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O chamado

Estamos sujeitos a erros e falhas, apesar disso, um coração contrito elevado a Deus tem poder de ressignificar a nossa vida e os dos nossos planos

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O chamado
(Foto: reprodução)

Na percepção humana, o convite dirigido a Pedro foi em um encontro com Jesus a qual resultou em um grande milagre. Sabemos que nem todos aceitam o convite por ouvir, a depender da característica de cada um. Pedro pôde sentir e comprovar o verdadeiro Messias.

Há relatos encontrados nos livros de Mateus 4:18-22 e Marcos 1:16-20, no entanto, vamos nos deter no milagre do livro de Lucas 5:1-11, vejamos: “Certo dia Jesus estava na praia do lago da Galileia, e a multidão se apertava em volta dele para ouvir a mensagem de Deus. Ele viu dois barcos no lago, perto da praia. Os pescadores tinham saído deles e estavam lavando as redes. Jesus entrou num dos barcos, o de Simão, e pediu que ele o afastasse um pouco da praia. Então sentou-se e começou a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, Jesus disse a Simão: — Leve o barco para um lugar onde o lago é bem fundo. E então você e os seus companheiros joguem as redes para pescar. Simão respondeu: — Mestre, nós trabalhamos a noite toda e não pescamos nada. Mas, já que o senhor está mandando jogar as redes, eu vou obedecer. Quando eles jogaram as redes na água, pescaram tanto peixe, que as redes estavam se rebentando. Então fizeram um sinal para os companheiros que estavam no outro barco a fim de que viessem ajudá-los. Eles foram e encheram os dois barcos com tanto peixe, que os barcos quase afundaram. Quando Simão Pedro viu o que havia acontecido, ajoelhou-se diante de Jesus e disse: — Senhor, afaste-se de mim, pois eu sou um pecador! Simão e os outros que estavam com ele ficaram admirados com a quantidade de peixes que haviam apanhado. Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão, também ficaram muito admirados. Então Jesus disse a Simão: — Não tenha medo! De agora em diante você vai pescar gente. Eles arrastaram os barcos para a praia, deixaram tudo e seguiram Jesus”.

Antes de Jesus chamar Pedro para segui-lo, Ele estava trabalhando e cumprindo o papel que lhe foi designado. Assim também devemos nós fazer. Devemos convidar as pessoas para trabalharem na seara de Cristo, fora de suas zonas de conforto, pois é necessário cumprir a missão do “ide”, verbo este que naturalmente indica ação; ir até as pessoas, cumprir nosso papel de discípulos do Mestre aqui na terra.

Jesus não ficou apenas na teoria, Ele foi para a ação. Jesus entrou num barco simples de um mero pescador chamado Simão. Desse mesmo modo Ele deseja entrar na sua casa, local de trabalho, escola, ou até mesmo no abismo em que o ser humano se encontrar. Jesus não se importa com a bagunça da sua vida. Ele simplesmente deseja ser recebido, mas para que isso aconteça é necessário que você permita a Sua entrada.

De uma coisa sabemos, conforme relatos bíblicos e em nossas próprias experiências: quando Deus está conosco, não há naufrágio ou tempestade, que atrapalhe a Sua missão e a demonstração do Seu poder.

A pesca ocorreu no mar da Galileia, que conforme o livro “Atlas bíblico ilustrado”, de André Daniel Reinke, nos explica: “O Lago de Genesaré, também chamado Mar da Galileia ou de Tiberíades, possui 20 km de comprimento por 13 km de largura, com profundidade máxima de 48 metros, cercado de montanhas de até 700 metros de altitude. Sua água é potável, com muita vegetação nas margens e grande quantidade de peixes de mais de duas dezenas de espécies diferentes (a mais famosa delas é o Chromis simonis, ou peixe-de-são-pedro)”.

Já no barco de Pedro, Jesus deu a ordem para jogar a rede em um determinado lugar. Os pescadores estavam desanimados e suspeitando daquela ordem, já que passaram a noite toda pescando, e não conseguiram pegar sequer um peixinho, e mais, durante o dia é muito difícil pescar com redes em águas claras de um sol radiante. O fracasso dos pescadores iria repercutir na vida dos seus familiares, já que o dinheiro da profissão não tinha sido, até então, conquistado naquele dia.

