Um vídeo gravado no Distrito Industrial, na entrada de Cuiabá, mostra o depoimento de um caminhoneiro, que transporta oxigênio hospitalar, na manhã deste sábado (26). Em discurso, ele afirmou que estava vindo de Três Lagoas (MS), passou por vários pontos de manifestações e vem sendo liberado em todos.
“Estou vindo desde Três Lagoas (MS), passei por vários pontos de manifestações, fui muito bem recebido pelos senhores e não fui barrado. A rede Globo anunciou ontem dizendo que os caminhões de oxigênio para hospitais estavam sendo barrados, é mentira, estão querendo manipular”, disse o caminhoneiro, aplaudido pelos manifestantes.
O vídeo foi gravado e enviado ao LIVRE pelo líder comunitário e apoiador da greve dos caminhoneiros Lucieder Luz. Ele está acompanhando a movimentação no Distrito Industrial e disse que os caminhões com produtos hospitalares estão todos sendo liberados no ponto de bloqueio.
No vídeo, o caminhoneiro ainda diz que a empresa em que ele trabalha apoia a greve e só não está participando da paralisação porque o produto que carregam é essencial para a vida.
Na sexta-feira (25), alguns dos principais hospitais de Cuiabá relataram ao LIVRE a preocupação com a possível falta de oxigênio e mantimentos motivada pela continuação da greve, que já está no sexto dia.
Veja o vídeo do depoimento do caminhoneiro:
Apesar disso, em nota, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) manifestou preocupação com a atual situação de distribuição de insumos aos hospitais em todo Brasil. A Instituição conta com 107 associados e disse temer que a situação se agrave nos próximos dias.
“Algumas cirurgias eletivas já vêm sendo adiadas para que se possa garantir os atendimentos de urgência e emergência; gases medicinais estão com seus estoques bastante limitados, o que afeta cirurgias, pacientes internados em UTI e atendimentos de emergência; alimentação dos pacientes já precisa de adaptações por problemas na distribuição de alimentos frescos; a coleta de lixo hospitalar já está afetada, causando problemas na estocagem de lixo; insumos para exames e hemodiálise já estão limitados; sem falar na dificuldade de acesso dos funcionários aos hospitais por problemas nos transportes públicos”, disse a Anahp em nota.
Segundo a instituição, se nenhuma medida for tomada, a partir do início da próxima semana os hospitais não conseguirão mais garantir o acesso e a continuidade do cuidado dos pacientes que necessitarem de tratamento e os pronto-socorros correm o risco de fecharem as portas. A Anahp pede que as autoridades de governo e o movimento grevista entendam a gravidade do problema e intercedam com uma solução para evitar a indisponibilidade de medicamentos, materiais, insumos e serviços necessários para o atendimento aos pacientes.