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Desde 2008, o Governo de Mato Grosso realiza cerimônias e faz anúncios oficiais sobre a construção de um “congódromo” no município de Vila Bela da Santíssima Trindade (a 562 km de Cuiabá). A cidade foi a primeira capital do Estado e é berço da cultura negra mato-grossense. Uma das principais riquezas culturais do município é a Dança do Congo – daí a ideia da construção de um espaço para abrigar os grupos de dança e realizar a festa.
A reportagem do LIVRE encontrou notícias sobre o “lançamento” da obra nos governos de Blairo Maggi (em 2008 e 2009) e Silval Barbosa (2010 e 2014) e na gestão Pedro Taques (em 2015, 2016 e 2017).
No último domingo, o governador esteve mais uma vez em Vila Bela para as comemorações do aniversário da cidade. Ao lado do Rei do Congo, apresentou um projeto e assinou um “termo de autorização” para a obra. Tratou-se de algo simbólico, pois a licitação só deverá sair no mês de maio, segundo cálculos do secretário adjunto de Turismo, Luiz Carlos Nigro. O empreendimento será custeado com recursos estaduais.
Taques já havia feito os mesmos anúncios em 2015 e em 2016. O secretário de Turismo justifica que a expectativa era receber recursos federais, mas o prazo para inscrição de projetos expirou sem que o governo conseguisse elaborar uma nova proposta. “Quando assumimos, falaram que existia um projeto pronto. Mas a prefeitura de Vila Bela demorou a entregar e, quando recebemos, estava tudo defasado. Precisamos readequar.”
Rei do Congo desde 2008, Juarez Gonçalves de Paula diz que os governantes foram “empurrando com a barriga” nos últimos anos, mas segue otimista. “Ele [Taques] foi o único que trouxe projeto, assinou publicamente no Palácio dos Capitães Generais e me chamou para assinar como testemunha”, conta. A promessa está decorada: “O governador disse que a Festa do Congo do ano que vem [em julho] será realizada no Congódromo. É nosso sonho.”
Histórico
O primeiro registro de lançamento da obra é de junho de 2008, quando uma comitiva do governo visitou municípios da região Oeste. Segundo informação oficial divulgada à época, o então secretário-chefe da Casa Civil, Eumar Novacki, assinou um termo de repasse de recursos no valor de R$ 300 mil, destinados à obra.
No ano seguinte, durante a Festa do Congo, foi a vez do então secretário de Cultura, Paulo Pitaluga, assinar um “termo de parceria” para construção do espaço ao lado do então vice-governador Silval Barbosa. O documento previa que a secretaria iria “viabilizar e executar o programa disponibilizando equipamentos e pessoal para levantamentos históricos e estudos técnicos”.
Em 2010, já como governador, Silval realizou o “governo itinerante” em Cáceres. Ali, foram recebidos prefeitos da região Oeste, incluindo o representante de Vila Bela. Mais um convênio foi assinado.
Quatro anos depois, no último ano de sua gestão, Silval voltaria à cidade para “assinatura do termo de abertura do processo licitatório”. Naquele momento, foram anunciados recursos de R$ 2,4 milhões para a obra.
Vieram as eleições, e foi a vez de Pedro Taques anunciar as obras em 2015. O governo até divulgou uma data para abertura do processo e licitação: 15 de agosto daquele ano.
Em 2016, novo anúncio e novo prazo. Desta vez, um termo de compromisso com as secretarias de Desenvolvimento Econômico e Cidades e a prefeitura. Naquele momento, a informação era de que a obra seria custeada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Turismo (Prodestur), num investimento de R$ 2,4 milhões.
