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Por que os setores tradicionais da economia continuam a pagar mais em MT?

Renda dos mato-grossenses cresceu 14,7% em 2022 e quem estava empregado no agronegócio e construção ganhou mais

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Por que os setores tradicionais da economia continuam a pagar mais em MT?
(Foto: Reprodução/Exame)

O rendimento por mês dos trabalhadores em Mato Grosso ficou 14,70% maior entre julho e setembro de 2022. Boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Planejamento (Seplag) diz que a média estadual foi de R$ 2.958. 

Os números indicam que o ganho médio em Mato Grosso equivale a mais de dois salários mínimos, hoje no valor de R$ 1.302. No Brasil, na mesma época, a média do rendimento dos trabalhadores foi de R$ 2.652 e no centro-oeste, R$ 3.096. 

Apesar do crescimento, os setores econômicos em destaque são os tradicionais. Os postos de trabalho em agropecuária, indústria e construção civil puxaram o ganho maior na renda.  

Conforme o boletim da Seplag, a renda dos funcionários no agronegócio passou de R$ 2.899 para R$ 3.591 (23,87%). A construção civil ficou bem perto, com uma variação de 21,42%. A renda mensal na área estava em R$ 2.208 no 3º trimestre de 2021 e subiu para R$ 2.681 na reta final do ano passado. A indústria em geral fecha a lista do top 3. A renda variou de R$ 2.125 para R$ 2.533. 

Outros setores econômicos que elevaram a média estadual da renda são: 

  • Comércio: salário de R$ 2.615 (17,74%) 
  • Serviços: salário de R$ 2.483 (16,46%) 
  • Indústria da transformação: salário de R$ 2.383 (14,57%) 
  • Administração pública: salário de R$ 3.818 (11,94%) 

Mercado tradicional versus inovação tecnológica 

O economista Éber Capistrano Martins diz que o crescimento mais rápido dos setores econômicos tradicionais se explica pelos números do agronegócio, no caso de Mato Grosso. As atividades no campo refletem diretamente nos outros setores. 

Se a demanda por serviços para plantio e colheita e outros trabalhos porteira dentro está mais aquecida, o comércio e a indústria, por exemplo, terão que aumentar o trabalho para atender as demandas. 

“Se o agronegócio vai bem, tem mais trabalhadores empregados. Isso significa que mais pessoas vão sair de casa, vão procurar o comércio para comprar, e a indústria terá que produzir material para atender o aquecimento de trabalho maior na produção”, afirma. 

O efeito de fluxo e refluxo é o mesmo causado pela indústria em São Paulo. Mas, pela característica da própria indústria, o setor está mais próximo das inovações tecnológicas no dia a dia do que o agronegócio. 

O modelo dá prevalência para as atividades mais tradicionais. Isso não quer dizer, no entanto, que não exista demanda por mão de obra mais tecnológica. O economista diz que o próprio agro e o comércio são dois setores com carência de trabalhadores mais especializados em tecnologia. 

“Nós estamos em uma tendência de aumento da prestação de serviços, de pessoas que abrem cadastro de MEI (microempreendedor individual) para trabalhar em áreas específicas, de home office. Mas, o mercado ainda está deficiente, porque ainda temos um formato mais tradicional do trabalho”, comenta. 

Éber Capistrano diz que o crescimento do mercado de trabalho fora do eixo agro, comércio e construção civil é afetada pela baixa atualização profissional. Segundo ele, os empregos voltados para a manipulação de mecanismo avançado em tecnologia é uma das áreas mais carentes.

Os candidatos não têm qualificação para os postos e as vagas se mantêm abertas.

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