Fim do ano chegando e aqui estamos outra vez pensando no que fizemos (ou não); no que nos motivou ou assombrou e, sobretudo, no que vamos fazer imediatamente após a virada do novo ano. Pensar no passado para organizar o futuro… entre tantos pontos da retrospectiva brasileira e mundial, o noticiário mostrou notícias que nos trouxe, principalmente, histórias de medo.

Medos generalizados e bem específicos. Ele tem tantas caras, e insidiosamente se disfarça com a máscara da ocasião, se justificando. Medo de que o dinheiro não chegue até o próximo salário, ou de que uma conta esquecida se apresente repentinamente. Medo da crise humanitária mundial, da guerra, da ameaça atômica, medo de receber uma notícia triste que modifique, instantaneamente, a frágil organização dos próximos dias. Medo da velha ou de uma nova epidemia, da inteligência artificial e medo da burrice natural. Mas, como professora, um medo que me assolou neste ano foi o dos ataques terroristas às escolas.

Tipo de barbárie originada no estrangeiro, vista como algo tão distante ao sentimento comum da cultura de paz do brasileiro, olhamos abismados para as notícias inimagináveis ao senso comum. Segundo a mídia, o Brasil vem sofrendo ataques terroristas em escolas desde 2001, ainda que mais da metade deles ocorreu de 2022 para cá. A UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso, também recebeu ameaças: no Campus de Cuiabá, duas intimidações paralisaram as aulas mas, felizmente, nenhuma se concretizou.

Os ataques às escolas brasileiras foram mapeados pelo Relatório de Política Educacional. Entre as informações apresentadas, descobrimos que 26 das 37 escolas atacadas tinham perfil socioeconômico alto ou médio-alto; e que a idade da maioria dos autores variou entre 12 e 17 anos. No total 137 pessoas – entre estudantes e profissionais da educação – foram vítimas, sendo 32 delas, vítimas fatais. Sem contar os 5 atiradores que se suicidaram na ação.

A grave situação incitou a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) a elaborar e publicar o Guia sobre Prevenção e Resposta à Violências às Escolas[3]. Nos diversos âmbitos de recomendações, o Guia fala sobre a importância crucial em não interagir com as mensagens com conteúdos relacionados à violência nas redes sociais, mesmo que a ameaça seja ou pareça real: não curta, comente ou compartilhe o conteúdo, pois “há uma competição para ver quem consegue mais atenção na mídia” e cada ataque em qualquer lugar do mundo é comentado entre os frequentadores e serve como inspiração para novos massacres. Em vez disso, entre em contato com as autoridades, pelo (61) 99611-0100 canal de WhatsApp do Ministério dos Direitos Humanos; ou diretamente pelo Disque 100.

Eu sei… eu sei… vamos pensar nas outras retrospectivas de fim de ano, essa é muito triste; ainda que necessária. Que nesses últimos dias do ano nos lembremos, (as mídias nos ajudam) das belas emoções, prazeres e delícias desfrutadas, e que as recordações nos deem o rumo das próximas ações, para que tudo de bom se repita em dobro. Com o firme desejo que a Santa Alegria de Viver seja a anfitriã do bailão 2024, e tenha o prazer de dançar de rostinho colado com nossos jovens.

***Andréa Ferraz Fernandez é jornalista. Tem doutorado na área da Ergonomia da Informação e pós-doutorado em Comunicação Audiovisual, pela Universidade de Málaga, Espanha. É docente da Universidade Federal de Mato Grosso, UFMT, lecionando nos Programa de Pós Graduação em Estudos da Cultura Contemporânea (ECCO), no Programa de Pós Graduação em Comunicação e Poder (PPGCOM) e no Curso de graduação de Cinema e Audiovisual.

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