Colunas

Calor, consumo e conta de energia elétrica cara!

6 minutos de leitura
Calor, consumo e conta de energia elétrica cara!
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A matriz de geração de energia elétrica no país possui mais de 80% proveniente de fontes renováveis, inclusive o Conselho Mundial de Energia classifica o sistema elétrico brasileiro em seu World Energy Trilemma Index com bons conceitos nos quesitos de segurança energética e sustentabilidade ambiental, mas por outro lado a conta final para o consumidor é ainda muito cara. A energia elétrica no Brasil possui atualmente uma das tarifas mais altas do mundo, boa parte influenciada pelos tributos, encargos setoriais, pelos subsídios da conta CDE-Conta de Desenvolvimento Energético e pelo mix de compras de energia no mercado regulado. Existem subsídios para o carvão, setor de saneamento, consumidor rural, irrigante, consumidor de baixa renda e para as chamadas fontes incentivadas. Se a Conta CDE fosse transferida para o Tesouro, os consumidores pagariam cerca de 13% a menos.

E volta e meia surgem as “bandeiras tarifárias” tornando a conta ainda mais cara. Devido a questões ambientais não construímos mais usinas hidrelétricas com grandes reservatórios e os fenômenos climáticos adversos estão aí. Pelo lado do consumo, há um grande potencial ase explorar para reduzi-lo. Por outro lado, as abordagens das empresas distribuidoras de energia elétrica e demais órgãos do setor elétrico tem sido muito previsíveis no tocante a economia de energia. Estampar frases como “Não deixe luzes acesas sem necessidade” por si só já não despertam mais o interesse dos consumidores.

As ações de “incentivo” das distribuidoras para os consumidores reduzirem sua conta são sempre bem superficiais, parece para “cumprir tabela”, não fogem do senso comum, não despertando o interesse do consumidor. Neste universo, o consumidor conta somente com si próprio para tentar reduzir sua conta mensal e há um bom caminho a explorar neste sentido. A gestão do tempo de uso dos equipamentos é um ponto central. A energia consumida é o produto da potência do equipamento em Watts pelo seu tempo de uso, resultando no famoso kWh. Então, a orientação é “gestão”. Gestão do tempo de uso dos equipamentos e gestão para o uso da energia de forma consciente e inteligente. Entendemos, porém, que pelo preço que se paga na conta de energia, o consumidor não pode e não deveria ficar sabendo do tamanho da mesma só no final do mês, com o gasto já comprometido.

Já passou da hora da ANEEL-Agência Nacional de Energia Elétrica implementar regulamentação junto às distribuidoras para que implantem instrumentos mínimos de gestão, dentre eles os medidores inteligentes, para utilização de todos os consumidores, grandes ou pequenos. Tais ferramentas poderiam ser viabilizadas através de uma plataforma amigável de baixo custo, utilizando interface com medidores inteligentes ou smart meters e uma rede wi-fi via celular/computador, possibilitando que o consumidor possa fazer a gestão em tempo real e telesupervisionando seu consumo dia a dia. Esses medidores inteligentes recebem, automaticamente, informações em tempo real sobre o consumo de energia. Com eles, é possível saber quais equipamentos estão consumindo mais energia, e quais são os horários de maior consumo, entre outras informações. A partir disto será possível então criar uma consciência para mudar hábitos e economizar.

Até o momento, muito se falou nos medidores inteligentes, mas não avançamos neste aspecto gerencial. Apesar dos potenciais consumidores que poderiam economizar energia elétrica neste momento estarem nos seus limites devido a alta do custo da energia, estes poderiam ajudar mais o país (e eles próprios), contudo, precisariam ter o seu consumo na “palma da mão” e on-line.

Em Mato Grosso neste período de agosto a novembro, de temperaturas muito altas e umidade baixa as contas de energia podem chegar mais “salgadas” para os consumidores. Contudo é preciso estar atento para analisar o aumento das contas de energia. Primeiramente o consumidor deve verificar se a leitura da energia foi de fato realizada ou se foi por média de consumo. Importante também analisar seu histórico de consumo, inclusive do mesmo período do ano anterior para comparar. Verificar também na conta o número de dias faturados, que deve ser de 27 a 33 dias de acordo com a legislação.

Estima-se que o calor excessivo nesta época do ano no estado influencia num aumento de cerca de 20% a 50% no consumo de energia dependendo do perfil do consumidor e quantidade de equipamentos que utiliza. Os equipamentos de refrigeração merecem atenção especial e dentro destes, o ar condicionado é o “ator principal”. De acordo com o engenheiro mecânico Arnaldo Lopes Parra, especializado em climatização e vice-presidente de marketing da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-condicionado e Ventilação-ABRAVA, entre a cada grau que se reduz no controle remoto do equipamento, são cerca de 3,5% de aumento no consumo de energia. “Existem alguns estudos da ABRAVA que comprovam que, se o ar estiver em 23ºC e o ajuste da temperatura for aumentado para 25ºC, haverá uma redução de 7% no consumo”. De forma análoga, se o ajuste estiver em 23ºC e for reduzido para 21ºC, haverá um aumento de 7% no consumo.

A nossa responsabilidade neste momento só faz aumentar e refletir sobre a necessidade de cuidar mais dos nossos recursos naturais, com preservação e sustentabilidade na sua utilização e diversificar mais a matriz de geração de energia com outras fontes renováveis, tornando-nos menos dependentes de ciclos hidrológicos mais favoráveis para armazenamentos mais satisfatórios nas usinas hidrelétricas para posterior utilização no período de estiagem. O momento é de transição energética para reduzir as emissões de carbono e a energia 4 D está na ordem do dia: Diversificação, Descarbonização, Descentralização e Digitalização.

Por fim, para otimização dos resultados, o tripé-equipamentos mais eficientes, hábitos conscientes e projetos inteligentes, deve estar bem alinhado. É preciso agir estrategicamente e com inteligência produzindo equipamentos mais eficientes e elaborando bons projetos congregar todos estes elementos. Agindo desta forma estaremos reduzindo o consumo, o gasto e ainda protegendo o meio ambiente e as futuras gerações, que nos agradecerão. Adicionalmente, é urgente a necessidade da apreciação e aprovação do PL 414/2021 em tramitação na Câmara dos Deputados que trata da modernização do setor elétrico e a abertura do mercado livre para todos os 88 milhões de consumidores cativos do país que atualmente somente podem adquirir sua energia das distribuidoras locais, permitindo o poder de escolha dos consumidores e garantindo assim competitividade e regras de mercado aos preços da energia. O consumidor agradece!

Formas de economizar energia elétrica em seu dia a dia:

  • Valorizar a iluminação natural;
  • Trocar as lâmpadas pelas do tipo LED;
  • Ar condicionado: a temperatura ideal deve ficar em 23 graus com o ambiente fechado e limpar regularmente o filtro;
  • Chuveiro elétrico: tomar banhos de até 5 minutos e utilizar a temperatura morna no verão;
  • Aparelhos em stand-by: retirar os aparelhos eletrônicos da tomada quando possível;
  • Ter atenção ao estado dos eletrodomésticos;
  • Diminuir o uso de aparelhos como ferro elétrico e máquina de lavar. Juntar a maior quantidade de roupas para utilização em uma única vez.

Teomar Estevão Magri, Engenheiro Eletricista com MBA em Gestão de Negócios, Especialista e Consultor em Energia.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes