Um dia desses, deslizando o dedo pelo feed do Instagram, um tabuleiro de xadrez cujas peças eram capivaras cruzou meu caminho. Foi assim que descobri – e me encantei – pelo ateliê de cerâmica Copa de Barro, conduzido pela artista campo-grandense Marina Torrecilha.
O vídeo que os algorítimos jogaram na minha timeline foi esse aqui de baixo. A Marina gravou o processo de produção do tabuleiro. Fiquei curiosa para ver ele pronto – na época o vídeo ainda não estava disponível -, então, resolvi entrevistá-la.
Aliás, não fui a única que se encantou com a peça. O vídeo já tem mais de 1,5 milhão de visualizações e o tabuleiro de xadrez das capivaras durou pouquíssimo tempo na loja online. Acabou vendido por R$ 4 mil, um preço que muitos acharam até barato.
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Barro + fogo = cerâmica
Mas, além do tabuleiro, minha curiosidade me levou a uma jovem artista nascida e criada em, como ela mesma diz, uma “chacrinha” no meio do cerrado campo-grandense e que, ao contrário do que todos os esteriótipos apontariam, se tornou uma ilustradora especialista em arte digital 3D.
Marina trabalha produzindo imagens para livros e jogos digitais. Sua arte reflete o elo com a natureza, cultivado desde a infância.
A cerâmica, em si, é algo novo na jornada dessa artista. Em 2020, foi a válvula de escape para as angústias da pandemia. A loja online Copa de Barro, aliás, também surgiu de uma situação desesperadora: o pior cenário de queimadas no Pantanal dos últimos 22 anos.
“Comecei a vender quando começaram os incêndios no Pantanal. Vendi para ajudar ONGs que socorriam as regiões afetadas. Depois disso, percebi que poderia viver disso também“, ela conta.
As capivaras?
Sim, eu também queria saber das capivaras. Elas estão presentes não apenas no tabuleiro de xadrez. Marina reproduz vários animais da fauna do Cerrado em suas peças, mas as capivaras são, sem sombra de dúvidas, as estrelas da loja Copa de Barro.
Ela conta que – assim como em Cuiabá -, em Campo Grande, não é preciso muito esforço para uma (ou várias) capivara cruzar seu caminho, “mas elas começaram a tomar espaço na Copa de Barro sem querer”.
“Demorei para reproduzir elas. Um dia fiz uma canequinha com ela olhando, bem fofinha, para cima e teve uma saída instantânea da loja. Ali entendi que elas não são só fofas, elas são um fenômeno mundial!”.
As peças que Marina vende na Copa de Barro já foram enviadas para vários Estados brasileiros, com destaque para o Rio de Janeiro, o líder de compras. E, embora ela ainda não faça envios internacionais – por conta do risco de dano às peças no transporte – Marina sabe que algumas já foram para fora do Brasil.
“Sei que peças minhas já viajaram o continente. Pessoas que moram foram aproveitaram a visita ao Brasil e compram, depois levam na mala”.
Se você ficou curioso, assim como eu, vale uma olhadinha na loja. Eu já escolhi o presente do Dia das Mães desse ano.
