Comportamento

De volta ao antigo normal: saiba o que esperar quando for às compras de Natal

As vendas pela internet caíram e as lojas estão mais cheias. Psicanalista diz que, mais que um fenômeno da economia, pode ser uma mudança social

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De volta ao antigo normal: saiba o que esperar quando for às compras de Natal

Se você ainda não fez as compras de Natal e está considerando que esta é uma boa oportunidade para reviver os velhos tempos – aqueles de antes da pandemia, quando íamos ao shopping e voltávamos para casa carregados de sacolas -, saiba que esse momento nostalgia deve ser completo, com direito a fila nos estacionamentos e provadores e disputa por espaço nos corredores das lojas.

Não, nós não queremos te desanimar. É que, ao que tudo indica, os cuiabanos cansaram do “novo normal” e estão retomando antigos hábitos. Trocando as compras online, pelo velho e bom bate-perna no comércio “físico”.

A psicóloga e psicanalista Caroline Weiss diz que ainda é cedo para apontar para uma explicação, mas uma possível seria: “as pessoas lembraram que estar na presença de outras é bom”.

“A vida social serve como um alento para o nosso dia a dia difícil. Durante o isolamento, vimos como esse contato com o outro é importante. E nos depararmos com a falta dele também foi importante para chegarmos onde estamos agora”.

O novo antigo normal

Os números da Black Friday deste ano apontam na mesma direção. A quantidade de pedidos feitos via internet caiu 23%. Em outras palavras, quer dizer que de cada 10 produtos vendidos de forma online no ano passado, pelo menos 2, neste ano, ficaram nos estoques.

Foto: Divulgação/Assessoria AMAD

Um fenômeno que Geraldo José Z. do Prado, dono da rede de lojas de moda masculina Casa Prado, já vinha notando. “Neste fim de ano, as pessoas parecem mais dispostas a andar de loja em loja. Os shoppings estão bem mais cheios que no fim do ano passado”.

A pandemia fez a Casa Prado adotar um sistema de vendas delivery, que continua em funcionamento, mas num ritmo mais lento. “Os pedidos por lá reduziram. As pessoas querem mesmo ir até a loja”, constata o empresário.

Pegar nos produtos, poder fazer perguntas ou, simplesmente, se sentir bem atendido com um bate-papo descontraído com o vendedor. É isso que as pessoas têm buscado no comércio tradicional, avalia Mônica de Souza, gerente da MMartan do Shopping Estação, em Cuiabá.

No caso da loja dela, o movimento de clientes aumentou 30%, em comparação com o mesmo período do ano passado. “Bem acima das nossas expectativas”.

Foi tudo em vão?

Mas a aparente e repentina mudança de hábitos do consumidor não quer dizer que todo o investimento no e-commerce foi para a lata do lixo. Mônica, por exemplo, diz que as vendas online se mantiveram na casa dos 20% do faturamento da loja. E mais do que isso, o atendimento via internet, muitas vezes, é exatamente o que faz o cliente querer visitar a loja física.

Imagem Ilustrataiva (Foto: Assessoria)

Para Geraldo, o ganho foi um pouco diferente. O sistema online permitiu uma melhor integração entre as lojas da rede. Se o cliente visitar uma delas e não encontar o produto lá, o vendedor pode buscá-lo, via internet, numa outra, garantindo a satisfação.

“É quase um paradoxo. A vida online é muito prática, mas também nos lembrou o quanto é especial estar na presença de outro ser humano”, diz a psicanalista Caroline Weiss, que também ampliou sua clínica graças à tecnologia.

“Hoje eu também atendo pessoas de outras cidades, Estados e até países. As relações de consumo das pessoas mudam e as lojas, com certeza, puderam ampliar seus mercados. Mas nada substitui o contato físico”.

E aí? Desistiu de ir ao shopping?

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