Saiu ontem (20/08) a primeira pesquisa Ibope/Estadão/Rede Globo tratando da eleição presidencial. É lamentável a insistência dos institutos de pesquisa em manter o nome do presidiário condenado em segunda instância, Lula da Silva, no questionário. Pior: quando colocado seu nome, mantém-se disparado em primeiro lugar com mais de o dobro de intenções de voto sobre o segundo colocado. Ou seja, Lula continua comandando, de dentro da prisão, o processo eleitoral. Triste país eu dizia na semana passada e agora reafirmo de forma contundente. O paradoxo de um país inconformado com a corrupção, querendo mudanças radicais na sua representação, continua à mercê de uma trucagem eleitoral para manter uma candidatura que será, com certeza, rejeitada pela Justiça Eleitoral pela sua total ilegalidade.

Quando Lula não é incluído, seu “poste”, Fernando Haddad não consegue, por enquanto, passar de pouquíssimos 4%. Temos aí um quadro onde qualquer avaliação fica difícil de ser feita por não ter sido dado o início da propaganda eleitoral pelo rádio e TV. Alckmin, que fez os acordos mais obscuros possíveis para ter um tempo enorme a sua disposição, não conseguiu mostrar, nessa primeira pesquisa, qualquer ganho. Continua sendo um candidato sem carisma e mantendo o apelido de picolé de chuchu. Ciro, disputando voto a voto com Marina a liderança absoluta do segundo lugar, bastante distante de Bolsonaro que mantêm-se inabalável na faixa dos 20%, aguardando, aparentemente, quem será seu adversário no segundo turno. Álvaro sofre de desidratação crônica e, como rabo de cavalo, cresce para baixo.

[featured_paragraph]A partir de 31 de agosto, com início do horário eleitoral, as coisas devem ficar mais claras, como, por exemplo, s forma que os marqueteiros planejarão a desconstrução de Bolsonaro, que terá meros 8 segundos em cada bloco da propaganda. Imagina-se que tentarão usar com ele o mesmo que Dilma fez com Marina em 2014 com sucesso. Saberemos, então, se será a campanha da TV contra o celular. Em termos de redes sociais, Bolsonaro está anos-luz à frente dos outros e a cada dia impressiona a recepção a ele dada nos lugares por onde passa. Esta é uma eleição diferente de todas as outras e ainda teremos que aguardar algumas semanas para que as pesquisas possam mostrar tendências reais.[/featured_paragraph]

Aqui, na terra de Fernando Correia da Costa, cuiabano que governou Mato Grosso por dois mandatos, além de dois mandatos de senador, a pesquisa mais recente, também divulgada ontem, mostra que nada está, igualmente, definido. O candidato dissidente, Mauro Mendes, até pouco tempo fazia parte da cozinha do governador Pedro Taques, rebelou-se junto com as principais lideranças que o apoiavam e, em um mesmo balaio, tenta administrar uma grande miscelânea de partidos em função do curto tempo de campanha. Daí a necessidade de juntar o que for possível para se chegar ao eleitor através de cabos eleitorais e tempo de TV. Explicar a fratura partidária, com cada um olhando apenas para o próprio umbigo, é assunto para depois das eleições, quando da distribuição do bolo. Na próxima sexta-feira (24), a TV Centro América divulgará pesquisa por ela contratada para nosso estado. Aí, sim, será possível começar a deslumbrar o horizonte.

A pesquisa referida mostra Mauro liderando com 23% das intenções de voto, seguindo em empate técnico com Pedro Taques, que tem 18%, e Wellington, 13%. Desses primeiros números, apenas uma certeza: definição do novo governo só em 27 de outubro, após o segundo turno das eleições. E quem vai para o segundo turno, poderia perguntar o leitor? Impossível, hoje, encontrar uma bola de cristal disponível com a clareza do resultado.

A grande surpresa da semana, porém, saiu, mais uma vez, da cartola mágica de Pedro Taques. Ao editar o Decreto 1363, em 13 de agosto passado, que pela extensão do estrago bem poderia ter sido uma sexta-feira, o governador deu o tom do seu despreparo para a gestão: repetiu o que havia feito no início do governo ao parcelar em 11 vezes os débitos de fornecedores. Sem juros e correção monetária!

A diferença, desta vez, é que praticou um ato flagrantemente ilegal e perigoso. Ilegal porque desrespeita a Constituição. Ilegal porque fere flagrantemente a Lei de Responsabilidade Fiscal. Ilegal porque fere a Lei de Licitações e, além disso, dá um “chapéu” inesquecível na Assembleia Legislativa e no Tribunal de Contas do Estado. Ou gastou sem previsão orçamentária, ou omitiu gastos.

Por que dividir em 11 vezes? Porque em 12 ou mais, seria necessária a autorização da Assembleia e haveria a obrigatoriedade de pagar o valor corrigido. E como explicar que ludibriou o TCE, não apresentando essas dívidas como restos a pagar no Balanço de 2017? E no Balanço de 2018 como ficarão os restos a pagar? Além das dívidas ilegalmente parceladas a ela deverão se somar a folha de pagamento de dezembro de 2018, além dos encargos. Teremos um déficit entre 1,8 a 2,3 bilhões de reais. Esse é o exemplo de gestão que ele tanto proclama aos quatro ventos. Isso pode causar consequências horríveis para o Estado, sem prejuízo de ter de responder por improbidade administrativa. A dúvida que fica: e os deputados estaduais vão jogar mais essa lambança para debaixo do tapete?

Lamentavelmente, há, sim, um cheiro de podre no ar.

*Ricarte de Freitas
Advogado, analista político e ex-parlamentar estadual e federal

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