Gabriele Schimanoski/ O LIVRE
Presidente da Aprosoja Endrigo Dalcin afirma que gostaria de ver mais produtores em cargos públicos
Liderar propriedades, colaboradores e, por vezes, até cidades inteiras e estados. Esse é um dos motivos que lotam os auditórios por onde passa a 14ª edição do Circuito Aprosoja, que neste ano tem como tema “liderança”. Não é de agora que os produtores rurais em Mato Grosso desempenham importantes papeis na sociedade. No Estado, pelo menos três secretários foram escolhidos para compor o primeiro escalão do governo Pedro Taques devido ao forte apoio do setor rural, entre eles, está o vice-governador e secretário de Meio Ambiente (Sema), Carlos Fávaro.
“A gente depende diretamente da política, o cara que fala que não, está enganado. Tudo se faz pela boa política e isso precisa mudar a nível de estado e país”, afirma ao LIVRE o presidente da Aprosoja, Endrigo Dalcin. Segundo ele, a associação tem feito treinamentos e cursos para qualificação dos associados. “Isso transforma nossos produtores em pessoas mais habilitadas e prontas para assumir qualquer tipo de desafio lá na frente, seja ele político ou não”.
Questionado se o tema deste ano seria um convite para que o produtor entrasse no mundo político, Dalcin negou, mas não escondeu o desejo de ver mais agricultores ocupando cargos públicos. “Temos um perfil de gestão e administradores bem-sucedidos em suas propriedades. Já temos vários prefeitos que são produtores, um deputado estadual, mas precisamos de mais dos nossos produtores, pessoas ligadas ao setor para mudar essa política atual”.
Formação de líderes
Gabriele Schimanoski/ O LIVRE
Professor Carlos Alberto disse que é preciso conscientizar os produtores sobre a importância do engajamento político
A palestra principal do Circuito, “Por que está mais difícil ter sucesso sozinho? ”, ministrada pelo professor e consultor Carlos Alberto Júlio poderá ser assistida por produtores de 24 municípios. Ao LIVRE, ele destacou a necessidade de preparar líderes e dar condições para que os bons nomes do setor se perpetuem. “É preciso conscientizar os produtores rurais sobre a necessidade de engajamento político no setor. Prepará-los para avançar em outros campos, aptos para atender as demandas que um setor tão pujante exige”, disse.
O professor disse ainda que a agricultura brasileira impactou o mundo e o agricultor passou a perceber que não estava só, tornando-se um forte líder onde passa e que merece ser reconhecido como tal. “Temos que prestar mais atenção nisso, o mundo não come mais sem o Brasil. As habilidades de liderança do homem do campo foram fundamentais para isso”, avaliou.
Na minha época
Ministro da Agricultura Blairo Maggi compareceu ao lançamento do evento e destacou a necessidade do diálago
Quem esteve presente na abertura do evento na última quinta, 4, em Cuiabá, em meio aos quase 500 convidados foi o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi. Na ocasião, resgatou que, na década de 70, quando veio para o Estado, essa troca de experiência entre produtores e gestores públicos era feita em reuniões e até mesmo quando saía das missas aos domingos, como fazia seu finado pai, André Maggi.
“Me lembro quando a gente se reunia para um aprender com o outro aos finais de semana ou após as missas e o Circuito mantém esse costume. Claro que de forma diferenciada, mas a ideia é a mesma, temos que pensar na agricultura do futuro e o legado que vamos deixar para as próximas gerações”.
Sobre o projeto
Promovido pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), em conjunto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), o Circuito visa levar e trocar conhecimento entre produtores e entidade. Também, por meio de questionários, levanta demandas de quem está produzindo, visando um melhor planejamento da safra futura. As visitas em 24 municípios se estendem até o dia 9 de junho.
