Para o deputado federal Carlos Bezerra (PMDB), o pior da crise política brasileira passou e o presidente Michel Temer (PMDB) deve concluir seu mandato. A crise no governo do peemedebista se agravou há pouco mais de um mês, quando estourou o escândalo da delação da JBS, que atingiu diretamente o presidente. Temer afirmou diversas vezes desde então que não renunciaria ao mandato.
“A crise não foi sanada, mas a instabilidade política passou”, acredita Bezerra. “Acho que o pior já passou e ele se mantém no governo até o fim. A decisão do PSDB fortaleceu o governo e influenciou outros partidos”, disse.
A decisão do diretório do PSDB de permanecer no governo Temer, tomada há uma semana, teve como argumento a necessidade de votar as reformas trabalhista e da previdência.
Quando a delação de Joesley Batista foi divulgada, diversos tucanos defenderam o desembarque do governo, inclusive o presidente do PSDB em Mato Grosso, o deputado federal Nilson Leitão.
De lá para cá, o clima se tornou mais ameno, e o discurso mudou. Segundo Joesley, Temer teria autorizado que o empresário comprasse o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Operação Lava Jato.
Amigo de longa data do presidente, em seus mandatos na Câmara, Bezerra atuou alinhado politicamente com a ala do partido liderada por Temer. Apesar de achar que o Brasil caminha para a estabilidade política, Bezerra vê fragilidades na situação do presidente. “É uma situação ruim para Michel Temer e para o país”, admitiu.
Bezerra analisa que a situação começou a se estabilizar com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) há dez dias, que absolveu a chapa Dilma-Temer da acusação de caixa dois na campanha de 2014. O presidente assumiu o cargo em agosto de 2016, com o impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Com a garantia de não ter o mandato cassado pela Justiça Eleitoral, Temer começou a tentar se reerguer, e tocar o governo. “A reforma trabalhista passa no senado em junho. A da previdência deve ficar para o segundo semestre e passa nas duas casas”, prevê o deputado.