Que tipos de peixes havia na época de Jesus no mar da Galileia? O livro “Doze homens extraordinariamente comuns”, de John MacArthur, explica: “Na época de Jesus, os pescadores comerciais daquele lago pescavam três tipos de peixe. Os “peixinhos” — mencionados em João 6:9, na ocasião em que cinco mil pessoas foram alimentadas — eram sardinhas. As sardinhas, juntamente com uma espécie de pão semelhante a uma panqueca, eram a alimentação básica da região. Outro tipo de peixe, conhecido como barbilhão (por causa dos filamentos carnosos no canto de sua boca), é uma espécie de carpa e, portanto, um tanto cheio de ossos, mas pode crescer até um bom tamanho, chegando a pesar quase oito quilos. (Provavelmente, em Mateus 17:27, o peixe que Pedro pescou, e que tinha na boca uma moeda, era um barbilhão. Isso porque era o único peixe no mar da Galileia grande o suficiente para engolir uma moeda e ser pego com um anzol.) O terceiro tipo de peixe comercial, e também o mais comum, era a carapeba — um peixe que se alimenta em cardumes e tem uma barbatana dorsal em forma de pente. As carapebas comestíveis têm de treze a sessenta centímetros. Carapebas fritas ainda são servidas à beira do mar da Galileia e são conhecidos popularmente como “peixe de São Pedro”.

Mesmo relutando e incrédulos, assim como nós, hoje, que criamos barreiras e distanciamentos daquEle que tem o poder para fazer grandes milagres em nossas vidas. Pedro e o seu irmão jogaram a rede, e qual foi a surpresa? A rede estava cheia de peixes, creio que tinha tantos peixes que jamais eles tivessem visto algo parecido com aquela quantidade extraordinária.

O milagre de Deus não é aplicado de forma mais ou menos ou razoável, mas de forma surpreendente, a fim de demonstrar que Ele tem o poder e o governo sobre todas as coisas do universo.

Os amigos de Pedro tiveram que ajudar a tirar os peixes do mar, já que eram muitos. A rede quase arrebentou e o barco por pouco não se afundou. Eles encheram dois barcos de peixes.

O livro “O desejado de todas as nações” relata esse episódio: “Esse milagre, acima de todos quantos havia presenciado, foi-lhe uma manifestação de poder divino. Viu em Jesus Alguém que tinha toda a natureza sob Seu comando. A presença da divindade revelou-lhe a própria ausência de santidade. Amor por seu Mestre, vergonha de sua incredulidade, gratidão pela complacência de Cristo e, sobretudo, o sentimento de sua impureza em presença da pureza infinita, tudo o subjugou. […] Pedro exclamou: “Ausenta-Te de mim, que sou um homem pecador”; todavia, apegou-se aos pés de Jesus, sentindo que dEle não se podia separar. O Salvador respondeu: “Não temas; de agora em diante serás pescador de homens”. Lucas 5:10. Foi depois de Isaías haver contemplado a santidade de Deus e sua própria indignidade, que lhe foi confiada a mensagem divina. Foi depois de Pedro haver sido levado à renúncia de si mesmo e à dependência do poder divino, que recebeu o chamado para sua obra por Cristo”.

Simão, ao ver aquele grande milagre, esvaziou-se de si e do seu ego, se ajoelhou perante o Mestre e disse para Ele se afastar, já que era um fracassado e pecador. Quem sabe Pedro, naquele momento, se achava indigno de estar diante do Mestre devido à vida que estava levando, e que, provavelmente, não era adequada. Quantas e quantas vezes nos sentimos envergonhados e não merecedores de estar diante do Pai. Quantas vezes prometemos algo a Deus e ao nosso próximo, e não cumprimos.

