Principal

Carta de Einstein indicava Rondon a Nobel da Paz

5 minutos de leitura
Carta de Einstein indicava Rondon a Nobel da Paz

Reprodução Internet

Einstein e Rondon

O físico alemão, Albert Einstein indicou o mato-grossense Cândido Rondon ao Nobel da Paz

O criador da teoria da relatividade, Albert Einstein nem o havia conhecido pessoalmente, mas bastou relatos calorosos sobre o homem e seu trabalho quando visitava o Rio de Janeiro para que ele subitamente reconhecesse o caráter vultuoso do Marechal Cândido Rondon. Nascido em Mimoso, em 1865 é um herói mato-grossense, uma das personalidades mais importantes da história do Brasil.

Saindo da cidade carioca a caminho de Berlim, ainda dentro do navio, Einstein escreveu ao presidente do comitê do Nobel da Paz, indicando Rondon ao prêmio por seus feitos na defesa e proteção dos índios. O documento original está reproduzido no livro Cartas Brasileiras, organizado pelo escritor e jornalista, Sérgio Rodrigues e que traz correspondências que marcaram o país.

O registro de Einstein foi garimpado no arquivo da Universidade de Jerusalém pela pesquisadora Heloisa Fischer, mulher do escritor que colaborou com o estudo. A original está reproduzida no livro e assim como as outras 80 que integram a publicação, traz um pequeno texto contextualizando a história.

“Permita me chamar sua atenção para a atividade do general Rondon, do Rio de Janeiro, porque em minha visita ao Brasil tive a impressão de que este homem seria um digno merecedor do prêmio Nobel da paz. Seu trabalho consiste na integração de tribos indígenas aos meios civilizado sem uso de armas nem qualquer forma de coerção. (…) Sendo do seu interesse posso fornecer mais detalhes, mas seria melhor se o senhor, por meio de seus enviados noruegueses, buscasse diretamente a informação”, disse Einstein.

Reprodução livro Cartas Brasileiras

carta de Einstein indicando Rondon a Nobel da Paz

Carta escrita por Einstein em 1925 revela indicação de Rondon a Nobel da Paz

Naquele ano, 1925, o prêmio idealizado por Alfred Nobel para reconhecer o que contribuam para “o entendimento entre os povos e a eliminação ou a redução de armamentos, assim como formar ou impulsionar convenções de paz” foi entregue a Austen Chamberlian – por reduzir as tensões entre a França e a Alemanha após a 1ª Guerra e Charles Gates Dawes, por redigir o relatório que definiu as reparações da Alemanha após a 1ª Guerra. 

Alguns poucos brasileiros foram indicados ao prêmio e até os dias atuais, nenhum deles ganhou. No final dos anos 50, Rondon figurou mais uma vez dentre os possíveis indicados.

Ao LIVRE, Sérgio conta que o sertanista brasileiro ganha outro destaque no livro. Desta vez, com uma carta que foi encaminhada por ele aos irmãos Villas-Bôas. “Nesta, demonstrava grande preocupação. Recomendava aos irmãos Cláudio e Leonardo que tivessem muito cuidado com as pessoas que trabalhavam com eles que segundo Rondon, não tinham cultura moral para respeitar as famílias indígenas”.

O livro – lançado há três semanas – passeia pelo mundo das cartas com conteúdos muito ecléticos. Cobrindo cinco séculos começa com Pero Vaz de Caminha e termina com a carta-desabafo que Temer escreveu a Dilma.

“Não é um livro acadêmico, nem de estudo aprofundado. É um passeio lúdico e não segue uma ordem cronológica. O ideal é que o leitor navegue pelo livro. Há fotos, reproduções de cartas e textos que contextualizam o momento em que foi escrita”, explica.

Ele conta que há também cartas anônimas. Algumas podem surpreender, como é o caso da escrita por uma estudante ao presidente JK, pedindo ajuda no dever de casa que deveria traçar um perfil do governante. “Se ele respondeu, não sabemos, porém, ela foi encontrada nos arquivos dele”.

Há também uma encaminhada pelos Congregados Marianos ao ministro da Justiça à época da Ditadura Militar que pede a ele mais censura, que segundo eles, estaria muito branda.

“Tem ainda uma carta em que Elis Regina declara seu amor ao filho João Marcelo Bôscoli que devia ser entregue pela família quando ele completasse 18 anos, mas ele só teve acesso décadas depois. Elis parecia temer o fim trágico, pois pediu que fosse guardada e entregue a ele anos depois. A carta foi redescoberta pelo biógrafo da cantora”.

Segundo Sérgio, o livro inspirado no Cartas Extraordinárias, de Shaun Usher, não tem tom saudosista, mas se configura como uma celebração a um outro modo de se comunicar. “Não faz mais sentido como fez um dia, mas nos faz refletir sobre uma certa lentidão na escrita e na leitura que se perdeu”, finaliza.

Sérgio é mineiro e mora no Rio de Janeiro desde 1980. Seu romance mais conhecido é “O drible”, premiado pelo Portugal Telecom de 2014. Conheça mais do trabalho do escritor em seu site oficial.

Reprodução Capa/Bel Pedrosa

cartas brasileiras

 

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes