A Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Cuiabá cumpre hoje (20) 11 mandados de prisão e de busca contra um grupo investigado pelo crime de extorsão mediante restrição de liberdade. Os alvos da Operação Piraim agiam como “cobradores” e “justiceiros” e tentavam receber por dívidas de empresários devedores com agressões, que eram gravadas em vídeos.
São cumpridas 6 ordens de prisões preventivas e 5 de buscas contra o grupo acusado de açoitar uma vítima, em maio deste maio, na Capital. Imagens dos cobradores desferindo as chicotadas contra esse empresário, do ramo de jóias, gravadas pelos próprio grupo criminoso e expostas na internet em agosto, se propagaram pelo País.
Esse caso originou a Operação Piraim. Porém, ao menos outros dois vídeos dos mesmos suspeitos com outras duas vítimas circularam na internet, uma sob ameaça de um porrete e outra sendo agredida com chutes e tapas, enquanto estava no chão.
Restrição de liberdade
O pai da vítima que foi chicoteada procurou a delegacia especializada no dia 4 de maio deste ano e declarou que o filho estava em poder do grupo criminoso, que exigia dinheiro para liberá-lo.
Na ocasião, uma equipe da Derf foi até o local onde estava a vítima que, temendo por sua vida, declarou que os cobradores não tinham lhe açoitado. A vítima apresentava diversos hematomas.
A investigação da Derf Cuiabá apurou que a vítima foi abordada pelo grupo criminoso na Avenida República do Líbano, no estacionamento de um posto de combustíveis, na Capital.
Na sequência, o pai da vítima recebeu uma ligação telefônica, feita do aparelho celular do filho, onde o interlocutor dizia que credores queriam receber dívidas contraídas pela vítima.
O pai chegou a oferecer um veículo avaliado em R$ 80 mil, contudo, os cobradores disseram que a camionete não quitaria a dívida.
Cinco suspeitos do crime foram detidos e encaminhados à Derf Cuiabá. Interrogados, um deles alegou que a vítima lhe devia 40 mil reais e, em relação às agressões, negou que seria o mandante da extorsão.
A vítima disse que a ação criminosa começou após receber um pedido para se encontrar com um credor. Ao chegar ao local combinado, foi ameaçada, caso não quitasse as dívidas.
No local estavam o credor e outras 4 pessoas. Os suspeitos exigiram uma caminhonete como pagamento parcial da dívida e se apossaram da chave do veículo, impedindo que a vítima saísse do local.
“Cobradores justiceiros”
Indícios coletados pela equipe de investigação derrubaram as versões apresentadas pelos 5 investigados, que foram interrogados na Derf Cuiabá.
A vítima, receosa pela sua integridade física e de seus familiares, isentou os cobradores no dia em que foram conduzidos à delegacia.
A investigação apurou que um dos criminosos, B.R.P., foi o responsável por armar o encontro com a vítima e, no local combinado, o grupo restringiu a liberdade e iniciou as extorsões e agressões. A vítima permaneceu por horas em poder dos criminosos sendo agredida.
“As ações foram registradas com a finalidade de humilhar e difundir o modo de execução do crime com o anseio de assumirem um papel de justiceiros”, explicou o delegado Guilherme de Carvalho Bertoli.
Os 4 “cobradores” foram os executores das agressões contra a vítima e agiram a mando dos investigados B.R.P., de 39 anos, e R.G.D.S., de 35 anos, e teriam comissões caso conseguissem receber as dívidas.
Nome da operação
Piraim é um tipo de chicote trançado, geralmente confeccionado com couro bovino.
(Com Assessoria)