Especialistas em saúde pública alertam para os riscos associados à exposição a químicos presentes em produtos de uso diário. Os componentes tóxicos, encontrados em alimentos, plásticos, embalagens, móveis, eletrodomésticos, cosméticos e produtos de higiene, podem aumentar o risco de problemas cognitivos, sociais, comportamentais e desordens neurológicas, como autismo e síndrome do déficit de atenção com hiperatividade.
Por meio de pesquisas extensas, o projeto TENDR (Targeting Environmental Neuro-Developmental Risks, ou “Combatendo Riscos Ambientais e ao Desenvolvimento Neurológico”) reúne especialistas de várias áreas e universidades, incluindo Harvard e Columbia, bem como organizações como o Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental e a Escola de Medicina do Hospital Monte Sinai, para reforçar a preocupação com esses químicos.
Outras entidades também se manifestaram sobre o tema. A Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia alertou para a ameaça à saúde reprodutiva humana, enquanto os cientistas Philippe Grandjean e Philip Landrigan apontaram para uma “pandemia silenciosa” causada por neurotoxinas prejudiciais ao desenvolvimento cerebral.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também ressaltou os riscos associados a esses químicos, embora suas consequências diretas nem sempre sejam facilmente mensuráveis e sua gravidade dependa do nível de exposição.
Perigo invisível
Apesar desses alertas, pesquisas mostram que muitas pessoas não estão conscientes dos riscos e desconhecem que produtos de uso diário podem conter substâncias perigosas. A lista de químicos potencialmente tóxicos inclui ftalatos, éter de difenila polibromada (PBDE), mercúrio, chumbo, flúor, DDT, tetracloroetileno, entre outros.
Medidas preventivas podem ajudar a reduzir a exposição a esses químicos nocivos, como optar por produtos sem fragrâncias, não aquecer alimentos em recipientes plásticos no microondas, evitar brinquedos que contenham ftalatos, limpar regularmente o pó da casa e substituir móveis com preenchimento que contenham PBDE.
É importante também incentivar o uso de energia limpa e descartar corretamente materiais contendo mercúrio. A conscientização sobre esses perigos é fundamental para promover uma vida mais saudável e segura.
Conheça algumas substâncias nocivas presentes em produtos de uso diário:
1. Ftalatos : os ftalatos são compostos químicos amplamente utilizados na produção de plásticos flexíveis e resistentes, como o PVC. Eles são encontrados em produtos como xampus, condicionadores, perfumes, esmaltes de unhas, embalagens de alimentos e até brinquedos sexuais. Estudos relacionaram os ftalatos a problemas como capacidade intelectual reduzida, síndrome do déficit de atenção e alterações no sistema hormonal. Para reduzir a exposição a esses produtos químicos, é recomendado escolher produtos sem fragrâncias, evitar aquecer alimentos em recipientes de plástico no micro-ondas e optar por brinquedos sem ftalatos.
2. Éter de difenila polibromada (PBDE): os PBDEs são compostos utilizados como retardantes de chama em plásticos e espumas presentes em móveis e equipamentos eletrônicos. Esses produtos químicos têm uma degradação lenta na atmosfera e tendem a se acumular em animais e no ambiente. Estudos revelaram que altas concentrações de PBDEs foram encontradas no leite materno e associadas a uma menor capacidade intelectual e perda de atenção em mulheres lactantes. Recomenda-se escolher móveis “livres de retardantes de chama”, limpar regularmente a poeira da casa e utilizar capachos para evitar a entrada de partículas de PBDEs vindas da rua.
3. Mercúrio : o mercúrio é uma substância tóxica que pode ter efeitos prejudiciais, especialmente para grávidas, mulheres lactantes e crianças. Ele pode ser encontrado no solo, rios e peixes contaminados. A exposição ao mercúrio pode afetar negativamente o desenvolvimento neurológico e o sistema nervoso. Medidas importantes para reduzir a exposição a esse produto químico incluem substituir termômetros de mercúrio por modelos digitais, descartar corretamente pilhas gastas, evitar cosméticos que contenham mercúrio e optar por alternativas seguras em obturações dentárias e medicamentos que anteriormente continham cloreto de mercúrio.
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