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Com a ajuda de associação, debutantes de Cuiabá realizam o sonho de ter um baile de gala

Evento para 14 meninas foi possível graças ao apoio de empresas e padrinhos

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Com a ajuda de associação, debutantes de Cuiabá realizam o sonho de ter um baile de gala

Há 15 dias, no sábado (2), 14 meninas de 15 anos, alunas da Associação São Domingos Sávio, viveram um dos dias mais especiais de suas vidas: uma festa de debutantes em grupo, com tudo que se tem direito, realizada com doações, solidariedade e muitos sorrisos.

Idealizado pelos professores da associação salesiana, sob supervisão da coordenadora Danilza Pinheiro, o baile de debutantes contou com patrocínio de várias empresas e pessoas físicas, que apadrinharam alguma menina, doaram materiais, ou forneceram os itens necessários a valores mínimos, para que a festa se tornasse realidade.

As 14 meninas – que completaram 15 anos todas neste ano – ganharam maquiagem, penteados (com direito a separação de salões especializados para lisas e cacheadas), taças personalizadas, chaveiros, lembranças de mesa, quadro com foto, show com MC, vestidos, decoração, jantar, bolo, buffet, refrigerantes, dedicatória e tiveram entrada especial, apresentação de uma dança em grupo com coreografia e a tão sonhada valsa de debutantes.

Baile de debutantes Associação São Domingos Sávio
(Foto: reprodução)

O projeto

A Associação São Domingos Sávio existe há mais de 25 anos, no Bairro Pedra 90, fundada pela irmã Ada, que hoje é idosa e está na missão Salesiana, na Escola Estadual Souza Bandeira. No início, era uma creche, onde era realizado um sopão para as famílias das crianças.

Atualmente, o projeto atende 196 crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos – apenas um com 22, que é especial – e possui 23 funcionários, todos contratados com carteira assinada. Antes da pandemia havia 300 crianças, a quantidade precisou ser diminuída pela obrigatoriedade do distanciamento. Para participar do projeto, a criança precisa estar matriculada na escola e ser de família carente.

O espaço em que a associação funciona é cedido pela prefeitura e, neste ano, a cessão foi renovada para mais 25 anos. O projeto é mantido pela missão Salesiana, que paga a folha salarial dos educadores e a alimentação das crianças e adolescentes. O Instituto Canopus patrocina aulas de ballet, hip hop, siriri. E a Plasmel realiza uma doação mensal fixa.

Tudo que é realizado além disso – como o baile – é feito por meio de doações conseguidas pelos professores e pela coordenadora, que são apaixonados pelo projeto.

As crianças e adolescentes vão para a associação no contraturno do horário da escola e no local podem escolher as aulas que querem fazer, tendo várias opções todos os dias, como as aulas de dança, já citadas, artesato, computação, capoeira e esportes diversos, aplicados por educador físico e estagiários, como futebol, tênis de mesa, vôlei e queimada.

“É uma obra social da missão salesiana, que tem como objetivo os ensinamentos católicos, sobre respeito, amor ao próximo, empatia, etc. Quando as crianças chegam, elas fazem a oração, primeiro lanchinho e são distribuídos para os educadores. Hoje na instituição temos aula de balett, hip Hop, siriri, artesanato, computação, capoeira”, contou a coordenadora do projeto, a assistente social Danilza Pinheiro.

“Às 9 horas tem o lanche deles e 11 horas o outro lanche. Toda última sexta-feira do mês tem aniversariante do mês. À tarde é a mesma coisa, eles chegam fazem a oração, tem o primeiro lanche, são distribuídos para as atividades, depois voltam para o salão, fazem oração, lancham de novo e são distribuídos novamente para outras atividades. Às 17 horas eles retornam para casa”, completou Danilza, que está na associação há 5 anos.

Ainda há aulas de artesanato oferecidas para as mães realizarem em conjunto com os filhos. Hoje, 27 mães participam destas aulas, 3 vezes por semana.

Baile de debutantes Associação São Domingos Sávio
Educadores da Associação São Domingos Sávio (Foto: reprodução)

O convite às debutantes

Há dois meses, Danilza sentiu em seu coração a necessidade de fazer a festa de debutantes para as meninas da associação que completaram 15 anos em 2023. Das 14, 12 ainda fazem parte do projeto e 2 haviam saído recentemente e foram convidadas a participar.

