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As alianças bíblicas

Minha análise sobre a Páscoa

12 minutos de leitura
As alianças bíblicas
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Após um período de estudo bíblico individual, coisa que me levou dois anos de dedicação no Antigo e no Novo Testamento, delineei ao menos cinco alianças entre Deus e a humanidade, na qual reconheci alguns pontos em que, mesmo diante das falhas humanas em cumprir com o estabelecido, todas elas visavam estabelecer um relacionamento de amor, comunhão e fidelidade entre Deus e seu povo.

Claro que minha intenção aqui é partir de uma experiência individual de elementos que me exigiriam estudo constante, necessidade esta que não me prospera, não me sentindo que tenha atravessado tal propósito para querer afirmar teses ou mesmo ser julgado como conhecedor do assunto. Volto a repetir que se trata de uma visão individual de uma leitura solitária do texto Bíblico, na Nova Tradução na Linguagem de Hoje, que me pareceu ser mais entendível no que pretendia conhecer.

Historicamente a Páscoa é uma das festas mais importantes do judaísmo e é mencionada em diferentes alianças na Bíblia, como a Abraâmica, Mosaica e Davídica: cada aliança tem suas particularidades e contribuições para a celebração desta importante data.

Na aliança abraâmica, a Páscoa foi estabelecida como uma celebração restrita aos israelitas e aos escravos comprados que eram circuncidados. Os estrangeiros não podiam participar da celebração, exceto aqueles que fossem circuncidados. Essa celebração era para ser realizada na casa onde o animal fosse preparado e nenhum osso do animal deveria ser quebrado. A circuncisão era uma marca da aliança de Deus com Abraão, e foi um sinal da fidelidade de Israel a essa aliança.

“O Senhor Deus disse a Moisés e a Arão: — Esta é a lei para a Páscoa: nenhum estrangeiro poderá comer a refeição da Páscoa. Porém todo escravo comprado poderá comer dela depois de ser circuncidado. Os estrangeiros, tanto os que estiverem de passagem como os que estiverem vivendo no país, vivendo de salário, não poderão tomar essa refeição. Ela deverá ser comida na casa onde foi preparada: não será tirada dali. E não quebrem nenhum osso do animal. Todo o povo de Israel deve comemorar essa festa religiosa. Não poderão tomar parte nela os homens que não tiverem sido circuncidados. Porém, se algum estrangeiro estiver morando com vocês e quiser comemorar a Páscoa em honra do Senhor, vocês deverão primeiro circuncidá-lo e também todos os outros homens e meninos da sua família. Depois ele poderá tomar parte na comemoração e será como se fosse uma pessoa nascida em Israel.” Êxodo12:43-48

Já na aliança mosaica, a Páscoa era celebrada de acordo com todas as leis e ordens a respeito dela. Se alguém estivesse impuro por haver tocado em um morto, não poderia comemorar a Páscoa na data marcada, mas poderia fazê-lo um mês depois. Se alguém estivesse puro, mas não comemorasse a Páscoa, seria expulso do meio do povo e seria castigado por causa do seu pecado. Nesta aliança, os estrangeiros poderiam participar da celebração, desde que obedecessem às leis e ordens a respeito da festa. A Páscoa era uma oportunidade para reafirmar a aliança entre Deus e seu povo.

