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Juiz alega alta periculosidade e decreta prisão de envolvidos na morte do tenente Scheifer

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Juiz alega alta periculosidade e decreta prisão de envolvidos na morte do tenente Scheifer
Foto: Ednilson Aguiar/O Livre / Tenente Scheifer é enterrado sob comoção, em Cuiabá

O juiz Marcos Faleiros da Silva decretou nessa sexta-feira (15) a prisão preventiva dos três policiais envolvidos na morte do tenente do Bope Carlos Henrique Paschoiotto Scheifer, ocorrida em maio de 2017. Na decisão, o magistrado citou a alta periculosidade dos militares, devido aos treinamentos a que já foram submetidos.

“Tratando-se de agentes com vasta experiência na atuação em operações de alto risco em ambiente urbano e rural e membros do Bope, por terem praticado o delito a traição e falsificaram procedimentos criminais para esconder seus atos ilícitos, trata-se de pessoas de alta periculosidade e não podem ficar soltos, uma vez que poderão, durante a instrução criminal, destruir provas ou intimidar testemunhas que virão depor em juízo”, diz trecho da decisão.

Faleiros ainda citou que um dos mais importantes motivos para justificar a prisão preventiva do cabo Lucélio Gomes Jacinto, do 3º sargento Joailton Lopes de Amorim e do soldado Werney Cavalcante Jovino é a ameaça aos princípios de hierarquia e disciplina previstos na Constituição Federal já que os três executaram seu próprio comandante, o tenente Scheifer.

O magistrado ainda citou que a história criada pelos três militares para acobertar a morte do tenente causou graves transtornos para a Polícia Militar e gerou gastos Estado, visto que centenas de policiais foram enviados à região em busca dos supostos assassinos do policial, que, na verdade, não havia sido morto em confronto, mas sim em uma emboscada feita por sua própria equipe por achá-lo muito “legalista” e temer ser prejudicada por ele por um suposto erro anterior.

“A prisão preventiva é necessária para a garantia da ordem pública pela gravidade concreta dos fatos, perpetrado pelo motivo torpe (porque o a vítima era muito legalista e poderia prejudicar os acusados), bem como pelo modo como ocorreu a execução, durante uma operação do Bope, ocasião em que a vítima sofreu uma emboscada, sendo alvejada pelos próprios comandados, em local ermo e de difícil acesso, com disparo de arma de fogo de alta energia cinética (fuzil) e a curta distância”.

Denúncia

No dia 11 de janeiro, o MPE formalizou denúncia contra os militares, que teriam armado uma situação para camuflar o homicídio contra o tenente do Bope.

Segundo consta da denúncia, Scheifer foi atingido por um disparo frontal que o atingiu no abdômen, efetuado por um colega de farda, em um local que havia sido, no dia anterior, palco de confronto entre policiais e suspeitos de roubo. Na época, os militares procuravam suspeitos da modalidade “novo cangaço”.

Conforme o MPE, Scheifer teve um desentendimento com a equipe na hora de registrar um boletim de ocorrência sobre a morte de um dos suspeitos do roubo, identificado por Marconi Souza Santos. Isso porque ele teria sido morto com um tiro de fuzil, disparado pelo cabo PM Lucélio, quando tentava fugir de uma casa em Matupá (695 km de Cuiabá).

A informação, colhida durante inquérito sobre a morte do tenente, é de que o cabo queria falsificar os fatos que aconteceram naquele dia.

Morte de Scheifer

Segundo o promotor de Justiça que analisou o caso, Allan Sidney do Ó Souza, testemunhas relataram durante inquérito policial que presenciaram o desentendimento entre a equipe e o tenente Scheifer. Em um determinado momento, os denunciados teriam se reunido a portas fechadas para conversar sobre o ocorrido.

No mesmo dia, durante uma diligência feita no local do primeiro confronto entre a polícia e os bandidos, Scheifer foi atingido por disparo de arma de fogo na região abdominal.

Conforme o Ministério Público, os colegas de farda sustentaram que a vítima tinha sido atingida um tiro efetuado por um dos suspeitos, que estaria em meio à mata. No entanto, depois de um laudo pericial, ficou comprovado que o projétil encontrado alojado no corpo do tenente partiu de um fuzil do cabo PM Lucélio.

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