Receio de errar, vergonha de atrapalhar outros motoristas, ansiedade ou um trauma decorrente de um acidente são algumas das emoções que despertam o pânico que algumas pessoas têm de dirigir.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), cerca de 2 milhões de brasileiros não dirigem por medo. Alguns, não conseguem nem ultrapassar os limites dos exames de habilitação. Segundo o levantamento, cerca de 80% da parcela da população que sofre com essa fobia, é de mulher, entre os 30 e 45 anos. O estudo revelou ainda, que de cada dez pessoas que têm medo de dirigir, pelo menos oito já tem CNH.
Para auxiliar quem tem receio de voltar ao trânsito, duas das maiores autoescolas da região metropolitana de Cuiabá oferecem aulas especiais para esses motoristas que exigem muito mais atenção de seus instrutores. Da Mônaco Autoescola, a instrutora Tânia Costa avalia que o medo pode vir do estresse, ansiedade e, especialmente, de traumas.
“Eu acompanhei uma motorista que não queria mais dirigir, porém, devido à rotina dela, precisava retomar o controle e voltar a dirigir. Ela havia sofrido um acidente e não tinha mais coragem de pegar o volante. Quando saímos nas primeiras vezes, ela freava o carro várias vezes, bruscamente, como se houvesse um bloqueio. Mas depois de algumas aulas, enfim, conseguiu retornar ao trânsito”, relembra. Por experiência, ela avalia que o medo pode ser revertido.
“Alguns precisam ter entre 15 e 20 aulas até se sentirem seguros novamente. Inicialmente fazemos uma avaliação mais aprofundada, para buscar as raízes da fobia. Primeiro a gente começa no entorno da casa da pessoa, no bairro… e assim vamos mostrando que quem domina a máquina é ele. Uma vez que a pessoa toma consciência, vamos aos poucos, a introduzindo no trânsito por etapas”.
Segundo ela, o empecilho, por vezes, são os de condutores alheios à situação que impacientes, não se dão conta de que já foram aprendizes um dia. “A abordagem e o acolhimento a estes motoristas que têm medo de dirigir é diferenciada de quem só está tentando tirar a habilitação”, conta.
Da Interlagos Autoescola, instrutor e diretor de ensino da empresa, Roberto Bevilaqua Barroso, explica que o medo pode ser tão grande, que muitas pessoas chegam a esquecer totalmente, conhecimentos básicos e a perder a coordenação motora. “Em alguns casos, temos que começar do zero”, conta.
A autoescola, segundo ele, dispõe também de uma profissional da psicologia para ajudar quando os casos são de maior gravidade. “Pouco a pouco vamos trabalhando com esse motorista até introduzi-lo por completo no trânsito da cidade. Começamos com circuito interno, depois pista fechada e depois das aulas com o carro da autoescola, passamos a acompanhar a pessoa em seu próprio carro, para trazer-lhe ainda mais segurança até o ponto em que estejam confiantes para andar sozinhos em seus carros”.