“— No dia catorze deste mês, começando ao anoitecer, o povo de Israel deve comemorar a Festa da Páscoa, de acordo com todas as leis e ordens a respeito dela. Portanto, Moisés mandou que os israelitas comemorassem a Páscoa. Eles a comemoraram no dia catorze do primeiro mês, ao pôr do sol, no deserto do Sinai. Os israelitas fizeram tudo o que o Senhor havia ordenado a Moisés. Porém alguns homens se tornaram impuros porque tocaram num morto e por isso não puderam comemorar a Páscoa naquele dia. Eles foram falar com Moisés e Arão e disseram: — Estamos impuros  porque tocamos num morto. Será que não vamos poder apresentar a nossa oferta ao Senhor com os outros israelitas, no dia que já foi marcado? Então Moisés respondeu: — Esperem, que eu vou falar com o Senhor para saber o que ele quer que vocês façam. Aí o Senhor disse a Moisés: — Diga aos israelitas o seguinte: se algum de vocês ou dos seus descendentes estiver impuro por haver tocado num morto ou se estiver longe, viajando, mesmo assim poderá comemorar a Páscoa em honra de Deus, o Senhor. Vocês a comemorarão um mês depois, no dia catorze do segundo mês, quando anoitecer. Nessa ocasião vocês comerão o animal com pães sem fermento e com ervas amargas. Não deixem sobrar nada da comida para o dia seguinte e não quebrem nenhum osso do animal. Façam a comemoração de acordo com todas as leis da Páscoa. Mas pode acontecer que alguém esteja puro e não esteja viajando; se essa pessoa não comemorar a Páscoa, será expulsa do meio do povo, pois não me apresentou a oferta no tempo certo. E será castigada por causa do seu pecado. — Se algum estrangeiro que mora no meio de vocês quiser comemorar a Páscoa, terá de obedecer às leis e às ordens a respeito dessa festa. A mesma lei será para todos, tanto para os nascidos no país como para os estrangeiros.” Números 9:2-14 NTLH

Na aliança davídica, a Páscoa foi celebrada com o povo judeu e, em um momento crucial, Jesus realizou um milagre de multiplicação de pães e peixes para alimentar a multidão. Essa ação de Jesus demonstrou que ele era o Messias esperado, capaz de alimentar o povo com a palavra de Deus e com o alimento material. Essa celebração da Páscoa também foi um prenúncio do sacrifício de Jesus na cruz, que se tornou a oferta definitiva para a remissão dos pecados.

“A Páscoa, a festa principal dos judeus, estava perto. Jesus olhou em volta de si e viu que uma grande multidão estava chegando perto dele. Então disse a Filipe: — Onde vamos comprar comida para toda esta gente? Ele sabia muito bem o que ia fazer, mas disse isso para ver qual seria a resposta de Filipe. Filipe respondeu assim: — Para cada pessoa poder receber um pouco de pão, nós precisaríamos gastar mais de duzentas moedas de prata. Então um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse: — Está aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos. Mas o que é isso para tanta gente? Jesus disse: — Digam a todos que se sentem no chão. Então todos se sentaram. (Havia muita grama naquele lugar.) Estavam ali quase cinco mil homens. Em seguida Jesus pegou os pães, deu graças a Deus e os repartiu com todos; e fez o mesmo com os peixes. E todos comeram à vontade. Quando já estavam satisfeitos, ele disse aos discípulos: — Recolham os pedaços que sobraram a fim de que não se perca nada. Eles ajuntaram os pedaços e encheram doze cestos com o que sobrou dos cinco pães.” João 6:4-13 NTLH

Prestes à nova e eterna aliança, o evangelho de Mateus relata o momento em que Jesus celebra a Última Ceia com seus discípulos, que era a celebração da Páscoa judaica. Durante o jantar, Jesus prevê sua traição e anuncia que um dos discípulos irá traí-lo. Os discípulos ficam chocados e perguntam um por um se são eles que irão traí-lo.

Judas Iscariotes, um dos discípulos, também faz a mesma pergunta, e Jesus responde que aquele que irá traí-lo é aquele que compartilha o mesmo prato que ele. A partir desse momento, Judas se revela como o traidor e sai para fazer o acordo com os líderes religiosos que levaram Jesus à crucificação.

Este episódio é um dos momentos cruciais da história de Jesus, pois revela que ele sabia que seria traído e que seu destino seria a morte. Além disso, mostra a fragilidade dos discípulos, que não conseguiram entender completamente a mensagem de Jesus e acabaram duvidando uns dos outros.

“Os discípulos fizeram como Jesus havia mandado e prepararam o jantar da Páscoa. Quando anoiteceu, Jesus e os doze discípulos sentaram para comer. Durante o jantar Jesus disse: — Eu afirmo a vocês que isto é verdade: um de vocês vai me trair. Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a perguntar: — O senhor não está achando que sou eu; está? Jesus respondeu: — Quem vai me trair é aquele que come no mesmo prato que eu. Pois o Filho do Homem vai morrer da maneira como dizem as Escrituras Sagradas; mas ai daquele que está traindo o Filho do Homem! Seria melhor para ele nunca ter nascido! Então Judas, o traidor, perguntou: — Mestre, o senhor não está achando que sou eu; está? Jesus respondeu: — Quem está dizendo isso é você mesmo.” Mateus 26:19-25 NTLH

Foi quando então que, por intermédio de Jesus Cristo, Deus celebra uma nova aliança com a humanidade, sendo descrita no Novo Testamento da Bíblia e é considerada a última e definitiva aliança entre Deus e a humanidade. A nova aliança foi profetizada ainda no Antigo Testamento, como Jeremias, que disse que Deus faria uma nova aliança com seu povo e escreveria suas leis em seus corações.

