Judiciário

Começam as audiências de instrução processual do caso Toni Flor

As oitivas de testemunhas e acusados acontecerão durante toda a semana. Os depoimentos do primeiro dia foram interrompidos após queda de energia na PCE, onde parte dos acusados está detida

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Começam as audiências de instrução processual do caso Toni Flor
(Foto: Acervo pessoal)

As audiências de instrução com oitivas de testemunhas e acusados do crime que vitimou Toni da Silva Flor, de 31 anos, começaram nesta segunda-feira (21). Os depoimentos devem ser colhidos até a próxima sexta-feira (25) para a confecção de provas do caso. Toni foi morto a tiros em agosto de 2020, quando chegava a uma academia, na Capital.

Dentre as testemunhas ouvidas hoje está Jeferson Jemes de Paula, o amigo e instrutor de jiu-jitsu de Toni e responsável por socorrer a vítima após os disparos.

O rapaz confirmou que recebeu uma ligação no dia do crime, era um outro aluno informando que Toni estava ferido. Ao chegar à academia, que fica na avenida Miguel Sutil, Toni estava ao telefone conversando com a esposa, Ana Cláudia de Souza Oliveira Flor, repassando as senhas importantes e pedindo que ela cuidasse das filhas do casal.

Jeferson levou Toni para o Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), no percurso perguntou ao amigo o que tinha acontecido. A vítima, deitada no banco de trás do veículo relatou, que chegou à academia e foi abordada por um homem que gritou apenas “perdeu, perdeu” e realizou os disparos.

“Ele disse que tinha sido confundido com outro colega porque eles tinham um carro igual. ‘Pode ficar tranquilo, isso não foi para mim’, ele falou”, reforçou Jeferson.

O instrutor de jiu-jitsu lembrou ainda que um dois alunos contaram que ao chegarem à academia viram um rapaz sentado na calçada. A dupla cumprimentou o homem e foi para a área de treino. Depois do ocorrido, uma das testemunhas relatou que dias antes já tinha visto o atirador nas proximidades da academia.

“Ruim de tiro”

A outra testemunha ouvida foi Aldina Marcia Alez Herter, esposa de um amigo de Toni. No dia do crime, Aldina relatou que encontrou a amiga no HMC. “Ela saiu para me encontrar após a cirurgia dele e disse: ‘ele ta vivo, graças a Deus. O médico disse que quem atirou era ruim de tiro'”, relatou a mulher.

O que chamou a atenção, segundo a mulher, é que depois, Ana Cláudia teria ligado para Igor Espinosa, apontado como o autor dos disparos, e usado a expressão “ruim de tiro”.

A mulher relatou que antes do crime, a vítima e Ana Cláudia se separaram três vezes, no intervalo de um ano. Inclusive, Toni teria confidenciado ao amigo, marido de Aldina, a intenção de se separar e já teria comunicado a esposa desse interesse em acabar com o relacionamento dos dois.

Aldina confirmou que chegou a ouvir de Ana Cláudia sobre o pacto de morte em caso de traição, mas não deu muito crédito à história.

Sem informações

Já as testemunhas Fabrícia Pereira de Oliveira e Cristiane Silva pouco acrescentaram à fase de instrução processual.

Cristiane até chegou a negar que tenha fornecido alguma informação durante o inquérito policial. A manicure disse que assinou o documento sem ler e que o delegado responsável pelo caso, Marcel Oliveira, a teria ameaçado com um processo se ela não confirmasse o que estava escrito ali.

O promotor Samuel Frungilo pediu então que seja instaurado uma investigação por falso testemunho contra Cristiane. Já o advogado Jorge Godoy, que representa Ana Cláudia, pediu que a conduta do delegado seja apurada.

Presa há pouco mais de um mês por tráfico de drogas, Cristiane negou que esteja sofrendo ameaças feitas por Ana Cláudia.

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Provas robustas

A DHPP foi responsável pela investigação do caso e delegado Marcel Oliveira destaca que comportamento de Ana Cláudia chamou a atenção ao tentar afirmar que o relacionamento com o marido estava em boa fase  (Foto: Assessoria Polícia Civil)

O último a ser ouvido nesta fase inicial foi o delegado Marcel. O policial foi o responsável por toda a investigação do caso desde o princípio até o relato do inquérito.

Marcel comentou que assim que assumiu as apurações o caso já estava registrado pela Polícia Militar e por Ana Cláudia, mas a ocorrência não era de latrocínio. Por isso, o caso foi tratado como homicídio.

O policial reforçou que Ana Cláudia tentou sustentar a versão de crime durante todo o tempo, inclusive após a prisão de Igor. Porém, desde seu primeiro depoimento, chamou a atenção da polícia porque quis passar a imagem de um relacionamento amoroso, pacífico. Contudo, meses antes, a mulher registrou uma ocorrência por violência doméstica.

“Questionei sobre o b.o., ela respondeu que ‘aconteceu mas a gente se agrediu mutuamente’, insistiu que o relacionamento era bom”, relembrou o delegado.

As investigações demonstraram que Ana Cláudia tinha relacionamento com outro envolvido no crime, Sandro Lúcio dos Anjos da Cruz Silva, irmão de Ediane Aparecida da Cruz Silva. Essa mulher, inclusive, foi quem fez procurou os responsáveis por encontrar uma outra pessoa que poderia praticar o crime.

Marcel frisou ainda que as oitivas de outras testemunhas, à época, reforçavam o interesse de Toni em se separar e a família da vítima pontuou sobre a disputa acerca do patrimônio do casal. Após a morte do marido, Ana Cláudia assumiu os contratos do marido.

Após a prisão de Igor, a mulher teria dito aos familiares de Toni que o acusado deveria ser morto, afinal, não estava preso por conta do assassinato, mas por conta do rompimento da tornozeleira eletrônica. Na verdade, o que Ana Cláudia queria, era realizar uma “queima de arquivo”.

Suspensão temporária

O depoimento do delegado foi suspenso pelo juiz Flávio Miraglia, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, porque os acusados que estão detidos na Penitenciária Central do Estado (PCE), Dieliton Mota da Silva, Igor Espinosa e Wellington Honorio Albino não conseguiriam acompanhar os depoimentos por conta da queda de energia.

A oitiva será retomada nesta terça-feira (22), quando serão ouvidas também outras testemunhas.

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