Judiciário

Empresária admite que mandou matar Toni Flor e alega que era vítima de violência doméstica

Ana Claudia de Souza Oliveira Flor alegou que no dia posterior à conversa em que pede a morte do marido, já sinalizou que não queria seguir em frente. O assassino teria cumprido o combinado mesmo assim.

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Empresária admite que mandou matar Toni Flor e alega que era vítima de violência doméstica

A empresária Ana Claudia de Souza Oliveira Flor admitiu ter mandado matar o marido, Toni da Silva Flor, de 31 anos, devido à violência doméstica que sofria. Todavia, a representante comercial alegou que voltou atrás no plano, mas alguém seguiu adiante na empreitada. Por medo, ainda assim, a mulher teria pago R$ 30 mil a um homem que ela não sabe identificar.

A confissão de Ana Cláudia aconteceu nesta quinta-feira (24), durante a última audiência de instrução processual do caso, na Capital. O juiz da 12ª Vara Criminal, Flávio Miraglia, interrogava a acusada e questionou se a mulher teria encomendado a morte do marido. Chorando, a empresária admitiu que sim.

A mulher argumentou que não confessou antes para poupar as três filhas do casal de mais sofrimento. Toni foi morto a tiros em agosto de 2020, quando chegava a uma academia, na Capital.

Em seu interrogatório, Ana Claudia relatou que ficou com Toni por 18 anos e desde o início do relacionamento o homem demonstrou ser bastante ciumento. Mas mesmo assim, a mulher manteve a relação, pois acreditava que aquele comportamento seria um cuidado, uma forma de amor.

Todavia, Ana Claudia narrou que por várias vezes Toni a agrediu violentamente. Tanto que ela registrou ocorrências na polícia e o casal chegou a se separar por algumas vezes.

A ideia de que Toni seria uma pessoa violenta foi reforçada pelas testemunhas de defesa apresentadas por Ana Claudia. Uma das vizinhas que foi ouvida, relatou que um dia deu um remédio à mulher que tinha sido jogada do carro pelo marido, estava mancando e tinha perdido uma das unhas do pé.

A encomenda

Ana Claudia disse que o marido era muito ciumento e a agrediu diversas vezes (Foto: Acervo pessoal)

De acordo com a acusada, um dia, durante uma briga, Toni a ameaçou com uma faca. Quando viu a cena, a filha mais velha do casal teria tentado defender a mãe. “Ele disse: ‘eu mato você e mato sua mãe'”, narrou Ana Claudia. Segundo a mulher, em outras oportunidades, o marido teria ameaçado novamente ela e as filhas do casal.

Naquele dia, então, Ana Claudia saiu de casa com as três filhas e foi até a casa de Ediane Aparecida da Cruz Silva, sua manicure. A jovem não ficava em casa aos finais de semana e cedeu o imóvel para a amiga ficar com as filhas.

“A Ediane disse ‘acho que posso resolver isso para você, tem um pessoal’. Eu achei que era surra. Ela disse que ia ver. Depois um rapaz me ligou, não se identificou, disse quero fazer umas perguntas para a senhora”, relatou Ana Claudia. “Mas por que a senhora quer matar seu marido?, ele me perguntou e eu respondi: “Porque eu acho que vou morrer, ele pode me matar e matar minhas filhas”, alegou a mulher emocionada.

Ana Claudia contou que a pessoa ao telefone perguntou se ela tinha amante ou a motivação do crime seria dinheiro, porque se a resposta fosse positiva, não aceitaria a proposta. “Ele disse que não aceitava homem bater em mulher”, complementou.

Conforme a acusada, em outro dia uma outra pessoa ligou e tentou se passar pelo primeiro contato. “Vou fazer, quero R$ 60 mil”, comunicou. A mulher alegou que cancelou a contratação e já estaria reatando a relação com o marido.

Toni é executado

Toni foi ferido a tiros quando chegava para treinar em uma academia de jiu-jitsu da Capital (Foto: Acervo pessoal)

A conversa de Ana Claudia para contratar o assassino e revogar o plano teria acontecido aproximadamente 40 dias antes do crime. Porém, mesmo assim, a pessoa teria seguido adiante e executado Toni.

A empresária alega que não acreditou que seria a execução do contrato, mas sim que o marido tinha sido confundido com um policial. “Ele mesmo me disse isso. Eu comprei essa ideia”, argumentou.

Dias após a morte de Toni e de ter realizado uma carreata pedindo Justiça, Ana Claudia teria recebido uma ligação com a cobrança pelo serviço. Um homem teria dito que tinha feito o que havia sido pedido.

Com medo, a mulher aceitou fazer um pagamento. Foram entregues R$ 30 mil a um homem, de boné e de máscara, à noite, em um posto de combustível, próximo ao terminal rodoviário de Cuiabá. Ana Claudia não sabe dizer quem seria esse homem.

A mulher negou que tenha enviado a Igor Espinosa, apontado pelas investigações como o atirador e que, inclusive, já confessou o crime, fotos de Toni e do carro que ele usava. A representante comercial negou também que tivesse relacionamentos extraconjugais e afirmou que era a proprietária da empresa, e Toni se tornou sócio depois.

O processo segue em tramitação e o Ministério Público deve se manifestar nos próximos dias. Depois, vem o prazo para a defesa dos acusados.

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