“O SENHOR Deus diz: — Está chegando o tempo em que farei uma nova aliança com o povo de Israel e com o povo de Judá. Essa aliança não será como aquela que eu fiz com os antepassados deles no dia em que os peguei pela mão e os tirei da terra do Egito. Embora eu fosse o Deus deles, eles quebraram a minha aliança. Sou eu, o SENHOR, quem está falando. Quando esse tempo chegar, farei com o povo de Israel esta aliança: eu porei a minha lei na mente deles e no coração deles a escreverei; eu serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Sou eu, o SENHOR, quem está falando. Ninguém vai precisar ensinar o seu patrício nem o seu parente, dizendo: “Procure conhecer a Deus, o SENHOR.” Porque todos me conhecerão, tanto as pessoas mais importantes como as mais humildes. Pois eu perdoarei os seus pecados e nunca mais lembrarei das suas maldades. Eu, o SENHOR, estou falando.” Jeremias 31:31-34 NTLH

Essa nova aliança foi selada pelo sangue de Jesus Cristo, que foi derramado na cruz. Em sua última ceia com os discípulos, Jesus instituiu a Ceia do Senhor, na qual o pão e o vinho representam seu corpo e seu sangue derramado pela remissão dos pecados. Através da nova aliança, Deus oferece a salvação e o perdão dos pecados a todas as pessoas que creem em Jesus Cristo como seu salvador. Ao contrário das alianças anteriores, que foram condicionais e baseadas na obediência às leis e mandamentos de Deus, a nova aliança é baseada na graça e no amor de Deus, que oferece a salvação como um dom gratuito para aqueles que creem em Jesus.

Tenho por mim que a Nova Aliança estabelece uma nova ordem para a humanidade, na qual não mais faremos tendas ou ofertas de animais, o centro da nova aliança é Jesus Cristo e seu sacrifício na cruz: desaparece o templo físico como havia na Antiga Aliança. Isso porque, de acordo com o Novo Testamento, o corpo de cada um se torna o templo do Espírito Santo.

“Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é o templo do Espírito Santo, que vive em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês não pertencem a vocês mesmos, mas a Deus” 1Coríntios 6:19

Além disso, em João 4:21-24, Jesus ensinou que o lugar de adoração não é mais restrito a um local físico específico, como o Templo em Jerusalém, mas sim em “espírito e em verdade”, ou seja, em um relacionamento pessoal com Deus através de Jesus Cristo.

Fato é que a Nova Aliança é uma aliança eterna, que não pode ser quebrada ou revogada. Isso significa que todos os que creem em Jesus e aceitam a Nova Aliança têm a garantia da salvação eterna, possível pela fé em Jesus Cristo e do arrependimento sincero pelos pecados.

“Joguem fora o velho fermento do pecado para ficarem completamente puros. Aí vocês serão como massa nova e sem fermento, como vocês, de fato, já são. Porque a nossa Festa da Páscoa está pronta, agora que Cristo, o nosso Cordeiro da Páscoa, já foi oferecido em sacrifício. Então vamos comemorar a nossa Páscoa, não com o pão que leva fermento, o fermento velho do pecado e da imoralidade, mas com o pão sem fermento, o pão da pureza e da verdade.” 1Coríntios 5:7-8 NTLH

Espero com este pequeno ensaio – que comecei a escrever ainda em 2018 e que ficou guardado até hoje – possa compartilhar um pouquinho do meu sentimento em relação à Pascoa e as alianças, sobretudo quando neste momento somos tocados pelo amor incondicional de Deus por intermédio de Jesus Cristo, a transformação da vida que a fé genuína produz.

Fabiano Rabaneda dos Santos é advogado especialista em direito de família e sucessões

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