“Eu tive um momento meu muito particular e me senti muito cobrada por fazer. Fui criada por avó, minha mãe nunca foi muito presente. Eu, como coordenadora hoje, sinto que tenho que amparar essas meninas, abraçar elas com uma forma totalmente diferente. Então eu senti uma necessidade de proporcionar isso para elas”, disse Danilza.

Todos os educadores foram reunidos, ouviram a ideia e abraçaram a causa. Depois disso, foi a hora de chamar Anny Gabrielly, Edilene, Gabrielly, Íris Mariane, Jhully Beatriz, Leandra Raniery, Nathalyn Letícia, Thamiris Vitória, Sindyorrana, Amanda Vitória, Janayna Nathalya, Vitória Camily, Eloysa e Karem Cristyne e as convidar para estrelarem o baile de debutantes.

“Foi meio que surpresa. A Danilza reuniu as meninas que fizeram 15 anos para falar que eles estavam planejando fazer uma festa de debutantes para nós, porque algumas não tiveram condições de fazer”, lembrou Anny Gabrielly Santos de Oliveira, 15 anos.

Ela conta que ficou muito animada com a ideia, pois havia feito aniversário no dia 6 de junho deste ano e comemorado apenas com um bolinho “para não passar em branco”. Anny começou a frequentar a associação com 5 anos, pois sua mãe era voluntária quando o local ainda era uma creche e, como ela não tinha com quem ficar, também passava o dia no local. Atualmente, a mãe da adolescente é contratada pela associação.

Baile de debutantes Associação São Domingos Sávio
Anny Gabrielly (Foto: Karina Cabral / O Livre)

“Ela [Danilza] fez o convite da reunião só com as meninas. Estava todo mundo especulando e ninguém imaginava que seria isso, sabe? E foi uma coisa muito legal. Porque era a primeira vez, a gente tá estreando esse projeto. Então é uma coisa muito emocionante, principalmente pra mim, porque eu frequento aqui desde quando eu era bem pequeninha, desde que eu me entendo por gente. Foi bem incrível”, completou Edilene Borges Ribeiro da Silva.

A adolescente, que fez 15 anos no dia 20 de outubro, e também comemorou somente com um bolinho com a família, frequenta o projeto desde os 4 anos, pois a mãe ajudava na cozinha como voluntária. Como ela não estudava e não tinha babá, ia com a mãe. Devido à particularidade, a associação aceitou matriculá-la aos 5 anos, mas a idade mínima na entidade é 6.

Baile de debutantes Associação São Domingos Sávio
Edilene (Foto: Karina Cabral / O Livre)

Há mais de 10 anos no projeto, Edilene conta que o baile teve, ainda, uma coisa mais especial para ela, a possibilidade de realizar sua festa de 15 anos com a melhor amiga, Gabrielly dos Santos Silva, que completou 15 anos no dia 26 de junho.

Gabrielly não havia tido nenhuma comemoração e contou que ficou em choque quando Danilza contou a todas sobre o baile de debutantes, mas muito feliz.

“Se não fosse o projeto eu não teria nenhuma festa”, disse a adolescente, que é a filha mais nova de uma família de 4 filhos, 3 meninas e um menino, mas atualmente mora somente com a mãe e uma das irmãs.

Moradora do Pedra 90, ela entrou no projeto com 10 anos, após receber convite de amigos. Atualmente, ela faz hip hop, ballet, siriri e atividades físicas na associação, no contraturno do seu horário escolar, onde cursa o 9º ano.

Baile de debutantes Associação São Domingos Sávio
Gabrielly (Foto: Karina Cabral / O Livre)

O baile de debutantes

No dia do baile, as 14 meninas viveram um “dia de princesas”. Elas foram divididas em dois salões de beleza: as que queriam penteados com o cabelo cacheado para um lugar especialista e as que queriam o cabelo liso para outro. O resultado final para todas foi o mesmo: cabelo, maquiagem e vestidos dos sonhos.

“Eu estava ansiosa pelo evento, como eu ia dormir, como eu ia acordar, como eu ia ficar, sabe? A sensação de como iria ser. Eu tinha certeza que iria ocorrer tudo bem, porque eles são incríveis, mas eu estava na expectativa pela sensação e está sendo incrível, desde a preparação até agora”, disse Edilene ao LIVRE, no dia da realização do baile.