Porém, devemos deixar de olhar para dentro de nós, já que não há nada de bom aos nossos olhos. É indispensável que permitamos que Jesus faça o que é melhor para cada um de nós. Então, o Mestre olha bem nossos olhos e diz: “Não tenha medo! De agora em diante você vai pescar gente”. É como Jesus dissesse a Pedro, esqueça do seu passado, esqueça que é um pescador de peixes, esqueça dos seus erros, apenas siga-me, pois Eu perdoei os seus pecados, a Minha graça te basta.

No livro supracitado, menciona-se: “Até então nenhum dos discípulos se havia inteiramente unido a Jesus como colaborador Seu. Tinham testemunhado muitos de Seus milagres e Lhe escutado os ensinos; não haviam, porém, abandonado de todo sua anterior ocupação. […] Mas agora Jesus os convidava a abandonar a vida anterior, unindo aos dEle os seus interesses. Pedro aceitara o chamado. […] Antes de lhes pedir que abandonassem as redes e barcos, Jesus lhes dera a certeza de que Deus lhes supriria as necessidades”.

Após esse milagre, é importante a seguinte reflexão: há pessoas que para serem convertidas ou para aceitarem o chamado do Mestre, necessitam que um milagre seja realizado diretamente a elas, como foi o caso de Pedro. Outros, aceitam o convite mesmo que o milagre seja lhe aplicado indiretamente, como é o caso do irmão de Pedro, André, que presenciou o milagre. Já outros, mesmo sem receber ou ver o milagre diretamente ou indiretamente, apenas aceitam o chamado de Cristo, como Paulo e outros, até os dias atuais, para aqueles que creem apenas ler e ouvir a mensagem.

Em qual grupo você está inserido? Você aceita o convite do Mestre? O que precisa ser feito para você ressignificar a sua vida? Ainda está aguardando um milagre para tomar essa decisão?

Apesar das circunstâncias que Simão Pedro e os seus amigos passaram, Ellen White, no mesmo livro supramencionado, ainda diz: “Durante aquela triste noite no lago, enquanto separados de Cristo, os discípulos foram duramente premidos pela incredulidade, e cansaram-se num infrutífero labor. Sua presença, porém, lhes ateou a fé, e trouxe-lhes alegria e bom êxito. O mesmo se dá conosco; separados de Cristo, nosso trabalho não dá fruto, e fácil se torna desconfiar e murmurar. Quando Ele está perto, porém, e trabalhamos sob Sua direção, regozijamo-nos nas demonstrações de Seu poder. É a obra de Satanás desanimar a pessoa; a de Cristo é inspirar fé e esperança. A mais profunda lição que o milagre ensinou aos discípulos, é também uma lição para nós — que Aquele cuja palavra pôde apanhar os peixes do mar podia igualmente impressionar corações humanos, atraindo-os com as cordas de Seu amor, de maneira que Seus servos se tornassem “pescadores de homens”. Eram humildes e ignorantes, aqueles pescadores da Galileia; mas Cristo, a luz do mundo, era sobejamente capaz de habilitá-los para a posição a que os chamara”.

Apesar dos erros de Simão Pedro, ele abandonou o seu “eu” e foi “pescar” pessoas para Cristo. E nós, o que temos feito com o convite que bate em nossos corações todos dos dias? Deus deseja nos chamar também, porém, é preciso permitir: “Pescador de homens”, você aceitaria esse chamado?

Francisney Liberato é Auditor do Tribunal de Contas. Escritor. Palestrante. Professor. Coach e Mentor. Mestre em Educação. Doutor Honoris Causa. Bacharel em Administração, Bacharel em Ciências Contábeis (CRC-MT) e Bacharel em Direito (OAB-MT). Membro da Academia Mundial de Letras. Autor dos Livros: “Mude sua vida em 50 dias”, “Como falar em público com eficiência”, “A arte de ser feliz”, “Singularidade”, “Autocontrole”, “Fenomenal”, “Reinvente sua vida” e “Como passar em concursos – Vol. 1 e 2”, “Como falar em público com excelência”, “Legado”, “Liderança”, “Ansiedade”, “Mude sua vida em 50 dias Premium”“Inteligência Emocional”, “Manual do Concurseiro”, “Sabedoria”, “Discípulos”, “Educação Financeira”, “Recordar é Viver” e “Manual de Oratória”.

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