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A visita de Lula a Portugal

O encontro de Lula da Silva com Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal, em Lisboa, tem dois aspectos, um diplomático e o outro de caráter pessoal

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A visita de Lula a Portugal
Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi (à esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa, presidente português (ao centro) e Lula, hoje, em Lisboa (Foto: Rede social)

O encontro de hoje (18), em Lisboa, de Lula da Silva com Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal, tem dois aspectos. O primeiro é o aspecto diplomático. O presidente de Portugal (em Portugal o Chefe de Estado não é o Chefe do Governo) vai receber o que ainda é, oficialmente, o presidente eleito do Brasil.

Ora, Portugal tem grande interesse nas relações com o Brasil, não só porque o Brasil já é uma grande potência econômica, mas também porque a política externa, fora da União Europeia, de Portugal assenta na CPLP – Comunidade dos países de língua portuguesa (as suas ex-colônias). O segundo aspecto é mais de caráter pessoal. O presidente Marcelo é um homem extraordinariamente inteligente com um notável curriculum político e jornalístico.

Vem frequentemente ao Rio de Janeiro, onde tem família e conhece muito bem a política brasileira. Sabe certamente do desastre que se anuncia para a economia do Brasil e sabe muito bem o que foram os governos do PT em termos de corrupção e desastre econômico.

Então os interesses portugueses, de qualquer Governo português, são de aumentar a sua influência no Governo do Brasil, de aproximar as suas políticas externas e, assim, cavalgar a sua “influência” diplomática no “país irmão”. Enquanto Presidente da República não podia deixar de parabenizar Lula pela “vitória”.

Já o Chefe do Governo Português, António Costa, apoiou a candidatura de Lula da Silva porque os socialistas fazem parte da Internacional Socialista, organização internacional, social-democrata, que tem o PT como parceiro no Brasil. Apoiou o colega candidato. Mas apoia com convicção. O Partido Socialista Português e o PT têm as mesmas convicções, até na corrupção.

É claro que Portugal é muito pequeno para se comparar ao Brasil, mas ocupar o aparelho de estado para a apropriação privada de bens públicos, está no DNA dos dois partidos.

Por outro lado, o acordo entre a União Europeia e o Mercosul foi muito impulsionado por Portugal. Se, com um hipotético Governo de Lula, conseguir assinar o acordo, será uma grande vitória para o Primeiro-Ministro António Costa que ambiciona um cargo na União Europeia depois de completar, dentro de dois anos, dois mandatos como chefe do Governo Português.

A hipocrisia é de tal ordem que recentemente António Costa afirmava sentir “saudade das relações de proximidade com o Brasil”. Nada mais falso e ridículo. Portugal e Brasil, nem durante as respectivas ditaduras, tiveram relações de proximidade.

Ao que dizem nos meios diplomáticos a “Presidenta” Dilma reuniu-se com Marcelo Rebelo de Sousa e começou por tentar falar espanhol! Santa relação de proximidade com tanta ignorância. No Itamarati ninguém disse à “Presidenta” que em Portugal se fala Português?

Artur Lami é ex-diretor-geral das Atividades Econômicas do Ministério da Economia de Portugal e consultor da Comissão de Relações Internacionais, Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Institucional da Assembleia Legislativa de Mato Grosso.

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