Já Anny ansiava pela chegada da hora da valsa. Ela dançou com o padrinho, o pai, o cunhado, o irmão e um de seus coordenadores do projeto, Welisson, e, para ela, esse foi o momento mais especial do dia.

“Eu dancei com pessoas importantes pra mim, que eu me sinto confortável, que eu gosto de estar do lado”, contou, lembrando da valsa das 14 debutantes com as pessoas mais importantes de suas vidas.

YouTube video

As meninas ainda tiveram entrada triunfal, com tapete vermelho e no meio de uma decoração de 14 balões com o nome de cada uma das debutantes. Depois, realizaram uma dança coreografada, mostrando um pouco do que aprendem em aulas do projeto, jantar, brinde com taças personalizadas para o evento, fotos, show com MC Dentinho e, na despedida, todos os convidados (familiares e patrocinadores) receberam bolo e doces.

“Confesso que não imaginava que iria chegar nessa proporção. Deus é muito grandioso! A ideia foi espalhando e todo mundo foi abraçando. Sou muito grata a todas as pessoas que ajudaram de certa forma. Porque cada um de vocês fizeram um papel fundamental para que esse baile acontecesse diretamente e indiretamente”, disse a coordenadora Danilza.

(Foto: O Livre)

Futuro

A idade máxima para frequentar a associação é 16 anos e, por isso, Edilene, Gabrielly e Anny estão próximas de já não poder mais participar do projeto.

Atualmente, Edilene faz ballet, siriri, hip hop e aulas de pedagogia e educação física, mas, em seus mais de 10 anos na associação, ela também já fez pintura, violino, violão, artesanato, flauta, canto e outras que nem conseguia lembrar.

“O projeto mudou minha vida. Eu simplesmente não lembro como era a minha vida antes. O projeto abriu várias portas para nós [Edilene e a irmã]. Eles sempre tiveram influência em nossas vidas, tanto no cotidiano quanto na escola. Só Deus sabe o que vai acontecer no futuro, mas eu pretendo sim continuar frequentando, tendo um vínculo com o projeto, ser monitora às vezes”, disse a adolescente, sobre depois que completar 16 anos.

Inclusive, dentre seus sonhos de futuro, está a possibilidade de ser pedagoga, e ela acredita que isso seja uma influência de sua vivência na associação.

“Por ser mais velha, estou sempre instruindo as outras pessoas, sempre ajudando. Gosto muito de trabalhar com criança, sabe? Então, é uma coisa que fica na minha cabeça, ser pedagoga. Porque eu cresci convivendo com pedagogos, desde quando eu era menorzinha, aqui na associação”, contou Edilene.

Edilene e os pais (Foto: Karina Cabral / O Livre)

Anny também teve o sonho de futuro influenciado pelo projeto. Ela contou que o curso de artesanato a influenciou a gostar ainda mais de desenhar e isso a levou a sonhar em se tornar designer de interiores no futuro.

“Hoje em dia está bem complicado, muitas pessoas se perdendo nas drogas, mexendo com coisa errada. E o projeto é muito bom para distrair a cabeça das pessoas, dos adolescentes. O projeto tem ajudado bastante os jovens do bairro a seguir um bom caminho”, afirmou a adolescente.

Anny (Foto: Karina Cabral / O Livre)

“As pessoas que estão aqui dentro sabem o que acontece, temos muitas amizades que nós construímos, muitas lições de vida que a gente aprende. Os professores, todas as conversas, só estando aqui para você sentir. Eu não consigo imaginar a minha vida sem o projeto. E eu imagino que muitas pessoas que frequentam sentem isso também. O projeto tem que existir, e mesmo que um dia isso acabe, ele sempre vai existir na memória de alguém, pelo menos sempre vai existir na minha memória”, disse Edilene.

Quem quiser conhecer mais sobre a Associação São Domingos Sávio pode entrar nas redes sociais do projeto: Instagram / Facebook, ou ir até a sede, localizada na Rua 35, quadra 166, S/N, Bairro Pedra 90.

Interessados em ser voluntários, ou apadrinhar a associação, podem entrar em contato com a coordenadora, Danilza Pinheiro, pelo número (65) 3667-0020.

Baile de debutantes Associação São Domingos Sávio
(Foto: Karina Cabral / O Livre)

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