Livre

Empresário José Marilson da Silva

Empresário José Marilson da Silva: ele vendeu e dava manutenção no sistema operado por militares

Em depoimento nesta terça-feira (20), na 11ª Vara Criminal Especializada de Justiça Militar, o empresário José Marilson da Silva disse que os militares acusados de participação no esquema de grampos ilegais, executado a mando do primeiro escalão do Governo Taques, ficaram devendo cerca de R$ 36 mil a ele.

Foi o empresário quem vendeu o sistema de interceptação, por R$ 24 mil – e sua empresa também fazia a manutenção dos equipamentos. No total, a conta chegou a R$ 60 mil – dos quais recebeu apenas o valor inicial.

“A conta era de R$ 60mil e só foram pagos os R$ 24 mil. Não tivemos mais contato [após a repercussão do caso] e não cheguei a cobrar mais”, disse.

Nas investigações do esquema, o empresário é apontado como o responsável pelo desenvolvimento do sistema ilegal de grampos telefônicos, denominado “guardião”, e ainda por guardar o equipamento, que até hoje não foi localizado. José Marilson chegou a ser preso pelo esquema ilegal.

Segundo Marilson, 10 pessoas ficavam na sala de escutas alugada pelo cabo Gerson Correa, em Cuiabá.

“O comando tinha uma máquina; quem estava no comando da PM tinha uma senha e acessava o sistema. A PM poderia acessar o guardião normalmente. O guardião é um sistema seguro, auditável, pode ouvir ligações antigas e quem ouvir, caso apague qualquer gravação, fica registrado no sistema o que apagou e quem apagou”, disse o empresário.

Marilson disse ainda que nunca teve contato com o comandante-geral da Polícia Militar à época, coronel Zaqueu Barbosa. Disse não saber porque o “sentinela” tinha parado de funcionar. “O cabo Gerson só disse que era para retirar o equipamento de lá”.

Marilson disse que acompanhou a retirada do equipamento. Na ocasião, Gerson estaria junto. O empresário afirmou ainda não saber para onde o equipamento foi levado.

O esquema teria tido início durante a campanha eleitoral de 2014 e continuado até, pelo menos, as eleições municipais de 2016. Estima-se que mais de 70 mil interceptações foram realizadas no Estado no período. Entre os alvos identificados estão advogados, jornalistas, servidores públicos, políticos, médicos, membros do Ministério Público e outros.

O caso tramitava sob a relatoria do desembargador Orlando Perri no Tribunal de Justiça de Mato Grosso até que foi avocado, em outubro do ano passado, pelo ministro Mauro Campbell Marques, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em dezembro, o ministro desmembrou o processo dos militares, deixando-o a cargo da 11ª Vara Criminal de Cuiabá.

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