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Derivado do sangue que poderia salvar vidas é descartado por hemocentros no Centro-Oeste

Associação Brasileira de Bancos de Sangue defende melhor aproveitamento do plasma para ampliar acesso a medicamentos e tratamentos de saúde no Brasil

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Derivado do sangue que poderia salvar vidas é descartado por hemocentros no Centro-Oeste
(Foto: Ednilson Aguiar / arquivo / O Livre)

O plasma, derivado do sangue coletado nas doações em bancos de sangue públicos e privados em todo o país, é essencial para produzir medicamentos para tratar hemofilia, insuficiência renal crônica, doenças do fígado e imunodeficiências, entre outras doenças. No entanto, o Brasil descarta a maior parcela do total de plasma produzido pelos bancos de sangue no país, alerta a Associação Brasileira de Bancos de Sangue (ABBS).

No Centro-Oeste, segundo o boletim de produção hemoterápica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), divulgado no ano passado, foram descartadas 126,3 mil bolsas de plasma. O volume equivale a 72% das doações coletadas na região (173,7 mil bolsas de sangue).

A legislação atual não permite o aproveitamento do plasma pelos hemocentros privados. A Hemobrás – Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia – é a única farmacêutica autorizada a utilizá-lo para a produção de medicamentos.

“A PEC 10/2022, que tramita no Congresso, é uma oportunidade de reparar este problema histórico grave: o desperdício de plasma no país. Queremos reverter esse jogo, que contribuirá para salvar a vida de milhares de brasileiros anualmente. O Brasil tem grupos econômicos com expertise e interesse em produzir medicamentos a partir do plasma. Com isso, o país poderá alcançar a autossuficiência desta produção, em vez de depender de medicamentos importados”, afirma o médico Paulo Tadeu de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Bancos de Sangue (ABBS).

A mudança permitiria a participação da iniciativa privada nestas atividades. Segundo cálculos da ABBS, o mercado de hemoderivados movimenta R$ 10 bilhões por ano na América Latina. Portanto, a produção de medicamentos a partir do plasma pelo setor privado brasileiro tem o potencial de fortalecer a base produtiva nacional de hemoderivados, representando elevação do nível de emprego, de renda e de arrecadação de tributos.

“Plasma é uma matéria-prima rara, cara e difícil de obter. Durante a pandemia, o país sofreu um desabastecimento dos medicamentos produzidos com este hemoderivado, porque dependemos da importação. Isso comprometeu os tratamentos de milhares de pessoas e muitas morreram por causa dessa situação”, afirma o Dr. Almeida.

Segundo o especialista, com a aprovação da PEC, a iniciativa privada poderá contribuir para complementar o fornecimento de plasma no país, em vez de simplesmente descartá-lo, mantendo-se o compromisso e o respeito com a ética médica.

“Desta forma, seria possível ampliar o acesso ao tratamento adequado da população que depende destes medicamentos e, ao mesmo tempo, contribuir com o equilíbrio do sistema de saúde do país”, finaliza.

(Com Assessoria)

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