Os semáforos inteligentes comprados e instalados pela Prefeitura de Cuiabá por R$ 15,4 milhões podem perder a eficácia se o tamanho das vias e das rotatórias não conseguir suportar o fluxo de veículos, segundo informaram engenheiros de trânsito ouvidos pelo LIVRE nesta sexta-feira (13).
Na opinião de Luiz Miguel de Miranda, professor de Engenharia de Trânsito da UFMT, rotatórias mais acanhadas como a da ponte Sérgio Motta podem fazer com que os semáforos sejam menos eficazes. “Sem o semáforo a intersecção [rotatória] é bem mais fluente, mas é questão de tempo até que os condutores se acostumem a reduzir a velocidade quando estiverem próximos”, afirmou.
Segundo ele, a adaptação ao semáforo é uma questão “cultural”, que passa por diversos fatores que deveriam ser solucionados na cidade, como o avanço no sinal amarelo, o tamanho das ruas e o limite de velocidade de 60 km – muito acima dos padrões europeus e americanos, onde a máxima não passa de 40 km por hora. Tudo pode prejudicar o funcionamento dos semáforos pois desregula o fluxo de veículos. Em alguns casos, segundo ele, outros semáforos deveriam ser instalados nas vias que dão acesso a rotatória da Sérgio Motta.
Já o engenheiro de trânsito Edemir Pereria diz que viabilidade do equipamento depende muito da eficiência dos estudos que foram feitos antes da instalação dos semáforos. Para o especialista, a Prefeitura tem que se atentar também para a raiz do problema: que começa nas vias de acesso a rotatória.
“Faltou talvez um levantamento mais apurado da velocidade de percurso e do volume de veículos. Principalmente porque o problema não é só no cruzamento, é preciso olhar também, na vizinhança. Esta vizinhança vem do início da Beira Rio e da Tancredo Neves e chega até na Fernando Corrêa e no Porto”, concluiu Pereira. Segundo ele, o fato destas avenidas terem poucas faixas também podem ser um problema, sobretudo por conta do aumento na frota de veículos da cidade.
Semáforo divide opiniões
Entre os condutores os semáforos não são unanimidade. Enquanto alguns condutores dizem que o equipamento solucionou o problema dos congestionamentos, outros argumentam que o fluxo de veículos está mais lento. O maior problema, segundo os críticos, ocorre justamente trecho da Beira-Rio
Um exemplo é o trecho da rotatória da avenida Beira-Rio, que liga também a avenida Tancredo Neves à Ponte Sérgio Motta. Naquela região, os condutores têm reclamado que o fluxo não mudou muito. “O engarrafamento continua o mesmo, está a mesma coisa do que era antes”, diz Fernando Ribeiro, de 59 anos. “Antigamente estava livre, os carros passavam mais fácil, agora tem que parar e esperar”, diz Alex Martins, 29.
“Eu senti que o semáforo está livrando bem o trânsito, o rodízio está bem mais justo”, diz Cadu Ávila, 33. Ele afirma que antes dos semáforos tinha de procurar outros caminhos para fugir do engarrafamento. “O semáforo foi uma boa opção, ele dá mais segurança. Na minha opinião ficou melhor agora”, acrescenta Luzielene Rodrigues.
Testes prolongados
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), as reclamações chegam principalmente daqueles condutores que eram beneficiados pela lentidão de outras faixas. Os trechos que ficaram mais lentos são aqueles que eram acelerados principalmente pelos longos congestionamentos na Beira Rio.
O sistema, segundo a assessoria, redistribuiu o tempo e o fluxo. A previsão é de que os testes na rotatória da Sérgio Motta continuem além do dia 14 de abril, como foi previsto inicialmente como sendo o dia da inauguração dos aparelhos. Os testes servirão para coleta de dados do fluxo e da quantidade de veículos nas vias.
