Nos últimos dois anos, parte da soja mato-grossense foi reconhecida pela China e União Europeia como sustentável. Entre as iniciativas que contribuíram para isso está o Programa Soja Plus, que visa a melhoria contínua das condições sociais, de trabalho e ambiental nas fazendas produtoras de soja. Para avançar ainda mais nessa questão, representantes dos estados que possuem o programa estiveram reunidos em Cuiabá, nesta semana, trocando experiências com parceiros e tradings. Também definiram metas para 2017, em que os esforços serão concentrados nas questões ambientais, no que compete ao Código Florestal Brasileiro.
Entre as metas principais está a ampliação no número de produtores atendidos. Em Mato Grosso, o objetivo é atender pelo menos 500 agricultores em 2017. “Parte dessa meta será possível devido a uma parceria firmada com a Amaggi”, diz a gerente de Pesquisa e Gestão da Produção da Aprosoja, Cristiane Sassagima. O projeto vai ocorrer nos próximos meses os municípios de Vera, Feliz Natal e Nova Ubiratã. “Só nestes municípios 60 produtores serão capacitados e atendidos pelo Soja Plus”. Atualmente o programa abrange cerca de 20% da produção da soja mato-grossense. Dos 9,3 milhões de hectares plantados com a oleaginosa em Mato Grosso, mais de 1,6 milhões de hectares são cultivados nos moldes do Soja Plus. Ao todo, 1.084 agricultores já participam do programa.
Mudanças
Completando sete anos de existência, o Programa Soja Plus trabalhou nos últimos seis anos com foco na Norma Regulamentadora (NR31), que trata de segurança e saúde na área rural. “Na época em que o programa nasceu o Novo Código Florestal ainda estava sendo discutido, por isso deixamos o assunto para ser trabalho em um segundo momento”, explica a gerente.
A gestora ressalta que hoje no campo os produtores têm dúvidas e expectativas no que compete ao módulo ambiental, temas que envolvem, por exemplo, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o Programa de Regularização de Ambiental (PRA) e Resíduos. “Trabalhando esses temas depois da aprovação do Novo Código, temos mais certeza e segurança das informações que estamos passando para o produtor rural”.
Segundo o gerente de Sustentabilidade da Abiove, Bernardo Pires, essa mudança de foco tem como objetivo fortalecer o módulo ambiental do programa. Ele destaca que ações dessa natureza estão contidas no memorando assinado recentemente entre o Brasil e a União Europeia, que visa também trabalhar com a recuperação de áreas de preservação permanente, a exemplo das matas ciliares. “Com isso conseguimos contribuir com o pagamento dos serviços ambientais e o famoso conceito de produtor de águas, que é muito utilizado lá fora e no Brasil ainda é incipiente”, disse.
Outros Estados
Além de Mato Grosso, produtores de Mato Grosso do Sul, Bahia e Minas Gerais também aderiram a iniciativa. Na Bahia, a meta da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) é atender 50 novas fazendas e revisitar outras 50. “ Desde 2015, quando efetivamente o programa foi a campo, temos 130 propriedades participantes”, afirma Samuel Leite Lopes, representante da Associação.
No caso de Mato Grosso do Sul, são 42 municípios participantes do Soja Plus e 392 propriedades atendidas. “Atualmente, o estado está trabalhando com um projeto aprovado pelo Fundo da Soja e do Milho (Fundems), que é ligada à Secretaria de Produção e Agricultura Familiar do Governo do Estado, e estamos com o objetivo de ter 150 novas propriedades”, explica Raul Roa, analista da unidade técnica do sistema Famasul.
Em Minas Gerais, a atuação do programa é um pouco diferente. Ao invés de contar com visitas de supervisores e posteriores adequações das propriedades, um técnico fica por uma semana morando na fazenda e fazendo os reajustes necessários. “Nós estamos com 56 propriedades e em 2017 queremos intensificar esse número. Estamos nos juntando com a Algar Agro e Cargill, que detêm um mailing grande de produtores. Uma das metas, desse modo, é ampliar o número de municípios atendidos, passando de cinco para 15 ou 16”, explica a Thyara Rocha, analista de projetos do Instituto Antônio Ernesto de Salvo (Inaes), ligado à Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg).
Além da ampliação nos estados já existentes, a promessa, segundo o gerente de sustentabilidade da Abiove, Bernardo Pires, é de que outros dois estados participarem do Soja Plus: Maranhão e Goiás. “Com isso seriam seis estados que estão entre os 10 maiores produtores de soja do Brasil”.
