As 14 edições da Caravana da Transformação realizadas pelo governo de Mato Grosso custaram um total de R$ 69,8 milhões. O carro-chefe da caravana são as cirurgias de catarata e a maior parte do custo foi com procedimentos oftalmológicos, num total de R$ 48,2 milhões.
A edição mais cara do evento foi a 13ª, realizada em Cuiabá, que custou R$ 13,5 milhões. Em segundo lugar, a Caravana de Rondonópolis custou R$ 7,3 milhões. Todos os dados deste levantamento realizado pelo LIVRE estão nos relatórios publicados pelo governo no Portal da Transparência.
[featured_paragraph]Foram mais de 620 mil procedimentos e 66 mil cirurgias, segundo os relatórios. Como os pacientes das consultas e cirurgias realizam diversos exames, a soma dos procedimentos acaba sendo várias vezes maior que o de cirurgias.[/featured_paragraph]
A Caravana da Transformação teve início em julho de 2016 e se tornou o principal evento do governo Pedro Taques (PSDB), levando um pacote de serviços de saúde e cidadania a algumas cidades do interior. As cirurgias oftalmológicas representam o custo mais alto do programa. Há ainda serviços diversos oferecidos por órgãos e entidades parceiras.
Operação Catarata
A Caravana foi alvo de uma operação do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), nesta segunda-feira (3). O Ministério Público investiga contrato com a empresa 20/20 Serviços Médicos S/S, responsável pelas cirurgias. Segundo o secretário de Governo, Domingos Sávio, o contrato com a empresa é de R$ 50 milhões, dos quais R$ 44 milhões já foram pagos. O MPE investiga a suspeita de “cirurgias fantasmas”, entre outras irregularidades. O governo nega as denúncias.
Além disso, o programa foi alvo de processo do PDT, que acusou o governador de usar a Caravana como propaganda eleitoral. O processo tem parecer favorável do Ministério Público Federal (MPF). Ele ainda não foi julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), pois está suspenso em função do pedido de afastamento da juíza responsável, Vanessa Curti, que é casada com um doador de campanha de Taques.
Confira abaixo os custos e os procedimentos realizados em cada Caravana:
1 – Barra do Bugres
Realizada em julho de 2016, a primeira Caravana custou R$ 3,8 milhões, dos quais R$ 1,4 milhão foram com os procedimentos oftalmológicos. Foram mais de 27 mil procedimentos no total, dos quais 1.873 eram cirurgias oftalmológicas, sendo 1.571 de cararata, 206 pterígio e 97 yag laser.
Outros R$ 441 mil foram gastos na infraestrutura do evento, o que inclui tendas, palco, som, banheiros, água, alimentação, entre outros custos. As diárias para 187 servidores consumiram R$ 161 mil. Além disso, foram gastos R$ 1,7 milhão com contratação de agência para comunicação e marketing.
2 – Peixoto de Azevedo
A segunda edição foi em setembro de 2016, ao custo de R$ 2,8 milhões. Foram R$ 2,1 milhões com o pacote de cirurgias, consultas e exames oftalmológicos. Foram 2.829 cirurgias, sendo 2.323 de catarata, 383 de pterígio e 133 de yag laser, totalizando mais de 38,3 mil procedimentos oftalmológicos.
Outros R$ 513 mil foram aplicados na estrutura do evento e R$ 209 mil com diárias de 222 servidores.
3 – Canarana
Em novembro de 2016, foi realizada a terceira edição, ao custo de R$ 2,7 milhões. Foram gastos R$ 1,9 milhão com 2.618 cirurgias, sendo 2.104 de catarata, 291 de pterígio e 223 de yag laser, totalizando mais de 33 mil procedimentos oftalmológicos.
A estrutura custou R$ 619 mil. Foram gastos R$ 234 mil com as diárias de 253 servidores.
4 – Jaciara
A quarta Caravana foi em janeiro e fevereiro de 2017, no valor de R$ 3,4 milhões. Foram R$ 2,6 milhões gastos com 44,8 mil procedimentos oftalmológicos, dos quais 3.918 foram cirurgias. Foram 3.006 de catarata, 554 de pterígio e 358 yag laser.
Outros R$ 513 mil foram gastos com a estrutura e R$ 232 mil com diárias de 306 servidores.
5 – São José dos Quatro Marcos
A quinta edição foi realizada em março de 2017 e o custo total foi de R$ 3,1 milhões. A maior parte foi investida na oftalmologia: foram R$ 2,3 milhões para o pacote de cirurgias, exames e consultas, num total de mais de 38 mil procedimentos. Foram 3.817 cirurgias, sendo 2.707 de catarata, 842 de pterígio e 268 de yag laser.
Com estrutura foram gastos R$ 552 mil. As diárias para 404 servidores custaram R$ 300 mil.
6 – Porto Alegre do Norte
Essa edição foi realizada em abril e maio de 2017, ao custo de R$ 2,1 milhões. Os 23,8 mil procedimentos oftalmológicos custaram R$ 1,1 milhão, sendo 1.667 cirurgias, das quais 1.207 foram de catarata, 328 pterígio e 126 yag laser.
A infraestrutura do evento custou R$ 579 mil e as diárias de 325 servidores consumiram R$ 424 mil.
7 – Alta Floresta
Essa Caravana foi realizada em junho de 2017, com custo de R$ 4,4 milhões. Os 43,2 mil procedimentos oftalmológicos consumiram R$ 3 milhões, num total de 4.362 cirurgias, sendo 3.495 de catarata, 639 de pterígio e 228 de yag laser.
Com infraestrutura, foram gastos R$ 1 milhão e outros R$ 385 mil foram aplicados nas diárias de 341 servidores.
8 – Barra do Garças
A edição foi realizada em agosto de 2017, com custo total de R$ 5,2 milhões. Com os 47,9 mil procedimentos de oftalmologia, foram gastos R$ 3,5 milhões. No total, foram feitas 5.107 cirurgias, sendo 4.095 de catarata, 582 de pterígio e 430 yag laser.
O gasto com infraestrutura foi de R$ 1,3 milhão e as diárias para 299 servidores custaram R$ 368 mil.
9 – Juína
Essa Caravana foi realizada em setembro de 2017, ao custo de R$ 4,8 milhões. Os 35 mil procedimentos oftalmológicos custaram R$ 2,9 milhões. Foram 4.312 cirurgias, sendo 3.485 de catarata, 679 de pterígio e 148 yag laser.
Com infraestrutura foram gastos R$ 1,5 milhão e as diárias para 399 servidores custaram R$ 380 mil.
10 – Tangará da Serra
Essa edição custou R$ 5,3 milhões e foi realizada em novembro de 2017. Foram 44 mil procedimentos oftalmológicos, ao custo de R$ 3,5 milhões. No total, foram 5.527 cirurgias, sendo 4.217 de catarata, 672 de pterígio e 638 yag laser.
A infraestrutura consumiu R$ 1,4 milhão e as diárias para 303 servidores custaram R$ 323 mil.
11 – Rondonópolis
Essa Caravana teve custo de R$ 7,3 milhões e foi realizada em dezembro de 2017. Os 56 mil procedimentos oftalmológicos custaram R$ 5 milhões. Foram 6.993 cirurgias, sendo 4.975 de catarata, 1.246 pterígio e 772 yag laser.
A infraestrutura custou R$ 1,9 milhão, a estrutura de Tecnologia da Informação (TI) custou R$ 10 mil e diárias para 308 servidores consumiram R$ 372 mil.
12 – Cáceres
Essa edição foi realizada em fevereiro e março de 2018, e teve custo de R$ 4,6 milhões. Os 33 mil procedimentos oftalmológicos custaram R$ 3 milhões, entre eles, as 4.111 cirurgias. Foram 3.009 cirurgias de catarata, 565 de pterígio e 537 yag laser.
A infraestrutura custou R$ 1,3 milhão e a estrutura de TI foi R$ 4 mil. As diárias para 268 servidores custaram R$ 334 mil.
13 – Cuiabá
A edição da capital foi realizada em abril e maio de 2018, ao custo de R$ 13,5 milhões. Foram 116 mil procedimentos oftalmológicos, num total de R$ 11,4 milhões. Das 14 mil cirurgias, 11.905 foram de catarata, 740 de pterígio e 1.405 yag laser.
A infraestrutura custou R$ 2,1 milhões, e a estrutura de TI custou R$ 2 mil. As diárias custaram R$ 12 mil e 451 servidores estiveram envolvidos. Por ser realizada na capital, essa edição teve menos gasto com diárias que as Caravanas do interior.
14 – Sinop
A última Caravana da Transformação foi realizada entre maio e junho deste ano e custou R$ 5,9 milhões. Desses, R$ 4 milhões foram com os 38 mil procedimentos oftalmológicos. Foram 5.147 cirurgias, sendo 4.170 de catarata, 513 de pterígio e 464 yag laser.
A infraestrutura consumiu R$ 1,6 milhão, e a estrutura de TI R$ 4,6 mil. Foram R$ 290 mil para as diárias de 257 servidores.
