No Parque Cuiabá, celeiro de muitas bandas que dedicaram – e dedicam – seus esforços à produção autoral, os músicos não esperam uma oportunidade: eles próprios a cavam. Com certa distância do centro da capital, os artistas locais tiveram que se organizar e construir novos espaços para democratizar o acesso à arte musical.
Revezaram-se ao oportunizar suas “garagens” para ensaios, ocuparam o Centro Comunitário e realizaram eventos na principal praça do bairro, como uma forma manter a chama do ativismo musical acesa.
E foi assim que vários grupos foram pipocando desde o início dos anos 2000, como Mary Smoke, Rudimentares, Pleyades, Tiasques, Barba de Neném, The Melt, Mão de Vechna e Jihad, dentre outras.
O vocalista da Lord Crossroads – outra que surgiu na região -, Charlyes das Matas – ou Charlynho, como é mais conhecido – resiste com os companheiros da atual formação. “Faltava era a gente ter um estúdio por aqui”, diz ele ao revisitar a memória. Ele grava o primeiro disco solo, do qual, duas faixas já estão finalizadas. Machu Pichu e Claire foram gravadas no estúdio que é recente conquista do Parque Cuiabá.
Moby Dick
Batizado, Moby Dick, o estúdio foi montado na casa que Hygor Carvalho alugou. À estrutura que começa a ganhar vulto, soma uma piscina e uma mesa de sinuca. “É para tornar a experiência ainda mais agradável”, sorri.
O músico que já integrou as bandas Mr Fuck, Macaco Bong e mais recentemente, toca com a Salomanos, dá mais um passo junto a Charlynho e Éverton Pink, que completa o “power trio” da produção musical do Parque Cuiabá. Pink traz consigo contatos do hip hop para ampliar a cartela de clientes e ainda, comprovar como podem ser versáteis.
“Ter um estúdio é o sonho de todo músico. Estamos realizando este sonho. E aqui a gente acorda e dorme com a música. É uma imersão total, já que a gente o músico que está no processo composicional pode se hospedar por aqui. A produção vai fluindo”, ressalta Hygor.
“A liberdade criativa é muito maior”, endossa Charlyes.
O estúdio, segundo Hygor, está apto para realizar diversos trabalhos e eles esperam aumentar o número de clientes. Variedade de instrumentos e programas e plug-ins especiais estão disponíveis. “Além do preço: camarada!”.
“A estrutura que temos está apta a receber músicos e gravar seus trabalhos com produção musical de qualidade, seja qual for o estilo”, explica Igor que tem capitaneado as gravações da Salomanos – com os parceiros de banda – que tocam reggae, rap, que imprime um perfil musical bastante percussivo. “E tem o meu disco né?”, brinca Charlyes. “Que tem música andina, tem um quê de guarânia e ainda por cima, rock´n roll”, aponta.
Com a nova empreitada, certamente que o Parque Cuiabá chega a uma nova fase do histórico bastante aguerrido em prol da produção autoral mato-grossense.
Mais informações sobre o estúdio Moby Dick: 65 99975-7268