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A economia da influência

O que realmente queremos?

5 minutos de leitura
A economia da influência
(Photo by Debby Hudson/Unsplash)

Somos mesmo suscetíveis. Somos mesmo dados a ouvir as pessoas e a nos convencer de que elas sabem mais sobre nós que nós mesmos. 

É confortável ouvir alguém validar coisas sobre nós mesmos. É por isso que a indústria da influência é tão poderosa. 

Eu achava que estava muito bem comigo mesma, amando a minha própria companhia, vivendo a vida que eu gosto de viver e buscando os meus sonhos. Eu realmente acredito nisso! E tenho sonhos. Especialmente o de encontrar um parceiro de vida. Mas será que eu sou capaz de viver sem realizar esse sonho?

A resposta é dura. Dura porque sei que não sou e sei que tenho vivido em função de realizar esse desejo do meu coração. Tenho buscado a todo custo conhecer alguém, estar com alguém, escolher alguém…estou apegada a essa ideia e o meu foco está totalmente corrompido.

Motivos errados?

A resposta é dura, porque muito embora eu tenha muitos sonhos, esse é o que mais faz sentido pra mim. A resposta é dura porque, talvez eu esteja buscando isso pelos motivos errados. Talvez eu seja dependente demais. Emocionalmente dependente, eu digo. 

A resposta é mais do que dura, porque tenho me mantido sensível e me machuco fácil. 

A resposta é dura porque quanto mais eu busco, mais me frustro. E sinceramente, detesto estar só. Dói. Aliás, dói muito. 

Na última semana, me tornei a menina adolescente apaixonada de novo, a mesma menina rejeitada e, pra ser sincera, hoje estou com a fé abalada demais para crer que eu atraí essas situações, que elas são de minha responsabilidade e que eu posso fazer algo para mudá-las. 

Cansei. Cansei de ser tão dura comigo mesma. A minha vontade é chorar e deixar ir tudo o que tem que ir. Chorar e dizer a mim mesma que está tudo bem apesar de tudo. Chorar e dizer a mim mesma que já não sou aquela menina adolescente, agora sou mulher. Agora sou capaz de colocar limites, de decidir baseada não nas minhas necessidades, mas nos sonhos que tenho. Nada será perfeito como nos meus sonhos e é assim mesmo. Eu não sou perfeita, aliás, estou bem longe de ser e eu já aceitei isso. Mas por que (cargas d’água) estou repetindo os mesmos erros?

Bem…me falta praticidade? Ou seria uma solução? A verdade é que não me falta nada, porém ainda estou aqui suscetível a ouvir de “alguém” que algo me falta, assim eu posso aliviar o sentimento de culpa por ser incapaz de gerir as minhas próprias emoções, por procrastinar, por não saber exatamente o que fazer e ter medo. 

Quem vai fazer isso por mim? De onde virá o meu socorro? 

De fora é que não vem. Vem de dentro. Vem da fé. Vem de olhar para dentro de si e tomar decisões baseadas naquilo que quero de verdade do fundo do coração. 

Esse é o verdadeiro processo de clareza. De resto, tudo o que contarmos pra nossa mente falha e cheia de meias verdades, ela irá acreditar. Assim é o ser humano. Assim é o comportamento humano. A gente erra, e muito. A gente falha o tempo todo e somos suscetíveis demais. Somos tão suscetíveis que acreditamos em quase tudo o que nos contam sobre nós mesmos ao invés de focarmos em resultados. Tudo virou um grande modelo econômico para a indústria da influência. 

Quem influencia? Quem é influenciado? 

Então, ludibriados por aquilo que deu certo para o outro, passamos a crer que podemos fazer igual, passamos a perseguir a vida do outro e não a nossa, os sonhos do outro e não os nossos, a realidade do outro. Nos comparamos porque somos assim. Invejamos. Temos ganância e, por medo, decidimos acreditar que o outro tem uma solução miraculosa para nós, uma solução que nos guiará diretamente para onde queremos. 

Mas a questão é: o que realmente queremos?

É claro que, muitas soluções são coerentes e realmente possuem a intenção de ajudar as pessoas. Eu acredito nisso! Creio piamente que as pessoas tem boas intenções no coração e que querem guiar outras para alcançar aquilo que elas mesmas chamam de iluminação. Isso é bom. 

Contudo, se somos capazes de crer nas outras pessoas, porque não crer na emancipação de nós como seres humanos capazes de decidir e assumir riscos?

É curioso como tendemos mais a ser influenciados por pessoas que nem mesmo conhecemos, nem ao menos sabemos se a história é verdadeira… é curioso como deixamos que os outros nos digam o que fazer ao invés de sermos nós responsáveis pelo que fazemos e queremos.

Acho que somos mesmo carentes ou “carecentes de juízo” e, por isso, queremos com todas as nossas forças que seja verdade, que existe uma solução miraculosa para todos os nossos problemas. Que existe algo inovador esperando por nós por apenas setenta e tanto e noventa ao mês. 

Um problema foi inventado, uma dor foi atingida, uma solução foi criada, um cenário novo e feliz desenhado, uma visão de futuro foi gerada, um sonho acessado e agora você precisa passar o cartão em 12x para experimentar dessa graça divina…e tudo isso pautado nos nossos medos, anseios, sonhos…

Bem…talvez seja mais fácil seguir do que ser seguido. Ser guiado do que guiar. Afinal, estamos tão desesperados para que nos digam o que fazer e como ser que, talvez, ao mínimo sinal de carência, aceitamos cegamente o “milagre” do outro. Mas será que esse milagre é pra nós?

Bem…eu não sei…e quanto mais estudo, sei ainda menos. Mas talvez alguém saiba. Talvez tenha alguém por aí pra me dizer, não é?

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