O cinema nacional gosta mesmo é de abordar temas sociais a partir da dicotomia entre Deus e Diabo. Grandes obras audiovisuais como O Auto da Compadecida (2000) e, mais atrás no tempo, o clássico do movimento Cinema Novo, Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), já traziam os dilemas católicos para retratar a realidade brasileira, cada um ao seu gênero.
Dessa vez é Toni Venturi, documentarista de dramas densos, que aposta na temática e estreia na comédia com uma adaptação do conto A Igreja do Diabo, do autor realista Machado de Assis. A pré-estreia do filme será realizada nesta quarta-feira (22), às 20h, no Cine Teatro e contará com a presença do diretor, que está em Cuiabá como um dos consultores do projeto MTLab. A entrada é gratuita.
Em “Comédia Divina” o diabo é o galã Murilo Rosa. Ele carrega características humanas e prega os pecados que todos querem ouvir. Já Deus é uma mulher negra que, na pele da atriz consagrada Zezé Motta, contraria a convencional figura do velhinho de barba e olhos claros que atravessa séculos.
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Zezé Motta interpreta Deus em Comédia Divina.
“Desacreditado no imaginário das pessoas e preocupado com seu decrescente market share, o Diabo resolve vir a terra fundar sua própria igreja onde tudo o que é proibido passa a ser permitido. O ser humano é estimulado a liberar seus instintos primais e realizar suas fantasias reprimidas. O pecado não é a gula, mas a fome. A inveja é a essência da concorrência e o que faz a humanidade progredir”.
Com bom-humor, leveza e ironia, o longa-metragem de Venturi revela hipocrisias do país e denuncia uma sociedade do espetáculo. Na trama, é através da televisão que o Diabo propaga suas morais, constituindo, assim, uma crítica ao poder da mídia e da religião. Interessante, não?
Além de Venturi, o roteiro é assinado por José Roberto Torero, Marcus Aurelius Pimenta, Caroline Fioratti. Também estrelam na telona os atores e atrizes Monica Iozzi, Juliana Alves, Thiago Mendonça e Dalton Vigh.
