Judiciário

Funcionários de Arcanjo têm receio pelo histórico de violência, diz delegado

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Funcionários de Arcanjo têm receio pelo histórico de violência, diz delegado
Delegado Luiz Henrique Damasceno, da Defaz (Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Uma semana depois de uma das maiores operações, em 2019, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), com apoio da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra Administração Pública (Defaz), a Operação Mantus, a Polícia Civil não conseguiu a colaboração de nenhum membro da organização Colibri, chefiada pelo ex-comendador de Mato Grosso, João Arcanjo Ribeiro.

Para o delegado Luiz Henrique Damasceno, titular da Defaz, a situação seria decorrente do histórico de violência que pesa contra Arcanjo. Apesar disso, os delegados à frente da investigação afirmam que as ações não foram prejudicadas.

“A gente acredita que, pelo histórico do grupo Colibri, os membros têm mais receio. É um histórico de violência, que todo mundo conhece. Então, pode ser em razão disso”, alegou Damasceno.

Conforme investigações da Polícia Civil, a organização de João Arcanjo Ribeiro atua em Mato Grosso há pelo menos 30 anos e tem a fama de “intimidar” devedores e potenciais concorrentes.

João Arcanjo Ribeiro passou os últimos 15 anos preso após ter sido condenado por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, homicídio e contravenção penal. Apesar de ser questionado sobre a existência de um sócio ou “patrocinador” de suas ações, o ex-comendador jamais entregou o nome de qualquer “comparsa”, o que reafirmaria a postura silenciosa da organização.

De acordo com o delegado Flávio Stringueta, da GCCO, a “falta de colaboração” dos alvos da Operação Mantus não deve atrapalhar as investigações, uma vez que, segundo informou, a Polícia Civil já teria robustas provas contra cada um dos investigados.

(Foto: Ednilson Aguiar/O Livre) – Delegado Flávio Stringueta, da GCCO

“O direito ao silêncio que eles exerceram não modificou nada no inquérito. Nós já tínhamos provas suficientes contra cada um deles, então duvido que consigam algum habeas corpus positivo para liberdade”, comentou.

Apesar disso, ainda há expectativas em relação ao interrogatório de João Arcanjo Ribeiro. A oitiva com o líder da organização está marcada para a tarde de quinta-feira (6).

Delatores

Apesar do silêncio marcado pela organização Colibri, dois membros da organização rival, a Ello/FMC, resolveram confessar suas participações e delatar o esquema. A organização deles é chefiada pelo empresário Frederico Muller Coutinho, que também foi delator da Operação Sodoma, que apurou esquema de corrupção no governo de Mato Grosso e resultou na condenação do ex-governador Silval Barbosa.

Os delatores do esquema foram João Henrique Sales de Souza e Edson Nobuo Ybumoto.

Segundo as investigações, João Henrique atuava como recolhedor dos valores arrecadados com a jogatina ilegal, enquanto Edson Nobuo era o gerente operacional em Tangará da Serra (240 km de Cuiabá). Contudo, a Polícia Civil não forneceu detalhes sobre a confissão dos envolvidos.

De acordo com o delegado Flávio Stringueta, a colaboração dos investigados pode auxiliá-los nos próximos passos. “A justiça sempre analisa com bons olhos quem colabora, e até há redução de pena”, lembrou.

A Operação

Segundo a Polícia Civil, a operação recebeu o nome de Mantus em função do seu significado na mitologia etrusca: Trata-se do deus do mundo dos mortos no vale do rio do Pó. “Mantus” também é conhecido como o Deus do azar, uma vez que chamava atenção de suas vítimas através de jogos, roubando, assim, suas almas.

A operação foi deflagrada na manhã do dia 29 de maio e resultou na prisão de 33 pessoas, além do cumprimento de 30 mandados de busca e apreensão. Entre os presos estão o próprio João Arcanjo Ribeiro, seu genro Giovanni Zem Rodrigues, e o empresário Frederico Muller Coutinho, que chefiava a organização Ello/FMC, principal concorrente do ex-comendador.

Giovanni Zem foi apontado pela investigação como líder da Colibri junto de Arcanjo, passou por interrogatório na terça-feira e permaneceu calado. Sua defesa, patrocinada pelo advogado Ulisses Rabaneda, já entrou com pedido para a liberdade do empresário.

Frederico Muller, por sua vez, foi interrogado na manhã desta quarta-feira (5) e também se recusou a colaborar com a polícia.

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