Para cada trabalhador de carteira assinada no campo, outros quatro estão contratados nas cidades em decorrência da produção agropecuária mato-grossense. O campo emprega de forma direta 109,3 mil trabalhados e os chamados empregos induzidos, que são gerados a partir de uma atividade, são responsáveis por empregar mais de 450 mil pessoas nas cidades.
O levantamento realizado pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta que o agronegócio é responsável por empregar 70% das pessoas ocupadas no estado. Isso acontece devido a grande influência da agropecuária na economia do estado e dos empregos gerados a partir do agronegócio, onde também são contabilizados os postos gerados na indústria, no comércio e na prestação de serviços dos produtos.
O gestor de agronegócio Luciano Vacari explica que os números apontam a importância do setor para a economia mato-grossense e do país, se consolidando como principal gerador de renda para as famílias e de receita para os cofres públicos. “Quando se estratificada os empregos e mostra os efeitos indutores, conseguimos dimensionar o impacto do agronegócio não só na geração de renda, mas na qualidade de vida da população. Nos locais onde a atividade atrai a indústria para o beneficiamento da produção, também vêm junto o comércio e os serviços e as outras atividades são afetadas, como setores de alimentos, turismo, saúde”.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam por meio do mapa do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Nas regiões onde a produção agrícola é mais intensa e tecnificada, o IDH também é maior. “Percebemos que na região médio-norte do estado há os melhores registros de qualidade de vida, como é caso de municípios como Lucas do Rio Verde e Sorriso”, explica o superintendente do Imea, Daniel Latorraca.
Para Luciano Vacari, é preciso reconhecer a importância do agronegócio para o estado como um todo, até porque as atividades são correlacionadas. “As pessoas tentam colocar o agronegócio como um setor isolado e concentrador de riquezas e isso não é verdade. O funcionário público depende da receita do agronegócio para ter seu salário pago, o comércio local dos municípios depende da renda do trabalhador do campo para vender. A economia acontece em cadeia e os setores são interdependentes”, explica Vacari.
Novos rumos
Mato Grosso, diferentemente do restante do país, apresentou crescimento 18% no número de trabalhadores no campo. No restante do país, entretanto, houve uma redução de 1,5 milhão pessoas ocupadas no setor. De acordo com Daniel Latorraca, com a mecanização das lavouras, a tendência é que o trabalhador do campo passe por um processo de qualificação para operar os equipamentos ou migrem para outras atividades.
[featured_paragraph]“Se por um lado isso pode parecer ruim, a capacitação destes profissionais traz também o aumento do poder aquisitivo e consequente melhoria de renda. O país precisa se atentar para isso e investir na qualificação de pessoas. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) vem investindo nisso é um dos aliados neste processo de preparação dos trabalhadores e dos produtores”, explica Latorraca.[/featured_paragraph]
Segundo o IBGE, em 2017 havia 15 milhões pessoas ocupadas nos estabelecimentos agropecuários, 10% a menos do que no último censo realizado em 2006, quando foram identificados 16,5 milhões de trabalhadores. A média de ocupados por estabelecimento também caiu de 3,2 pessoas para 3 pessoas, no mesmo período. Em sentido oposto, o número de tratores cresceu 49,7% e chegou a 1,22 milhão de unidades.
Em Mato Grosso, a média de trabalhadores por estabelecimento é de 3,5, maior do que a média nacional, e nos últimos 11 anos, o número de pessoas ocupadas no setor também aumentou no estado, passado de 358,3 mil para 424,4 mil.