Lidiane Barros
Ao lado de mais uma pequena leitora, Carol, parece feliz da vida com os novos livros que chegaram!
A caminhonete Nissan Frontier zero km, que ganhou do programa Caldeirão do Huck ainda está a caminho, deve chegar no fim de janeiro. Mas no cotidiano do ativista da leitura e do livro, Clóvis Matos, a ciranda segue girando. Na sexta-feira (19) recebeu mais doações e no sábado, entregou novos livros para somar ao acervo da geladeiroteca da pequena sonhadora, Carol de Oliveira, de 12 anos (prestes a completar 13).
Ele conheceu sua história ao vê-la publicada no site O LIVRE, divulgada no dia 15 de janeiro. A matéria, titulada “No deserto de livros, uma bibliotecária de 13 anos fez a revolução”, além de contar os desafios para semear conhecimento em um local distante e com limitado acesso à cultura, divulgava o número de contato da mães de Carol, Fabiana Oliveira, caso alguém tivesse mais livros para doação. De pronto Clóvis se movimentou para ajudá-la.
A reportagem de O LIVRE foi de carona com Clóvis rumo à casa de Carol. Ir de um lugar a outro levando conhecimento é com ele mesmo. O missionário das letras vai fundo nos rincões de Mato Grosso já no próximo mês. Viajará alguns milhares de quilômetros para colaborar com o acervo de outras duas bibliotecas, em Alto Paraguai e Confresa.
Livros saem, livros entram e a engrenagem do bem está em constante movimentação. “Na sexta-feira eu recebi a visita de Adriana Vandoni e Cássio Curvo, além do Tarcísio e do Jessé, que trouxeram grande parte do acervo documental e literário do pai de Adriana, o engenheiro Rômulo Vandoni. O acervo será catalogado e disponibilizado para pesquisa”, conta Clóvis.
“Para a da Carol, separei 150 livros, entre obras infantis, clássicos e revistas”, dizia enquanto dirigia rumo a Várzea Grande. Ao seu lado, estava o amigo Márcio Campos Borges, que já chegou até a perder o emprego para acompanha-lo. Os dois riem ao lembrar que Márcio foi demitido quando pediu para viajar com Clóvis rumo à Bienal do Livro em Recife e ouviu um “não”. Preferiu militar pela literatura.
Lidiane Barros
Juntos, chegamos à casa de Carol, exatamente no momento em que ela chegava de bicicleta. “Estava muito ansiosa”, contou a mãe. Por lá, já estava parte da turminha da leitura esperando o papai noel. Clóvis ficou conhecido pelo trabalho que realiza junto a comunidades ribeirinhas no Natal e as crianças o tem mesmo como quem leva presentes. A imaginação faz jus à realidade. “Quando cheguei lá em dezembro, muitos tinham arquivos de vídeo da TV querendo me mostrar que tinham visto tudo”, se diverte.
Para Carol, Clovis perguntou qual o sistema de catalogação ela fazia. “Está tudo anotado neste caderno. E todo mundo empresta certinho”, mostrou. Por sua vez, ele deu a dica, “e se você fizesse por computador, tem um programa que pode te ajudar muito”. Mas Carol, não tem computador. Não tinha.
No dia em que comemora seu aniversário de 13 anos, ela vai ganhar mais presente para que seu projeto se desenvolva ainda mais. No dia 24, Clovis retorna à casa dela para levar um notebook em bom estado que parecia estar à sua espera.
Com cerca de 200 livros em seu acervo, a jornada literária de Carol com os amigos já começou a dar resultados. Ela conta que, em pouco tempo de existência, os pequenos leitores já começaram a tirar notas melhores na escola.
A biblioteca se tornou uma opção para os moradores que não têm com quem deixar os filhos em casa. A creche prometida para o bairro nunca foi construída – e o local onde deveria ter sido feita uma praça tem apenas alguns brinquedos cobertos de mato.
Como a casa é o point da galerinha do bairro, a mãe, Fabiana, planeja aumentar a varanda, para que a biblioteca de Carol se torne um lugar ainda mais acolhedor para todos. Próximo sonho em curso. “A internet, para que eles possam fazer pesquisa, vamos tentar dividir com o único vizinho que tem em casa”, planeja Fabiana.
Quer colaborar para que a semente cresça e dê mais frutos? Pode entrar em contato com Fabiana Oliveira, pelo número (65) 99237-2268 e veja como pode ajudar.
